Inflação das passagens áreas cai em Fortaleza, mas redução não chega ao consumidor final; entenda

O percentual foi superior ao da média nacional, de 9,38%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Escrito por Redação ,
Aeroporto de Fortaleza
Legenda: Queda retratada no índice não foi sentida pelos consumidores
Foto: Thiago Gadelha / SVM

O custo das passagens áreas caiu 17,73%, em fevereiro, na Grande Fortaleza, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual é superior à média nacional (- 9,38%).

No acumulado deste ano, o declínio da inflação do serviço foi de 14%. Uma redução significativa nos índices, mas que não tem sido percebida pela população. 

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Segundo o economista e sócio da M7 Investimentos, Thomaz Bianchi, o levantamento reflete a queda do preço do petróleo, no início desse ano. Consequentemente, o combustível querosene de aviação, um derivado de produto, sofreu diminuição. 

Mas por que os passageiros ainda não sentiram essa baixa? “O IPCA é uma cesta que não pega todos os itens. Há alguns que normalmente não impactam tanto o gasto médio do trabalhador. Assim, acaba não sendo fidedigno para o consumo da classe média”, observa Bianchi.

O economista Alex Araújo complementa que, para esse indicador, também influenciam mais os custos de combustíveis, de bilhete de ônibus, táxi e de aplicativos.

Portanto, as passagens áreas têm um peso pequeno na cesta utilizada pelo IPCA. Ou seja, enquanto o preço geral desse serviço baixa, outros como alimentos e bebidas — que têm maior impacto no indicador  — sobem.

“É o tipo de variação que beneficia mais um perfil específico de consumidor. Os índices de inflação normalmente utilizam um perfil de consumo que desejam retratar, repercutindo os diferentes itens em sua composição”, aponta. 

Segundo o IBGE, atualmente, a população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos. 

Veja as maiores quedas em Fortaleza 

Depois da passagem área, a batata-inglesa e a cebola tiveram as maiores quedas, de 12%. Conforme o economista e sócio da M7 Investimentos, Thomaz Bianchi, os produtos agrícolas sofreram quedas no início do ano.

Além do arrefecimento inflacionário, a sazonalidade desses itens influencia no resultado.  

Para o economista Alex Araújo, “com o início do período de chuvas, devemos ter alguma flutuação na oferta de alimentos, principalmente hortifrúti, de modo que pode acontecer variações bruscas e alguns produtos específicos. Mas isso é temporário e os preços retornam para os patamares médios tão logo a oferta regularizada”.

O que esperar dos preços das passagens áreas?

Araújo aponta ser necessário considerar que a redução do preço das passagens aéreas, em fevereiro, foi um fator sazonal. “Em março, elas estão voltando aos preços médios e uma pesquisa sobre os preços para os próximos meses sugere a manutenção”, enfatiza o economista.

"É importante ressaltar que, como os demais produtos, as passagens sentem os efeitos de demanda e oferta e que saímos da alta estação, com maior oferta de voos para Fortaleza”, completa. 

Thomaz Bianchi acredita haver uma expectativa de melhoria geral dos indicares nos próximos meses. “A tendência é que ocorra o arrefecimento da inflação, até porque com o juro mais alto, há uma diminuição do consumo, obviamente, arrefece a questão dos preços”, projeta. 

O Diário do Nordeste a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) pediu o posicionamento da entidade sobre os preços e aguarda retorno. 

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