Após repovoar aves nativas até o fim de 2025, projeto prevê devolver emas e tucanos ao Ceará

Escrito por
Bruna Damasceno buna.damasceno@svm.com.br
(Atualizado às 08:09)
Legenda: Projeto prevê devolver emas ao Ceará
Foto: Fábio Nunes / Divulgação

Com a segunda soltura de mais 13 periquitos-cara-suja, prevista para abril deste ano, a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA) terá 31 aves dessa espécie reintroduzidas em seu habitat natural. Esse marco possibilita que a próxima etapa do projeto Refaunar Arvorar se concentre na reintrodução do Jandaia, pássaro símbolo Ceará.

Espera-se que todo o processo seja concluído até o fim deste ano, abrindo caminho para futuros repovoamentos com outros gêneros, como emas e tucanos, conforme explica Fabio Nunes, gerente do programa de conservação pela ONG Aquasis. 

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"Esse trabalho tem tudo para ganhar escala e abrir alas para trazer outras espécies regionalmente extintas, como emas, tucanos e araras, a exemplo do que vimos agora: o periquito-cara-suja voltando após mais de um século", projeta.

Na primeira soltura, em dezembro do ano passado, 18 periquitos voltaram aos céus do Ceará. A meta é obter 50 aves de cada espécie para garantir a sustentabilidade do repovoamento.

tucano na natureza
Foto: Fábio Nunes / Divulgação

A iniciativa faz parte do projeto Refaunar Arvorar, promovido pelo Parque Arvorar, do Beach Park, em colaboração com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis. 

Nunes explica que as aves regionalmente extintas estão presentes na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção do Ceará. "A maioria destas foram extintas por caça ou captura", esclarece. 

Entenda mais sobre o projeto 

Arara Canindé (Ara ararauna)
Legenda: Arara Canindé (Ara ararauna) está no Arvorar
Foto: Kid Júnior

Inaugurado há dois meses com investimento de R$ 25 milhões, o Parque Arvorar acolhe animais apreendidos, vítimas de tráfico e maus-tratos, que são tratados física e comportamentalmente.

Os animais são avaliados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O parque possui estrutura para atendimento veterinário com equipamentos para exames de sangue, ultrassom e raio-x, atuando como ponto de apoio no cuidado com a fauna local.

O parque oferece suporte técnico para animais encaminhados pela Semace, órgão responsável pela destinação da fauna apreendida e resgatada do tráfico.

Para o atendimento ao público e aos animais, o parque conta com equipe multidisciplinar de 64 colaboradores, incluindo veterinários, biólogos, zootecnistas, educadores ambientais e cuidadores.

Periquito Cara-Suja (Pyrrhura griseipectus)

Periquito cara-suja
Legenda: Periquito cara-suja, presente no parque
Foto: Kid Júnior

O Periquito Cara-Suja é uma espécie social que vive em bandos familiares de aproximadamente 4 a 15 indivíduos. Eles medem de 22 a 28 cm e se alimentam de frutos, sementes e flores.

Ao entardecer, se protegem dos predadores em ocos de árvores, entre folhas de palmeiras ou bromélias. Para sobreviver no Ceará, a ave precisa de florestas secas e úmidas que não ocorrem nas planícies. O Cara-Suja quase foi extinto pelo tráfico ilegal de animais silvestres. 

Jandaia-verdadeira (Aratinga jandaya)

Passarinho
Legenda: Jandaia-verdadeira (Aratinga jandaya)
Foto: Fábio Nunes / Divulgação

Conforme Nunes, o Jandaia mede 30 centímetros e pesa cerca de 130 gramas. No Ceará, faz ninho em ocos de carnaúbas, e foi praticamente extinto devido à matança, captura e perda de habitat.

Sobre a Serra das Almas

A Reserva Natural da Serra das Almas (RNSA) é uma unidade de conservação da modalidade Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A imensidão de biodiversidade está dimensionada em 6.285 hectares – algo como 6 mil campos de futebol – entre os municípios de Crateús, no Ceará, e Buriti dos Montes, no Piauí.

Para ter uma noção da riqueza de animais e plantas que vivem na Serra das Almas, estão catalogados:

  • 234 aves
  • 33 anfíbios
  • 45 mamíferos 
  • 625 plantas
  • 45 répteis 

A vida também aparece nas quatro nascentes existentes no espaço que permitem o escoamento evitado de 4,8 bilhões de litros de água por ano. Isso significa que a vegetação mantém essa quantidade de água no local. Tudo isso faz com que 1,6 milhão de toneladas de gás carbônico sejam estocadas.

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