8 a cada 10 jovens que não trabalham e nem estudam no Ceará não procuram mais emprego

Os dados integram a "Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024", realizada pelo instituto

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(Atualizado às 17:38)
Sala de aula vazia
Foto: Marília Camelo / SVM

A taxa de jovens (15 a 29 anos) que estão fora da força de trabalho atingiu 80,4% em 2023, no Ceará, segundo dados divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, são 482 mil pessoas dessa faixa etária nessa situação. 

Entre desocupados (em busca ativa por emprego) ou fora da força de trabalho (desalentados, com problemas de saúde, dedicados aos afazeres domésticos, entre outros), são 600 mil jovens

[ERRAMOS (Atualização feita no dia 11 de dezembro às 17h30): Na primeira versão desta matéria, o Diário do Nordeste informou, no título da matéria, que 8 a cada 10 jovens no Ceará não trabalham nem estudam. A informação correta, de que 8 a cada 10 jovens que não trabalham nem estudam não procuram mais emprego, foi é a que consta agora.]

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Embora seja um resultado alarmante, observou-se uma redução de 10,72% em relação ao ano anterior, quando 672 mil encontravam-se nessa situação. Os dados integram a "Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024". 

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Percentual fora da força de trabalho é mais elevado entre pessoas de 25 a 29 anos

São 482,1 mil jovens fora da força de trabalho no Estado. A faixa etária de 25 a 29 anos apresenta o maior percentual dessas pessoas que desistiram de procurar emprego, seguida pela faixa de 18 a 24 anos.

Embora a taxa de desistência entre os jovens de 15 a 17 anos seja elevada (94,8%), a presença desse perfil no mercado de trabalho não é adequada, conforme fonte especializada. 

A taxa de jovens que não estão inseridos no mercado de trabalho alcançou o segundo maior nível desde 2012. 

Problema exige políticas públicas de longo prazo

A professora de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretora do Laboratório de Análise de Dados e Economia da Educação (EducLab), Alesandra Benevides, defende a necessidade de que todos os jovens até 18 anos estejam inseridos no ambiente escolar e não no mercado de trabalho. 

Para ela, iniciativas como o programa "Pé-de-Meia" e a oferta de ensino profissionalizante são fundamentais para prevenir a evasão escolar. No entanto, a especialista ressalta a importância de políticas públicas mais abrangentes e integradas, visando atrair e reter, especialmente, jovens de baixa renda, em um contexto marcado pela violência urbana.

O programa federal "Pé-de-Meia" consiste em uma poupança destinada a estudantes matriculados no ensino médio em escolas públicas e cadastrados no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

Conforme a especialista, contudo, a prevenção da evasão escolar deve ser estabelecida nas séries iniciais. “Devemos voltar nossa atenção para essa etapa da educação. Os dados mostram que o ensino médio concentra as maiores taxas de evasão, e embora o Ceará apresente um cenário mais favorável, ainda sofre com esse tipo de problema”, pondera. 

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Araújo destaca que a população mais vulnerável, ao buscar oportunidades, enfrenta o desafio da falta de qualificação exigida atualmente.

“Então, há um círculo vicioso em que o estudante abandona a escola para buscar trabalho, mas não o encontra por falta de qualificação", enfatiza.
Alesandra Benevides
Pofessora de Economia da UFC e diretora do EducLab

"Além desse problema socioeconômico, vejo com gravidade a questão da segurança pública, onde temos jovens cooptados por facções criminosas, e o Estado não possui uma política pública efetiva para lidar com essa situação”, aponta.  

"O problema que identifico é a intermitência das políticas públicas. Observamos iniciativas voltadas para atrair jovens para a escola ou para o mercado de trabalho, porém, muitas vezes, essas políticas são pontuais e temporárias. É fundamental termos uma visão de longo prazo", completa.

Número de jovens desocupados chega a 117 mil no Ceará

Dos 600 mil jovens avaliados, aproximadamente 117.600 estão classificados como desocupados, ou seja, estão procurando ativamente por um emprego, mas ainda não o encontraram.

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Já os jovens que não estão nem trabalhando, nem procurando por trabalho são considerados fora da força de trabalho, e essa condição pode estar associada a diversos fatores, como desânimo, dedicação aos estudos, responsabilidades domésticas ou problemas de saúde. 

O termo 'nem-nem', anteriormente utilizado para designar jovens que não estudam nem trabalham, foi substituído pelo IBGE pela sigla 'Neno' (não estuda e não ocupado), em reconhecimento à possibilidade de que essas pessoas estejam engajadas em atividades não remuneradas, como afazeres domésticos. 

 

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