O que esperar dos fundos imobiliários em 2022

Apesar das incertezas de um ano de eleições, os investidores podem lucrar ao comprar títulos descontados após quedas em 2021

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: Os fundos de papel se mostram como opções mais seguras para o investidor
Foto: Shutterstock

Os fundos imobiliários (FIIs) experimentaram quedas em 2021, mas, segundo analistas, eles ainda são uma opção interessante de investimento para o ano que vem.

Alguns ativos ainda estão com preços descontados neste ano, o que pode ser uma oportunidade para comprar barato e esperar valorizações. 

É esperado que ativos da classe de shoppings e lajes comerciais voltem a ter valorização com o aumento da demanda e retomada da economia. Porém, o investidor deve ter cautela, diante da incerteza sobre o fim da pandemia e da previsão de um cenário político conturbado em razão das eleições. 

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A persistência da inflação pelo menos no primeiro semestre do ano também deve impulsionar novas altas na Selic, o que pode prejudicar os FIIs.

Contudo, a especialista em fundos imobiliários da Messem Investimentos, Fabiana Araújo, espera que a Selic volte a uma trajetória de queda a partir do segundo semestre de 2022, após as eleições.  

Desempenho negativo em 2021 

No geral, os fundos imobiliários acumularam perdas desde o início da pandemia. O índice IFIX, que mensura esses títulos, acumula baixa de 3,22% no último ano, mesmo com variações positivas diariamente desde o fim de novembro. 

Segundo Fabiana Araújo, diversos fatores levaram à saída de investidores dos FIIs durante o ano, o que acarretou desvalorização dos papéis.  

2020 foi o ano que entrou a pandemia, a gente viu uma queda muito forte nos fundos de segmentos de shoppings, que é o segmento que recebe a população. Isso prejudicou muito no retorno dos ativos e consequentemente no retorno do cotista
Fabiana Araújo
especialista em fundos imobiliários da Messem Investimentos

Ela acrescenta que a notícia de uma possível tributação dos dividendos na reforma tributária levou a uma debandada de investidores, e que muitos não voltaram, mesmo que a hipótese tenha sido derrubada. 

Outro ponto que foi desfavorável foi a alta da Selic. A taxa básica de juros começou o ano no menor patamar da história, em 2% ao ano, e fechou a última reunião do ano do Copom em 9,25%. 

“Falando de um modo geral, o movimento contínuo de aumento da taxa de juros trouxe à tona outros tipos de investimentos e em um cenário de baixas taxas de juros o investidor vai buscar opções que remunerem com baixo risco”, explica a analista de fundos listados da XP, Maria Fernanda Violati. 

Oportunidades e cautela 

Quem investe em renda variável sabe que os maiores lucros ocorrem quando se compra em baixa para vender em alta. Nesse sentido, é possível comprar títulos neste momento a 'preço de banana'.  

Maria Fernanda destaca haver boas opções de fundos de tijolos – ou seja, baseados em empreendimentos imobiliários reais – que estão com preço ainda descontado, mas cujo potencial de crescimento se mantém a longo prazo. 

Quando você escolhe um fundo com imóveis muito bem localizados, com inquilinos bem consolidados, eles permanecem gerando uma renda mensal. Você entra na baixa e tem um carrego para 2022
Maria Fernanda Violati
analista de fundos listados da XP

Segundo Fabiana Araújo, os fundos imobiliários estão entregando uma rentabilidade em patamares saudáveis, mas o cenário do ano que vem demanda cautela do investidor. 

“A gente vai ter as eleições isso impacta tanto no câmbio como nos juros imobiliários, vamos ter uma inflação ainda alta e a Selic tentando controlar. No primeiro semestre deve ter muita variação na Bolsa, isso impacta fundos imobiliários”, analisa. 

Onde investir? 

Diante do cenário incerto de 2022, Fernanda Violati recomenda que o investidor pode encontrar mais segurança em fundos de papel – lastreados em investimentos de renda fixa voltado ao setor imobiliário, como LCI e CRI. 

A recomendação da XP é que o investidor mantenha 50% da carteira nessa opção, que deve surfar na maior rentabilidade da renda fixa com a alta da Selic e tem um perfil mais resiliente. 

Os fundos de tijolo de lajes comerciais e shoppings podem subir no ano que vem e são opções interessantes para investidores que aceitarem uma parcela um pouco maior de risco.  

Fabiana Araújo indica que o investidor sempre compare o valor de mercado com o valor patrimonial antes de decidir pela compra ou não. Para fundos de tijolos, a compra não é ideal quando o valor de mercado é igual ou maior que o patrimonial, já que a oportunidade de valorização é mais baixa. 

“A gente recomenda buscar títulos com boa tese, comprar barato porque eles não vão mudar tanto a distribuição, vai ser uma distribuição voltada para os aluguéis. Montar carteira com fundos resilientes, que tem bons ativos e boas perspectivas”, ensina. 

O investidor deve buscar fundos high rate, com uma relação equilibrada entre risco e retorno.  

“É legal sempre que possível ler os relatórios gerenciais, compreender quem é o gestor por trás do fundo, isso traz mais segurança para o investidor. Acompanhe de perto os fundos que tiver alocação, isso mostra se a conduta do gestor é adequada com o seu pensamento e perfil”, acrescenta Maria Fernanda. 

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