Quando o 13° salário some sem deixar rastro

Escrito por
Alberto Pompeu producaodiario@svm.com.br
Legenda: O problema é não ter estratégia para que 2025 seja diferente de 2024. A matemática da mudança.
Foto: Natinho Rodrigues

Já estamos no meio de dezembro e para muitos nordestinos o décimo terceiro salário já sumiu: boletos atrasados, cartão de crédito estourado, presentes para a família. Daqui a duas semanas, quando janeiro chegar, o dinheiro extra será apenas lembrança e a sensação de que nada mudou. Não é culpa do trabalhador. É falta de planejamento estruturado.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio, 62% dos brasileiros usam o 13º para pagar dívidas. No Nordeste, esse percentual é ainda maior. O problema não é quitar dívidas com esse recurso – isso pode ser inteligente. O problema é não ter estratégia para que 2025 seja diferente de 2024.
A matemática da mudança

Imagine o Seu Francisco, vigilante em Fortaleza, salário de R$ 1.800. Se ele usar todo o 13º para equilibrar contas e começar 2025 zerado, terá perdido a única chance do ano de construir algo diferente.

Agora imagine que Francisco separe apenas R$ 400 (25% do líquido) e coloque no Tesouro Selic. Com a taxa atual de 15% ao ano, em dezembro de 2025 terá aproximadamente R$ 460. É o início de uma reserva de emergência.

Se fizer isso por três anos, terá acumulado cerca de R$ 1.500. De repente, não é mais refém do cheque especial.

Ainda dá tempo de planejar

Se você ainda não gastou todo seu 13º, divida o que resta em três partes:

  • 50% – Quitar dívidas caras ou antecipar contas de janeiro. Comece 2025 respirando;
  • 30% – Presentes e confraternização. Você trabalhou o ano inteiro, merece celebrar com limite definido;
  • 20% – Investimento de alta liquidez. Esse pedaço não se toca. É a semente da sua reserva.

Para quem ganha um salário mínimo, são cerca de R$ 280 guardados. Parece impossível? É escolha: ou você controla o que sobrou do 13º, ou ele evapora completamente.

Janeiro não precisa ser cruel

O trabalhador nordestino enfrenta desafios que tornam a educação financeira ainda mais essencial. O 13º é a única gordura do ano para milhões de pessoas. Desperdiçá-lo inteiro é garantir que você continuará apagando incêndios ano após ano.

Antes que dezembro acabe, antes de gastar o último centavo, faça um plano no papel. O décimo terceiro pode sumir sem deixar rastro ou ser a fundação da sua liberdade financeira em 2025. A escolha é sua, mas precisa ser consciente. E urgente.

Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

 

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