Como ficam a poupança e outros investimentos com a Selic a 11,75%?

O Copom, do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (16) aplicar alta de um ponto percentual na taxa básica de juros do Brasil

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Investimentos de renda fixa se tornam favoráveis com juros altos
Foto: Shutterstock

Acompanhando a tendência do mercado mundial e dos últimos meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, em reunião nesta quarta-feira (16), aplicar alta de um ponto percentual na Selic, taxa básica de juros, passando de 10,75% para 11,75%. O movimento deve favorecer, por exemplo, os investidores em renda fixa.  

É o caso por exemplo da poupança, já que quando a Selic está em até 8,5%, a rentabilidade fica em 70% da taxa básica. Acima disso, que é o caso atual, a rentabilidade fica em 6,17% ao ano + TR (taxa referencial), conforme explica Kaue Franklin, especialista em renda variável do Grupo Aplix. 

O sócio da VLGI Investimentos, Henrique Zimmermann, acrescenta que esta nova alta da Selic não deve gerar tanto impacto na poupança, uma vez que o rendimento já está em mais de 6% ao ano.  

“O mercado de investimento como um todo costuma precificar, antecipando os movimentos que acontecem e já estamos investindo com rentabilidade em cima dessa Selic atual”.   
Henrique Zimmermann
sócio da VLGI Investimentos

Apesar disso, Franflin pontua que outros rendimentos de renda fixa podem ser mais favoráveis. “Principalmente aqueles rendimentos ligados ao IPCA, CDBs, valem mais a pena que deixar na poupança, por exemplo”.  

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Outra indicação dos especialistas são os títulos pós-fixados atrelados ao CDI, pois o rendimento fica em cima da nova taxa de juros, logo, uma elevação aumenta o valor rendido. Isso favorece os investidores conservadores que não precisam assumir grandes riscos para conseguir melhores rentabilidades. 

“No cenário atual, faz mais sentido o investidor conservador buscar rendas fixas acima de 100% do CDI já que a poupança ficou no patamar de 6,17%+TR”. 
Kaue Franklin
especialista do Grupo Aplix

Zimmermann, contudo, pontua que esse movimento não é interessante para outras classes de investimentos como os pré-fixados e a Bolsa de Valores, já que a alta de juros afugenta os investidores de renda variável.  

Porém, para Franklin, a alta não deve impactar negativamente a renda variável. “Hoje, a Bolsa chegou na casa dos 100 mil pontos, tivemos uma valorização na casa de 15%. A guerra teve um impacto, mas analisando somente a questão de juros já vínhamos com bons olhos. Com a meta atual da Selic, de 12,25%, isso traz a possibilidade de ganhos na bolsa após uma forte desvalorização”. 

Renda fixa 

  • Títulos atrelados à Selic 
  • Títulos atrelados ao IPCA (índice de inflação)  
  • CDBs 

Renda variável 

Setor que se beneficia com juros alto 

  • Financeiro (Bancos e seguradoras) 

Setores que perdem com juros alto 

  • Consumo e Varejo 
  • Imobiliário 
  • Empresas de crescimento, principalmente setor de tecnologia 

Alta de juros nos EUA 

O especialista da Aplix aponta ainda que outro importante a se verificar foi o anúncio de elevação em 0,25% da taxa de juros dos Estados Unidos, que deve impactar também o mercado financeiro brasileiro.  

“Nós temos uma meta em torno de 12,25% a 12,5% de taxa de juros aqui no Brasil, caso nos EUA continue aumentando mais forte que o esperado, pode acarretar juros ainda mais altos por aqui, muito por conta da inflação”, pondera.  

Franklin explica, contudo, que esse movimento de alta já era esperado e, mesmo após a decisão do Fed (Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos), o mercado americano continuou forte. “Tivemos um dia positivo no Ibovespa, a situação está mais previsível e isso traz um benefício, podendo até fazer com que a Bolsa fique mais alta”.   

 

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