O que esperar da renda fixa em 2022? Veja principais investimentos

Tendo sofrido uma fuga de investidores durante 2020, os investimentos mais conservadores voltaram a ser uma alternativa vantajosa

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
homem colocando moeda em cofrinho
Legenda: A poupança teve aporte recorde em 2020, mas não é a melhor opção dentro da renda fixa
Foto: Shutterstock

A renda fixa sofreu uma verdadeira debandada por parte de investidores em 2020. Com a Selic atingindo o menor patamar da história, em 2% ao ano, esse tipo de investimento ofereceu rentabilidades abaixo até da inflação, levando investidores a se aventurarem na renda variável. 

Passado esse período de fuga, os investimentos mais conservadores do mercado voltaram a oferecer lucros maiores neste ano, à medida que a taxa básica de juros começou uma trajetória de alta e o mercado de variável passava por diversas turbulências. 

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Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro, a Selic foi estabelecida em 9,25% ao ano, com indicação de novas altas no ano que vem. A inflação também segue pressionada, aumentando a rentabilidade dos títulos atrelados ao IPCA. 

Seja nos títulos públicos, bancários ou na parte de crédito privado, o investidor tem boas opções para diversificar os investimentos de renda fixa em 2022. 

Renda fixa na pandemia 

Quando tudo fechou e milhões perderam suas principais fontes de rendas, o ato de guardar dinheiro se tornou ainda mais impositivo. A poupança, investimento queridinho dos brasileiros, teve recorde de aportes em 2020 diante da necessidade de poupar para um futuro incerto. 

Contudo, a renda fixa já há um tempo se tornava menos e menos rentável. O Banco Central vinha realizando reduções na taxa Selic desde 2016 e, para estimular o consumo diante da pandemia, os juros foram reduzidos até a mínima histórica. 

"Grande parte dos investimentos de renda fixa são indexados principalmente ao CDI. Juros pós-fixados acabaram ficando menos atrativos nesse momento, fazendo com que a população, os investidores de um modo geral, saíssem da renda fixa partindo para investimentos um pouco mais arrojado, com um pouco com mais de risco, principalmente bolsa”, reflete o head de produtos da Messem Investimentos, Gabriel Ribeiro. 

Esse foi um momento de entrada de CPFs na bolsa de valores. O número de investidores da B3 cresceu consideravelmente, com 3,17 milhões de novos investidores – número bem maior que os 1,6 milhão de 2019.  

Mas, logo em março de 2021, justo um ano após o início da pandemia, a Selic voltou a subir.  

“A partir deste momento, que coincide com aniversário já da pandemia, foi também o início ali das vacinações ou pelo menos já uma grande um grande percentual de pessoas vacinadas no país. Se começou, então, a sair, teve então aquela demanda reprimida e com isso a nossa velha conhecida, a inflação, começou a se manifestar de uma forma mais evidente”, explica Gabriel. 

Com isso, tanto títulos atrelados ao CDI como à inflação passaram a ter melhores resultados. Para a assessora de investimentos da Ópera Investimentos, Gardênia Martins, essa tendência se mantém para 2022. 

A perspectiva é que aumente a captação na renda fixa. O motivo são as novas altas taxas de juros já anunciadas pelo Banco Central, último dado do Relatório Focus prevê a taxa Selic para final de 2022 em 11,50%. A incerteza de um cenário político para as próximas eleições presidenciais faz que o mercado tenha bastante volatilidade em outros ativos
Gardênia Martins
assessora de investimentos da Ópera Investimentos

Boa rentabilidade 

Com o viés de alta da Selic, uma boa opção são os produtos atrelados ao CDI, como os CDBs de bancos. A inflação alta também traz boa rentabilidade em opções ligadas ao IPCA, como títulos do Tesouro Direto IPCA+. 

“Se você estiver juro subindo e a inflação em alta, como ela está, é possível fazer investimento em ativos pré-fixados visando ali um ganho maior na rentabilidade desde o do momento da aplicação, tendo uma previsibilidade desse investimento, dado que a taxa pré-fixada é conhecida no momento do investimento”, sugere também Gabriel. 

Ele alerta que nem todos os investimentos da renda fixa são beneficiados de forma correspondente com a alta da Selic. A poupança entra em uma regra de rentabilidade diferente a partir do momento em que a Selic atinge 8,5%, rendendo apenas 0,5% ao mês + TR (hoje zerada).  

Esse rendimento de 6% ao ano é muito abaixo da maioria das opções da renda fixa – abaixo inclusive da inflação. “Ou seja, o poupador que está fazendo investimento em poupança ele está pagando para investir, ele está perdendo dinheiro”, diz o especialista. 

O head de produtos da Messem destaca que é importante prestar atenção nos prazos na hora de escolher os investimentos. O objetivo e a necessidade de resgate que irão guiar qual o melhor investimento na renda fixa. 

Onde investir? 

  • Tesouro Selic: Melhor opção para colocar recursos que precisam ser tirados a qualquer momento. Rende o equivalente a 100% da Selic – hoje, 9,25% ao ano. 
  • Tesouro IPCA: Indicado para médio prazo por trazer rentabilidade acima da inflação, protegendo o poder de compra do investidor.  
  • CDBs pós-fixados: Boas opções para curto prazo e trazem a facilidade de investir dentro do próprio banco em que o investidor é correntista, sem necessidade de corretora. Indicado buscar opções com rentabilidade de pelo menos 110% CDI.  
  • CDBs pré-fixados: há boas opções com rentabilidade em torno de 13% ao ano. Importante prestar atenção aos prazos para resgate, que costumam ser mais longos. 
  • Debêntures: são indicados para longo prazo. Algumas opções são indexadas ao IPCA, protegendo o investidor da inflação. 
  • LCI e LCA: uma vantagem dessa opção é a isenção de imposto de renda. Algumas das melhores opções são para longo prazo. 

Como começar a investir em renda fixa em 2022? 

Quem quer entrar na renda fixa em 2022 deve ter como primeiro passo a organização financeira. É o que recomenda Gardênia Martins. 

“Comece a planilhar suas receitas e suas despesas. Quando você faz isso, você tem uma noção de seus gastos e de quanto é o tempo que você pode deixar o dinheiro investido. O importante também é saber qual o seu perfil, qual a tolerância de risco que você pode aguentar”, acrescenta. 

Gabriel indica que, mesmo na renda fixa, o investidor deve buscar uma diversificação entre as opções disponíveis, aproveitando as vantagens de cada uma de acordo com o objetivo. 

“A dica que eu dou é realmente essa, saber ali seu objetivo de investimento, ter o seu horizonte de investimento bem planejado. Aí é possível extrair o que há de melhor aí, as melhores oportunidades do mercado pra fazer investimentos”, pontua. 

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