Na Copa do Mundo de 2022, trocar de TV e comer churrasco vão ficar mais caros

Levantamento feito pelo IBGE mostra que itens subiram muito mais nos últimos quatro anos do que na Copa do Mundo anterior (2018)

Escrito por Ingrid Coelho ,
Legenda: Aumento da demanda nos próximos meses em decorrência da proximidade da Copa do Mundo pode pressionar ainda mais os preços das carnes e das TVs
Foto: Humberto Leão/Shutterstock

Acompanhar os jogos da Copa do Mundo de TV nova e preparando aquele churrasco vai custar ao consumidor de Fortaleza bem mais do que no último evento esportivo, em 2018.

Isso porque, de acordo com levantamento feito pelo IBGE a pedido do Diário do Nordeste, a inflação penalizou duramente esses itens nos últimos quatro anos, bem mais do que nos quatro anos anteriores.

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Inflamados pela pandemia, os preços da carne estão entre as principais elevações (considerando os produtos característicos do período de Copa). Nos últimos quatro anos - até junho, o item subiu 73,28% em Fortaleza. Entre 2014 e 2018, essa alta foi de 40,28%.

Mas não é só o churrasco que vai ficar mais salgado para o fortalezense na Copa. Com a disparada dos preços do óleo de soja, os petiscos com certeza vão exigir um gasto maior para quem não dispensa o acompanhamento. O produto havia subido 15,59% entre 2014 e 2018. Já entre 2018 e 2022, a alta foi de 206,26%.

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A TV também apresentou inflação de 17,71% em quatro anos- bem maior se comparada ao índice de 1,66% observado em Fortaleza nos quatro anos entre 2014 e 2018.

A junção da forte elevação nos preços, da renda que não acompanha essa inflação e um cenário ainda persistente de desemprego em todo o País pode levar o consumidor a celebrar de forma mais tímida a entrada da seleção do técnico Tite em campo.

Próximos meses

E o pior é que as perspectivas não são positivas: na avaliação do economista Ricardo Coimbra, os produtos devem ficar ainda mais caros nos próximos meses, ao passo que o evento esportivo se aproxima.

"Muito provavelmente nós teremos não só essa elevação em função do processo inflacionário, mas uma alta provocada pelo crescimento da demanda no período. Isso pode fazer com que esses produtos tenham uma elevação ainda maior do que a gente já tem observado".

O levantamento feito pelo IBGE também observou a inflação de outros itens, como a batata inglesa, que subiu 44,45% nos últimos quatro anos, e a cerveja (em domicílio), que apresentou alta de 11,83%. Para a cerveja fora de casa, a inflação é de 18,43%. As altas desses produtos nos últimos quatro anos foi menor se comparada com o período entre 2014 e 2018.

Ricardo Coimbra lembra também de outros produtos característicos do período de Copa do Mundo que também ficaram bem mais caros e podem dificultar a comemoração, como o álbum da copa e itens de vestuário.

"Até as figurinhas dobraram de preço na comparação com a última Copa", pontua Coimbra. O item custava R$ 2 na Copa do Mundo realizada na Rússia e, para a Copa do Catar, custará R$ 4. Desde o anúncio, o reajuste provoca susto na internet e até virou piada no Twitter.

Carne (ainda) mais salgada no Ceará

Se o produto apresentou elevação no País inteiro, no Ceará, em especial, deve ser mais difícil ainda consumir o produto. Ricardo Coimbra explica que a projeção se deve ao fato de que o Estado compra carne de fora, sobretudo da região Centro-Oeste.

"Com o custo logístico ainda em patamar elevado, pode ser que tenhamos um repique maior desses preços do que em estados produtores".

Em contrapartida, considerando que o Ceará é um grande polo produtor na categoria de vestuário, pode ser que vestir-se com as cores da bandeira do Brasil seja mais barato aqui do que em outros estados.

"Na parte de vestuário, como temos um grande polo produtor aqui, é provável que nesse item a gente tenha um índice inflacionário até menor do que em outros estados. Os demais produtos devem seguir a média nacional", avalia o economista.

Camisa da seleção brasileira

A camisa da seleção de Tite ainda não foi oficialmente lançada, mas o uniforme da busca pelo hexacampeonado pode ser lançado ainda este mês, conforme publicação da revista Placar. Ainda não se sabe quanto deve custar a nova "amarelinha" do Brasil.

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