Inflação e atividade econômica em baixa devem manter nível da Selic

Diretor de Política Econômica do Banco Central afirma que há possibilidade de um novo corte, na taxa mas que é muito improvável. Presidente do Corecon-CE aponta que redução não surtiria efeito desejado no momento

Escrito por Redação ,

Com reunião marcada para os próximos dias 15 e 16 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar de 2%. A manutenção é uma expectativa do mercado e dos próprios componentes do Copom.

Questionado sobre a decisão do comitê, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, afirmou que a possibilidade de um novo corte até existe, mas que não deve ser a resposta mais provável de ocorrer. "Pode ter queda de juros? Pode. É provável? Não", disse.

Ele ressaltou que o último parecer do Copom continua valendo. "Temos o forward guidance (prescrição futura) que diz que não haverá elevação de juros a menos que condições não sejam cumpridas. É improvável que tenha nova queda de juros Se acontecer nova queda, ela será pequena", salientou.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, a declaração pode ser explicada pelos atuais níveis de inflação e atividade econômica. "Pode ter a queda da Selic, porque temos uma inflação e uma projeção para ela muito baixa. O nível de retração também está forte, e se poderia utilizar dessa ferramenta de redução da taxa de juros para reverter esses cenários", explicou Coimbra.

Sem efetividade

Apesar disso, ele lembra que a Selic já está em um patamar muito baixo, o que poderia evitar que os efeitos de um novo corte de fato acontecessem. "Talvez essa redução não gere tanto reflexo sobre essa possibilidade de retomada, porque a que estava já está muito baixa e não seria tão necessária a redução nesse momento", pontuou.

O presidente do Corecon-CE ainda ressaltou que o momento é de observar os reflexos que a série de cortes já praticada teve nos indicadores mencionados e comparar os cenários com o atual e os projetados, de forma a tomar um posicionamento sobre a decisão de um possível corte, manutenção ou mesmo elevação da taxa em reuniões futuras.

"A tendência agora é de manutenção, mas tem essa para cortes. Talvez seja isso que o diretor do BC quis dizer. E essa é a expectativa do mercado e mais ainda de quem compõe o Copom, que têm essa avaliação do impacto na pandemia da atividade econômica, comportamento da retomada, reflexos na inflação", afirmou.

Outro motivo para manter a Selic no patamar atual e observar um pouco mais os indicadores antes de realizar alguma mudança tem a ver com o comportamento do preço dos alimentos. Segundo Coimbra, apesar da baixa inflação, alguns produtos, principalmente alimentos, têm se desgarrado do indicador e ficado consideravelmente mais caros. "É realmente observar como isso vai ficar nos próximos ciclos".

Crédito

Do ponto de vista do acesso ao crédito, a manutenção da Selic não geraria impactos significativos para os consumidores, seja pessoa física ou jurídica. Coimbra destacou que ainda há um distanciamento entre as reduções da Selic e os juros efetivamente praticados pelo sistema bancário.

"Mas isso se deve ao ambiente econômico, de alta taxa de desemprego, endividamento e inadimplência. A melhora do risco do crédito geraria mais impacto na ponta do que o corte da Selic agora".

Banco Central deve manter patamar atual da taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcada para 15 e 16 de setembro. Efetividade do corte na inflação e na atividade econômica seria principal razão para adiar uma nova redução

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados