Por que o preço do café subiu tanto? Pacote ultrapassa R$ 12 em Fortaleza

Os valores partem de R$ 10,00, em supermercados da Capital

Escrito por Bruna Damasceno, Paloma Vargas , negocios@svm.com.br
supermercados
Legenda: Em algumas versões premium, o valor incial é de quase R$ 18, 00, conforme demonstrado na foto
Foto: Paloma Vargas / SVM

O tradicional cafezinho chegou à mesa do cearense mais caro neste ano e deve continuar em alta até 2025. O pacote do grão (250 gramas) é vendido por até R$ 12,49 nos supermercados de Fortaleza, conforme pesquisa do Diário do Nordeste. A cifra mais baixa encontrada foi de R$ 9,99.

Em versões premium, o valor inicial é de quase R$ 18. O aumento do custo do produto é puxado por fatores macroeconômicos e climáticos. Dentre eles, a alta do dólar, expectativa de seca em território nacional e safra deficitária do Vietnã, um dos maiores produtores do mundo. 

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Para se ter ideia, a inflação do café moído disparou 28,28%% no acumulado deste ano, até agosto, na Região Metropolitana de Fortaleza, conforme o Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O percentual está acima da média nacional, de 20,10%. Somente no último mês, a majoração foi de 3,66%, na Grande Fortaleza. Essas elevações têm impactado o orçamento das famílias.

A diarista Ivanilda de Souza, de 57 anos, relata ainda não ter precisado tirar o item da lista de compras, mas passou a pesquisar mais para tentar economizar. “Tenho tentado encontrar o mais barato, mas estão todos acima de R$ 10”, lamenta. 

Para um motorista de aplicativo que preferiu não se identificar, o café “virou artigo de luxo na mesa do trabalhador, assim como a manteiga e o azeite”. 

Veja alguns valores do café moído (250g) em supermercados da Capital:

  • R$ 9,99;
  • R$ 10,49;
  • R$ 11,49;
  • R$ 12,49.

Já o café solúvel é encontrado por R$ 3,49. O preço pode parecer convidativo para o consumidor, mas essa embalagem é de apenas 40 gramas, totalizando R$ 87,25 pelo quilo do produto. 

Conforme o analista de mercado Odálio Girão, na Central de Abastecimentos do Ceará (Ceasa), o alimento chegou ao patamar de R$ 10,00, mostrando aumento significativo ao longo do último ano. “O preço do café subiu 39,8%, na comparação a setembro do ano passado”, afirma.

5 dicas para economizar na hora de comprar o cafezinho

  1. Pesquise antes de comprar: utilize aplicativos de supermercados para facilitar sua pesquisa;
  2. Atacarejos: considere esse tipo de estabelecimento, que geralmente oferece itens da cesta básica a preços mais baixos; 
  3. Verifique cupons de desconto: consulte sites e aplicativos que oferecem cupons, incluindo opções de frete; algumas redes supermercadistas também têm clubes de desconto;
  4. Compare preços por quilo: uma promoção de café a R$ 4 pode parecer atraente, mas é importante calcular se a quantidade compensa e não sai mais cara;
  5. Avalie a troca por marcas mais econômicas, mantendo a qualidade. 

Por que o café está mais caro em Fortaleza

Café no supermercado
Foto: Paloma Vargas /SVM

A inflação do café atinge todo o País. O economista e técnico do Observatório da Agricultura Familiar do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Arianderso Melo, explica que o aumento foi provocado pela queda da oferta no comércio internacional.

Aliado à alta do dólar, esse componente impulsionou as exportações e reduziu a quantidade também no mercado interno. "Outro fator que favoreceu essa alta foi a irregularidade das chuvas no Sudeste, causando a redução da produção do grão’, esclarece."

De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, o produto já sofre com o clima seco desde 2021, especialmente nas regiões de Minas Gerais e Espírito Santo. 

A condição climática, nessas localidades, ocasionou perdas expressivas em volume e peso da safra, aumentando os custos de produção.

A situação permanece difícil em muitas áreas, já que as chuvas previstas não têm sido suficientes para reverter esse cenário crítico", esclarece.
Celírio Inácio
Diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic)

Por essa razão, frisa, foi afetado tanto o mercado interno quanto o externo, pressionando o valor do café.

"A indústria sabe que não é uma situação passageira e está muito atenta aos outros custos que impactam o preço final para o consumidor, como melhorias tecnológicas, transporte, embalagens e armazenamento', afirma.

"O industrial entende o seu grande papel nessa cadeia e sabe que precisa oferecer produtos com mais qualidade, mais variedade e financeiramente acessíveis. Este ano está sendo muito desafiador", completa.

Preço do café continuará subindo até 2025 

Diante do cenário atual, o economista Melo destaca a tendência de alta nos preços do café entre o fim deste ano e 2025. Essa previsão é corroborada pelo presidente da entidade setorial (Abic). 

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Inácio afirma que, com o desequilíbrio entre os custos da matéria-prima e os preços repassados ao varejo, o café conilon já acumulou um aumento superior a 114%, enquanto a versão arábica registrou uma elevação de cerca de 80%. 

Segundo ele, a indústria repassou apenas 42% desse aumento ao consumidor final. Essa disparidade, afirmou, continuará pressionando o setor industrial até o fim do ano, que deverá ajustar seus preços em torno de 20% para equilibrar suas contas. 

 

 

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