PIB do Ceará fica acima do brasileiro no 3º trimestre; serviços puxam alta
No acumulado do ano, entretanto, Estado registrou metade do crescimento do País
O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará cresceu 2,24% no 3º trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse resultado foi superior os 2% de crescimento do PIB do Brasil na comparação entre os mesmos períodos. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégica Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado ao Governo do Estado.
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O setor que registrou melhor desempenho no Ceará entre julho e setembro foi o de serviços. Em franco crescimento nos últimos meses, o segmento disparou no terceiro trimestre, e registrou crescimento de 4,23% em relação a igual período de 2022. No Brasil, o setor teve elevação mais modesta, de 1,8%.
Foi o principal crescimento no segmento em 2023, o que aponta uma recuperação acelerada após fases mais críticas da pandemia de Covid-19. Segundo o Ipece, a elevação no setor pode ser explicada pelo bom desempenho:
- Das atividades de comércio e serviços de manutenção e reparou, com alta de 12,55%;
- Dos serviços de alojamento e alimentação, com alta de 5,01%;
- De transporte, armazenagem e correios, com alta de 3,41%;
- De serviços prestados às famílias, com alta de 2,8%;
- De serviços financeiros, com alta de 2,14%;
- Da administração pública, com alta de 1,87%.
Dentre os bons índices, as vendas no varejo ampliado do Ceará dispararam entre julho e setembro deste ano em comparação com o mesmo período de 2022.
Em 2023, o setor cresceu 13,1% no Estado, alta superior a dos últimos quatro trimestres somados. Esse resultado foi puxado principalmente pelo setor de hipermercados e supermercados e eletrodomésticos.
CRESCIMENTO DE UM LADO, REDUÇÃO PARA OUTROS
Apesar dos resultados positivos em serviços, agropecuária e indústria cearenses registraram queda acentuada no terceiro trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado.
Os resultados dos três setores somados, embora deixem o Ceará com crescimento acima do País no 3º trimestre deste ano em relação ao ano passado, mostram que a realidade no acumulado do ano é diferente.
Em 2023, o Estado cresceu, até o momento, 1,62%. O Brasil mostra alta mais acelerada, com quase o dobro da elevação estadual. O PIB nacional registrou aumento de 3,2% de julho a setembro. O Ceará teve crescimento quase estagnado neste período em relação ao 2º trimestre deste ano (abril a junho): de 0,06%.
O setor primário, da agropecuária, caiu 5,12%¨de julho a setembro deste ano, enquanto que o secundário, da indústria, sofreu redução de 2,37%.
O cenário se agrava quando são analisados os resultados nacionais. A agropecuária, no 3º trimestre de 2023, foi o segmento que mais cresceu no Brasil, com alta de 8,8%. A indústria, por sua vez, também teve elevação, porém mais tímida, de 1%.
POR SEGMENTO
Um dos principais segmentos no Estado, o setor de grãos teve uma queda na produção de 26,9% no período em relação a 2022. A maior queda foi na produção de milho (- 30,5%), seguida pelo feijão (- 29,6%) e pela fava (- 15,5%).
Entre frutas, legumes e verduras, as principais reduções foram na produção de castanha de caju (- 27,27%), melão (- 24,15%) e coco-da-baía (- 22,06%). O alface registrou a maior alta no período (+ 18.02%).
De acordo com o Ipece, se atribui ao desempenho ruim da agriculta fatores naturais, como a irregularidade das chuvas em 2023, sobretudo nos meses de abril e maio, que fazem parte do período de quadra chuvosa. A perspectiva para 2024, no entanto, é de seca ainda mais severa.
Já a pecuária participou negativamente do setor com a queda brusca na produção de suínos. O segmento registrou redução de 16,17% no 3º trimestre desse ano em relação a 2022. Leite e bovinos tiveram a maior alta (5,59%).
Na indústria, a queda ficou pela chamada indústria de transformação. O setor caiu 10,3% entre julho e setembro de 2023 em comparação ao igual período do passado. Segundo o Ipece, "a redução atual prolonga uma conjuntura adversa para manufatura cearense".
Nesta área, destacam-se as atividades de fabricação de produtos químicos (- 45,8%), confecção (- 26,3%) e produtos alimentícios (- 6,7%). O Ipece atribui aos três setores as principais contribuições negativas para o resultado trimestral.
Ainda na indústria de transformação, a indústria têxtil foi a que registrou maior alta entre os períodos: + 21.4%. Ao lado de fabricação de bebidas (+ 10,9%) e metalurgia (+ 0,8%), foram os únicos setores que registraram alta no segmento.