Como ficam a poupança e outros investimentos com a nova alta dos juros

De acordo com especialistas, os investimentos atrelados à inflação ou a taxa Selic podem trazer um bom nível de rentabilidade nesse momento

Legenda: Investimentos em renda fixa devem ter ganhos de rentabilidade, mas opções na renda variável podem apresentar bons resultados, como os fundos multimercado
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Com mais um aumento da taxa básica de juros brasileira, os investimentos em renda fixa vão se confirmando como boas opções para quem quer evitar a volatilidade do mercado de ações e garantir retornos em meio a uma tendência de inflação em alta. Segundo especialistas ouvidos por essa coluna, títulos atrelados à Selic, à inflação e até CDBs (Certificado de Depósito Bancário) podem ser boas opões neste momento. 

Na última quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou um reajuste da taxa Selic de 7,75% para 9,25% ao ano. E a movimentação traz reflexos diretos para os investidores, segundo Davi Azim Filho, membro do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE). 

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Investidores mais arrojados deverão aumentar o interesse em títulos de renda fixa, enquanto os conservadores deverão fortalecer posições em relação aos aportes financeiros. Ele destacou o potencial das operações atreladas à Selic e à inflação como uma forma de proteger os investimentos durante o momento de instabilidade. 

"O aumento da Selic vai mudar o perfil dos investidores, mas não completamente. Quem é mais arrojado vai olhar mais para a renda fixa, enquanto o conservador deve manter o perfil, porque há uma tendência para a renda fixa", disse. 

"Títulos atrelados à Selic e à inflação para se proteger e ter retorno minimamente nesse momento de incerteza, até porque a tendência é da inflação tenha no próximo ano, porque o ambiente político não favorece isso, considerando eleições que reverberam no ambiente econômico", completou. 

O membro do Corecon apontou ainda que a Poupança, um dos investimentos prediletos dos brasileiros, também deverá ter ganhos de rentabilidade com o aumento dos juros.

Opções em renda fixa

Além dos títulos citados, Yuri Cavalcante, sócio e assessor da Aplix Investimentos, destacou que os CDBs podem ser boas opções para os investidores em renda fixa, considerando tanto os pós-fixados quanto os pré-fixados, dependendo da estratégia que se deseje aplicar.

Cavalcante também ressaltou que, como a perspectiva é de novas altas dos juros nos próximos meses, esses investimentos poderão dar bons resultados no curto prazo. Segundo agentes de mercado, a expectativa é que o Copom eleve a Selic a um patamar de 11% a 12% nas próximas reuniões.  

"A gente tem um cenário que vem se construindo a um tempo, com as altas a Selic nos últimos meses, então os CDBs podem ser uma opção. E é sempre bom ter uma certa liquidez para aproveitar essas oportunidades em momentos de alta de juros", disse Yuri. 

Investimentos para prestar atenção:

  • Títulos atrelados à Selic
  • Títulos atrelados ao IPCA (índice de inflação) 
  • CDBs
  • Fundos de investimento multimercado
  • Títulos atrelados a investimentos no exterior ou ao dólar

Renda variável e eleições

O sócio da Aplix ainda ponderou que, como o Brasil terá um cenário de instabilidade política em 2022, considerando o período eleitoral, investimentos atrelados a títulos no exterior ou atrelados podem ser uma boa opção para escapar da instabilidade. 

Já em relação ao mercado de ações, Cavalcante projetou que a bolsa ainda deverá passar por instabilidades, então é preciso estar atento e sempre de olho nos resultados das empresas antes de realizar aplicações financeiras na Bolsa. 

A ajuda de profissionais capacitados para operar no mercado financeiro poder ser um suporte para quem quer investir em ações. 

Mas o mercado de renda variável não deve ser totalmente descartado. Segundo Yuri, os fundos multimercado podem trazer boas perspectivas aos investidores nos próximos meses, compensando a instabilidade do mercado de ações. Já os fundos imobiliários podem não apresentar os melhores rendimentos no mesmo período. 

"Tem de estar muito atento ao mercado e a variável da eleição deixa tudo isso muito volátil. As crises e a questão do teto de gastos precisam ser acompanhados. Os fundos imobiliários, como são negociados em Bolsa, vão ter volatilidade principalmente com a alta da taxa de juros, que impacta negativamente, mas os fundos multimercado entram como opção porque eles são uma opção menos volátil ante às ações", projetou.