Endividamento e inadimplência crescem, em fevereiro, na Capital

O tempo médio de atraso é de 68 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro

Escrito por Redação ,
Legenda: Consumidor de Fortaleza está mais endividado do que em fevereiro do ano passado
Foto: Diário do Nordeste

Em Fortaleza, 64,6% dos consumidores têm algum tipo de dívida, índice superior em 3,2 pontos percentuais ao registrado no mês de janeiro. Os dados são da Pesquisa de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, de fevereiro de 2020, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC). No mês de janeiro, o índice ficou em 61,4%, percentual também superior ao registrado em janeiro de 2019, de 60,5%.

No mesmo período, o percentual de inadimplentes ficou em 9,4%, superior em 3,1 pontos percentuais o índice registrado no mês anterior (6,6%). Se comparando ao mesmo período do ano passado, o índice registrado em fevereiro de 2020 é 1,2 pontos poncentuais superior. Em fevereiro de 2019, o percentual de consumidores inadimplentes ficou em 8,2%. 

"É normal que até o mês de abril as taxas de endividamento e de inadimplência sigam em alta. Isso se deve às vendas no período de Natal e as despesas de início do ano - como matrícula, fardamento, material escolar, IPTU, IPVA - e as pessoas acabam perdendo o controle das despesas", explica Cláudia Brilhante, diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio).

Sobre os índices de endividados e de inadimplentes serem superiores aos registrados no ano passado, Cláudia Brilhante justifica pelo aumento nas vendas de Natal em 2019. "Noós tivemos um dos melhores natais dos últimos anos. As vendas de Natal tiveram alta acima da esperada pelo varejo, segundo estimativas do setor. Impulsionadas pela liberação do FGTS e queda no desemprego, as vendas de presentes, foram muito melhores que as de 2018".

Vale resssaltar que todo inadimplente é endividado mas nem todo endividado é inadimplente. Ou seja, se o consumidor endividado paga as contas em dia, ele não é inadimplente. Neste contexto, o número de consumidores inadimplentes é maior entre o sexo feminino (11,0%), do grupo com idade acima dos 35 anos (10,3%) e com renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos (10,7%).

Desequilíbrio

A pesquisa mostra, ainda, que a poporção de consumidores com dívidas em atraso no mês de fevereiro está em 21,7%, superior ao número registrado em janeiro (18,3%) em 3,4 pontos percentuais. No universo pesquisado, o endividamento é maior entre as mulheres (23,4%), com idade acima de 35 anos (22,5%) e com renda familiar mensal abaixo de cinci salários mínimos (23,9%). 

A principal justificativa para o atraso no pagamento das dívidas é o desequilíblio financeiro, citado por 56,9% dos consumidores, seguida do uso dos recursos em outras finalidades (35,9%) e contestação da dívida (7,2%).O tempo médio de atraso é de 68 dias, de acordo com a pesquisa. 

A falta de planejamento orçamentário está entre os principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, os destaques são a falta de orçamento e controle dos gastos (42,7%), desemprego (20,5%), aumento dos gastos considerados essenciais (20,1%), as compras por impulso (19,5%), redução dos rendimentos (14,6%), gastos imprevistos (12,7%), e compras antecipadas (10,5%).

Para recuprar o poder de compra, Claudia Brilhante orienta os consumidores a "regrar" as compras no primeiros meses do ano. "Ao comprar alimentos, por exemplo, o consumidor pode fazer compras para um período menor - ao invés de comprar para o mês inteiro - e aí pagar a vista, evitando entrar no crédito rotativo do cartão de crédito. São pequenas atitudes que ajudam na recuperação financeira", diz. 

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