Demanda por motos 0 km dispara e fila de espera chega a 60 dias no Ceará

Efeitos da segunda onda do coronavírus em Manaus afetaram produção de motocicletas novas. Preços subiram entre 30% e 35% no Estado

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Medo do transporte público e crescimento do delivery devem continuar aquecendo a demanda em 2021
Foto: José Leomar

O medo das aglomerações no transporte público e o fortalecimento do delivery como alternativa de sobrevivência para os cearenses e brasileiros que ficaram sem trabalho durante a pandemia levaram a busca por motocicletas novas a um crescimento de 35% no Ceará. A informação é de Wellington Holanda, diretor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Ceará/Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Sincodiv/Fenabrave).

A elevada demanda poderia estar impulsionando o faturamento das concessionárias de motos no Estado, não fosse a baixa oferta ocasionada pelas consecutivas paralisações na produção de veículos em Manaus, no Amazonas.

De acordo com os números mais recentes da Fenabrave, no Ceará, foram emplacadas 7,5 mil motos no primeiro bimestre deste ano, queda de 22,3% na comparação com igual período de 2020, quando foram registrados 9,7 mil emplacamentos.

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A alta de 35% destacada por Wellington Holanda é de abril de 2020 até agora, em relação ao período imediatamente anterior. “Desde abril de 2020 a procura vem crescendo muito, mas houve várias paralisações na produção em Manaus. Houve uma alta na procura, mas queda no faturamento do setor devido à falta do produto”, lamenta o diretor do Sincodiv/Fenabrave no Ceará.

Crise no Amazonas derruba produção de motos

As suspensões foram ocasionadas pela crise de coronavírus que assolou a capital manauara no ano passado e neste início de 2021. Até a última terça-feira (9), o Amazonas contabilizava quase 330 mil infectados por Covid-19 desde início da pandemia e mais de 11 mil mortes. “Houve paralisação da fábrica em Manaus, meados de janeiro, por um período longo. Isso fez com que houvesse falta de produto”, reforça.

A alta demanda e a diminuta oferta provocaram uma baixa generalizada nos estoques de motos novas, mas algumas tipologias no Estado enfrentam uma escassez mais intensa. É o caso das motocicletas na faixa de R$ 16 mil.

Foto: Levi de Freitas

“A Honda Bros 160 é a mais procurada”, detalha. Os compradores que decidem não abrir mão das motocicletas novas estão esperando até 60 dias para levar o produto para casa. “De 45 a 60 dias. O consorciado tem prioridade”, pontua.

Na avaliação dele, os mesmos fatores devem continuar impulsionando a procura pelo veículo em 2021, diante da força da segunda onda do vírus no País. “Acredito que aumente a procura, por causa do avanço do delivery e medo do transporte público”, explica Holanda.

Preços têm forte alta

Além da elevação na procura por motocicletas novas, os preços também subiram entre 30% e 35%, de acordo com o Wellington. O movimento de alta foi influenciado, na avaliação dele, pela pressão do dólar, já que o minério de ferro - um dos principais insumos para a produção do aço - é uma commodity. "O aumento ocorreu mais pela pressão cambial, já que o ferro é um produto com preço internacionalizado", detalha.

No Brasil

No País, no acumulado de 2021, foram emplacadas 143,2 mil motocicletas, queda de 16,4% na comparação com igual período de 2020. Na época da divulgação dos dados, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, pontuou que o fechamento das fábricas em Manaus com a segunda onda da pandemia impactou fortemente o setor.

Uniu-se a isso a escassez de peças e componentes nos últimos meses, na avaliação dele, causando o desajuste de oferta. “O estoque de motos, nas concessionárias, está extremamente baixo”, disse ele.

“A demanda segue aquecida, fomentada pela consolidação da motocicleta como meio de transporte individual pessoal e de trabalho (delivery/serviços), dado o incremento das vendas do e-commerce, além da boa oferta de crédito pelas instituições financeiras, que estão aprovando 45% das propostas apresentadas”, arrematou.

No ranking nacional da venda de motos, o mês de fevereiro foi o 19º pior da história.

 

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