Ceia de Natal vai ficar mais cara neste ano? Veja levantamento de preços

O quilo da farofa pronta Yoki custava em média R$ 5,66 em Fortaleza no ano passado, de acordo com o Procon. Neste ano, o preço saltou para R$ 29,58

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: O aumento nos preços pode ser explicado por altas nas matérias primas, embalagens e de custos logísticos
Foto: Kid Júnior

A inflação pesou sobre os alimentos neste ano e não seria diferente com os itens típicos da ceia de Natal. Com a proximidade das festividades de fim de ano, alguns alimentos normalmente consumidos nesse período voltam às prateleiras com preços elevados. 

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O Diário do Nordeste visitou 4 supermercados da Capital comparando os preços de itens natalinos.

Neste ano, a soma de produtos da ceia de Natal (R$ 365,63) foi menor que a registrada em 2021 (R$ 379,04). 

Apesar de a soma da cesta ter sido menor que o valor registrado no ano passado pela pesquisa do Procon Fortaleza, alguns produtos tiveram alta considerável. 

É o caso da farofa pronta Yoki, cujo quilo custava em média R$ 5,66 no fim de 2021 e, neste ano, foi encontrado por em média R$ 29,58, uma alta de 423%. 

Para além da farofa, espumante, caixa de chocolates e peru também tiveram altas acima da inflação, mesmo que em menor patamar. O queijo parmesão, por outro lado, foi encontrado nas prateleiras mais barato do que no ano passado. 

Veja o preço dos itens 

Item Preço 2021 Preço 2022 Diferença
Uva 400g Itália   R$ 10,03   R$ 10,56  5%
Vinho Chalise 750mL   R$ 12,99   R$ 14,74  13%
Farofa pronta 1Kg YOKI   R$ 5,66   R$ 29,58  423%
Queijo Parmesão 1Kg Faixa AZUL   R$ 200,93   R$ 137,40  -32%
Salton (espumante) 750ML SALTON R$ 47,99   R$ 60,09  25%
Bombons Especialidades 300g NESTLE R$ 11,30   R$ 13,90  23%
Azeitonas Verdes 200g VIOLATERA   R$ 15,31   R$ 15,94  4%
Panetone 400g VISCONDE   R$ 17,37   R$ 17,94  3%
Ave Chester Desossado 1Kg Perdigão   R$ 33,22   R$ 34,49  4%
Peru Temperado 1Kg Perdigão   R$ 24,24   R$ 30,99  28%
Soma R$ 379,04   R$ 365,63  -4%

Farofa cara 

O analista de mercados da Central Estadual de Abastecimento (Ceasa) Ceará, Odálio Girão, destaca que existem razões econômicas que podem explicar o aumento significativo no preço da farofa pronta.  

“Comparando a farinha de mandioca e mesmo a farofa pronta, tivemos um aumento muito forte. A farofa tem seus ingredientes, a farinha, a cebola roxa, que aumentou bastante. A cebola é um grande ingrediente pra fazer a farofa, saiu de R$ 2,50 para R$ 8”, exemplifica. 

Principal matéria-prima para a produção da farofa, a farinha de mandioca tem inflação acumulada de 26,60% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).  

Em nota, a General Mills, detentora da marca Yoki, se posicionou sobre o aumento de preços ao longo do ano. A empresa justificou a alta pelo aumento do dólar e da inflação, além de falta de matéria prima na cadeia logística.

"Por esse motivo intensificamos no último ano o gerenciamento holístico de custos, que olha toda a cadeia de valor do produto: do momento do plantio até a hora que o consumidor joga fora a embalagem, buscando eficiências. Além disso, a companhia absorveu alguns aumentos de custos durante a pandemia, buscando manter opções para cada tipo de necessidade dos consumidores, lançando embalagens maiores e mais econômicas, bem como embalagens menores e de menor desembolso", destaca.

A empresa também reiterou que sugere os preços de venda aos varejistas mas os valores aplicados pelos pontos de vendas são definidos por cada cliente, fugindo do escopo da companhia.  

Aumento nos preços 

O especialista aponta que, para além da matéria-prima, o aumento no preço ao consumidor final também tem relação com custos de logística de transporte e embalagens. Ele destaca que os preços podem ter uma variação relevante a depender da região do País em que o produto é comercializado. 

A regulação dos preços de mercado pela oferta e demanda também pode explicar o aumento nos preços, principalmente para itens consumidos neste período do ano. 

“Chama atenção porque o chocolate e o espumante são produtos que em um período de comemorações e final de ano sempre tendem a aumentar devido à boa procura, tem a troca de presentes, espumante para as festas de final de ano. Tudo isso traz uma demanda pesada e a indústria coloca isso no mercado com os custos em acréscimo”, relaciona. 

Outra questão que se fez percebida na comparação de preços foi o fenômeno conhecido como reduflação, em que o peso dos produtos é reduzido. Na pesquisa do Procon no ano passado, foi utilizada como referência a caixa de chocolates Nestlé de 300 gramas. Neste ano, só foi encontrado o produto de 251 gramas. 

“Houve uma redução no peso desses produtos, isso deve-se a uma questão de equilíbrio dos preços para não ter um alarde forte aos preços ao consumidor”, coloca Odálio Girão. 

Alta excessiva 

Mesmo com as motivações de alta econômica, aumentos excessivos podem ser denunciados pelo consumidor ao Procon Fortaleza. De acordo com a diretora do órgão, Eneylandia Rabelo, a denúncia pode ocorrer independentemente do período em que o aumento ocorreu. 

“O mercado tem sim a liberdade de definir os seus valores, podem aumentar o preço, mas não podem aumentar o preço de forma abusiva. Isso é proibido pelo código de defesa do consumidor. Se for percebido que é abusivo, o Procon pode agir. O consumidor pode abrir denúncia para a gente investigar o aumento”, afirma. 

Ela reforça que, para ser feita a denúncia, é importante juntar todas as provas do aumento de preços. Com isso em mãos, o Procon abre uma investigação preliminar e pede uma justificativa à empresa. O processo pode ser aberto contra o estabelecimento ou contra o fabricante do produto. 

A denúncia pode ser aberta no portal da Prefeitura de Fortaleza, na aba do Procon. O consumidor também pode tirar dúvidas na central de atendimentos, no canal 151. 

 

 

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