Infraestrutura cai em termos de valor na indústria da construção, em 10 anos
Segundo pesquisa feita pelo IBGE, as obras de infraestrutura caíram de 46,5% para 31,3% no período
Pesquisa Anual da Indústria da Construção referente a 2018 (Paic 2018), divulgada nesta quarta-feira (27) pelo IBGE, mostra que as obras de infraestrutura caíram de 46,5% para 31,3% nos últimos dez anos. No fim de 2018, o setor da construção englobava 124,5 mil empresas ativas e ocupava 1,9 milhão de pessoas. O gasto com salários, retiradas e outras remunerações somou R$ 53,3 bilhões naquele ano.
Em termos de valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção, a atividade da construção gerou R$ 278 bilhões em 2018. Ela é dividida em três segmentos: construção de edifícios, que engloba incorporações, empreendimentos imobiliários, edificações e a própria construção de prédios; obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, construção pesada, telecomunicações; e serviços especializados para construção, o que envolve atividades de apoio, entre as quais acabamento, demolições, por exemplo.
O grande destaque da PAIC 2018 foi a queda das obras de infraestrutura, relacionadas a grandes investimentos. Esse item, que liderava historicamente o ranking em termos de valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção, caiu para a segunda posição em 2018, com R$ 87 bilhões, ultrapassado por construção de edifícios, com R$ 126,6 bilhões. Serviços especializados para construção apresentaram R$ 64,4 bilhões.
Do total de R$ 278 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção gerados pela atividade da construção em 2018, 95,1% foram provenientes de obras e/ou serviços da construção e, o restante, de incorporações de imóveis construídos por outras empresas.
Setor público
De acordo com a pesquisa, a participação do setor público na indústria da construção caiu 12,5 pontos percentuais nos últimos 10 anos (de 43,2%, em 2009, para 30,7%, em 2018), fato que ocorreu simultaneamente nas três atividades que compõem o setor. O item obras de infraestrutura passou de 61,5% para 50,4% na década. Já no segmento de construção de edifícios, o recuo foi de 6,7 pp, caindo de 28,6% para 21,9%.
Estabilidade
Já as contratações de serviços especializados para construção (19,3% contra 20,4% em 2009) se mantiveram praticamente estáveis na comparação dos últimos dez anos, com perda de 1,1 pp no período. Segundo o estudo, a retração das obras de infraestrutura foi influenciada pelas dificuldades enfrentadas pela economia em 2015 e 2016.
Pessoal ocupado
A análise da distribuição do pessoal ocupado entre as atividades que compõem a indústria da construção mostra que as empresas da construção empregavam 1.869.592 pessoas no fim de 2018, redução em torno de 9,7% em comparação a 2009. Esse volume de trabalhadores recebeu, em 2018, R$ 53,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
A composição do emprego na distribuição por segmentos da atividade da construção se tornou mais homogênea. A maior parte do pessoal permaneceu com a construção de edifícios, que incorporou 37,5% das pessoas ocupadas em 2018, contra 43,6% de 2009. A atividade que engloba os serviços especializados para construção manteve a segunda posição e foi a que mais ganhou espaço na composição do pessoal ocupado, aumentando sua participação em 13,3 pp nesse período e representando 33,2% dos trabalhadores da construção. Em 2009, tinha-se 19,9% do total.
A terceira posição é ocupada pelas obras de infraestrutura, que vêm perdendo espaço na composição de mão de obra desde 2009, com uma redução de 7,2 pp em dez anos (de 36,5% para 29,3%).
Ao mesmo tempo que perde espaço no perfil de empregos, essa atividade também enfrenta redução substancial no porte das empresas, passando de uma média de 92 pessoas, em 2009, para 43 pessoas em 2018.
Regiões
A análise regional das empresas com cinco ou mais pessoas ocupadas mostra que a participação no valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção permaneceu inalterado em 2018, comparativamente a 2009: a Região Sudeste lidera com 49,2%, seguida do Nordeste (18,7%), Sul (17,2%), Centro-Oeste (8,7%) e Norte (6,2%).
As únicas regiões que apresentaram expansão na década foram o Sul, de 12% para 17,2%, e o Nordeste, de 16,8% para 18,7%.
Em termos de pessoal ocupado, o Sudeste brasileiro segue liderando em 2018, com 48,2% do volume de trabalhadores da construção (50,5% em 2009), seguido do Nordeste (20,4% contra 20,5%)), Sul (16,9%, contra 13,6%), Centro-Oeste (8,3% contra 8,6%) e Norte (6,2% contra 6,8%).