Minimercados em condomínios de Fortaleza crescem apesar de retorno das atividades
Atacarejos e lojas de proximidade são duas grandes tendências nas atividades varejistas
As pequenas mercearias com autoatendimento chegaram aos condomínios residenciais de Fortaleza em 2020 como uma alternativa em meio ao isolamento social.
Dois anos depois, já com a retomada das atividades presenciais consolidada, esses equipamentos continuam em plena atividade nos edifícios e em um número cada vez maior de endereços por servirem como ponto de apoio para moradores.
No Duo Residence, por exemplo, o minimercado foi implementado em 2021 e, na avaliação da síndica, Jamile Lima, representa comodidade para os moradores. Mesmo com a facilidade dos aplicativos de delivery, ela pontua que no caso de alguns produtos faz mais sentido utilizar a mercearia instalada no prédio.
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“Às vezes o morador está no deck do condomínio e quer uma cerveja, um refrigerante, um biscoito. É muito mais fácil ele pegar no minimercado do que fazer um pedido pelo aplicativo, que cobra a taxa de entrega. Se a água de beber acabar tarde da noite, o morador também pode descer até essa mercearia e pegar”, detalha Jamile.
A minimercearia em questão é uma das 100 unidades da Inhouse Market espalhadas pela Capital, sendo cerca de 95% delas presentes em condomínios residenciais. A empresa adentrou esses espaços em 2020, no auge da pandemia, quando ainda havia o isolamento social.
Naquele contexto, os minimercados em condomínios foram importantes para evitar que os moradores saíssem e contraíssem coronavírus. Hoje, funcionam como um ponto de apoio para proporcionar comodidade e uma alternativa aos aplicativos de delivery.
Nesse minimercado, instalado em áreas comuns de condomínios residenciais, o condômino escolhe um produto, passa o código de barras pelo leitor e pode fazer o pagamento em uma máquina de cartão disponível no local ou ainda pelo aplicativo.
Mudança no modelo
De acordo com o CEO da Inhouse Market, Leonardo de Ana, o abrandamento da pandemia provocou mudanças no modelo da InHouse, com as unidades ganhando uma estrutura mais enxuta.
“A primeira loja era mais engessada, mais bonita, mas se precisássemos distratar, a gente perdia o investimento. Então a gente veio mudando a estrutura”.
O mix de produtos também mudou de acordo com as necessidades dos condôminos. “Hoje nós estamos em condomínios com a partir de 80 unidades residenciais, diminuímos o mix de produtos e chegamos a um portfólio mais acessível. Temos 20% dos itens representando 80% do faturamento”, pontua o CEO da Inhouse.
Outra mudança é que a startup adotou o modelo de franquia. Com isso, agora está presente em 19 estados e 36 cidades. Ao todo, são 230 lojas.
“O modelo home office veio com certeza para ficar. A nossa empresa, por exemplo, tem 35 colaboradores e a maioria está em home office. Esse modelo atende muito bem, poucas pessoas vão ao mercado”, diz Leonardo de Ana.
Tendência
Para o professor da Faculdade CDL e da Unichristus, Christian Avesque, se destacam duas grandes tendências nas atividades varejistas: a primeira é a dos atacarejos e a segunda é das lojas de proximidade ou sortimento voltadas a um raio reduzido.
“Nesse segundo modelo, as operações varejistas vão estar bem próximas do consumidor final. Elas ficam perto de residências ou área de deslocamento, quando ele está indo para o trabalho, por exemplo”, pontua Avesque.
De acordo com ele, esse fenômeno no Brasil é relativamente novo. “A grande novidade aqui é que tivemos a entrada desses minimarkets em condomínios grandes”, diz Avesque.
“O raio de operação desses minimarkets é reduzido, para atender a proximidade. O sortimento é voltado para essa área próxima e eles possuem conveniência ampla, com funcionamento sem parar e um sistema de pagamento remoto”.