Granjeiro e Pacujá têm os menores PIBs do Ceará; veja ranking

Mais de 70 cidades tem menos de 0,01% de participação no PIB total do Ceará

Escrito por Mariana Lemos , mariana.lemos@svm.com.br
Guaramiranga
Legenda: Guaramiranga está entre cidades com menores PIBs do Ceará
Foto: JL Rosa

Granjeiro é a cidade com o menor Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. Em seguida, aparecem Pacujá, Senador Sá, Baixio, Umari e Arneiroz. Os municípios de Altaneira, Moraújo, Antonina do Norte e Guaramiranga completam o ranking das 10 cidades cearenses com os menores PIBs.

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Os indicadores consideram o ano de 2021 e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para todas essas cidades, as categorias de atividades com maior participação do PIB é administração, defesa, educação, saúde e seguridade social.

Granjeiro tem a menor participação no PIB do Estado desde 2002, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). A maioria das cidades também figurou na lista de piores PIBs no levantamento anterior, de 2020. A exceção é Ererê, que saiu da oitava para a 11ª posição. Guaramiranga entrou no ranking no décimo lugar.

Esses municípios estão na lista dos 73 com menos de 0,1% de participação no PIB total do Ceará. Em 2002, eram 71 municípios nesse patamar, dois a menos que no último resultado.

Veja o ranking de cidades cearenses com os menores PIBs

Dinamismo econômico

Para o economista João Mário de França, professor do programa de Pós-Graduação em Economia - Caen/UFC, os indicadores relevam que o PIB do Ceará tem uma relação muito grande com a Região Metropolitana de Fortaleza, a mais desenvolvida. 

“Esses números revelam uma grande quantidade de municípios cearenses com muito pouco dinamismo econômico, principalmente nos segmentos da indústria e serviços, com baixa capacidade de criação de emprego e renda no setor privado e na gestão pública. Quase nenhuma capacidade de geração de receita própria e para atender seus cidadãos nas diversas políticas públicas depende de transferências estaduais e federais de recursos”, aponta. 

No polo oposto, os treze municípios com maior participação no PIB representam 67,56% do Produto Interno Bruto do Estado. França destaca que a concentração caiu em relação a 2020, quando eram 69,51%. No entanto, ele observa que a concentração ainda é bastante expressiva. 

Entre as cidades com maior PIB, oito estão localizadas na Grande Fortaleza. A Capital é a líder, com participação de 37,68% no Produto Interno Bruto cearense. “Apesar de Fortaleza ainda ter uma participação no PIB do Estado significativa, ela tem diminuído ao longo do tempo. Em 2002 essa participação era de pouco menos de 47%, tendo em 2020 ficado em 38,8%”, pondera o economista.

O que pode ser feito para reduzir a desigualdade entre municípios? 

O baixo nível de participação no PIB é comum aos municípios menores, mas o nível de desigualdade entre as cidades do Ceará pode ser mitigado, segundo a economista Alesandra Benevides, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral. “Esses municípios são pequenos e precisam, para dinamizar a economia, descobrir quais são as suas fortalezes. Por exemplo, Guaramiranga é um município tipicamente de turismo, pode explorar essa parte e a partir daí desenvolver todo o setor de serviços”, aponta.

A especialista ressalta o papel da educação no desenvolvimento de capital humano, viabilizando mão de obra especializada. Uma saída para as cidades com poucos recursos naturais é a instalação de usinas solares.

“Nenhum país ou estado conseguiu chegar ao desenvolvimento sem que a sua população esteja capacitada. Essa variável é pré-requisito para que consiga atingir níveis mais altos, seria uma forma de reduzir as desigualdades. O Ceará sempre foi muito desigual, Fortaleza sempre foi uma capital que puxava muito para ela”, analisa Benevides.

Joseph Vasconcelos, doutor em Economia e professor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FACC/UFRJ), reitera que a qualificação de mão de obra precisa ser um dos pilares de um plano de desenvolvimento regional, a ser desenvolvido pelo governo estadual com as gestões municipais.

O economista destaca que a Grande Fortaleza concentra a esmagadora maioria dos investimentos, com os maiores centros industriais, portos marítimos e aeroportos e estradas de evacuação das produções. Na visão do economista, para que uma redução expressiva da desigualdade seja observada em 10 anos, é necessário que as ações sejam pensadas quanto antes.

“Observo uma lentidão nesse sentido. Existe uma pressão política muito forte para a manutenção do status quo. Para manter a posição de dinamicidade da atividade econômica. Com a pressão política dos centros dominantes, pouco se tem efeito os pedidos que vêm áreas mais distantes”, opina.

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