Baixo nível de reservatórios do Sudeste pode pressionar tarifa de energia

Caso não haja recarga para a operação das hidrelétricas, usinas térmicas podem voltar a ser acionadas. Com o aumento do custo, bandeira tarifária deve subir e encarecer a energia já no início do próximo ano

Escrito por Redação ,
Legenda: Caso a energia das hidrelétricas não seja suficiente para a demanda, as térmicas, mais caras, serão acionadas
Foto: Antonio Azevedo

A depender do nível dos reservatórios das hidrelétricas até o fim deste mês, sobretudo das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que representam 70% da capacidade de armazenamento do País, a tarifa de energia poderá ser impactada para compensar os custos de acionamento de termelétricas. A expectativa é que, caso haja necessidade de acionamento destas usinas para poupar água dos reservatórios, a mudança de bandeira tarifária seja aplicada em 2021.

> Aneel vai congelar ajustes tarifários de energia até 2021

"Os reservatórios da região Sudeste estão muito baixos. Normalmente, a recomposição se inicia em novembro, e se não houver um indicativo de estação chuvosa razoável, é possível que haja uma mudança para bandeira amarela ou vermelha. Essa decisão será tomada até o fim de novembro", diz Jurandir Picanço, consultor da área de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios da região Sudeste e Centro-Oeste estão com 20,2% da capacidade. Considerando todos os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN), a capacidade está em 26,7%. Com isso, a participação das térmicas na geração total do País está nos maiores patamares desde 2017.

Térmicas

No domingo (15), as usinas térmicas foram responsáveis por 22,7% da geração do SIN. No mesmo dia de 2017, essa participação era de 24,6%. Na segunda (16), em reunião extraordinária, o Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu manter a operação de térmicas a gás natural. Neste caso, os custos são repassados à conta de luz de todos os brasileiros por meio das bandeiras tarifárias cobradas na conta de luz.

Em comunicado, o Ministério de Minas e Energia (MME) diz que, apesar do aumento das chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o volume verificado nas principais bacias se mantém abaixo dos níveis históricos. Com isso, decidiu manter medidas excepcionais para preservar os reservatórios das hidrelétricas.

"Há um acordo com o MME para não ter nenhum tipo de reajuste até o fim do ano. E, até o fim do ano, a previsão é que continue a bandeira verde", diz Benildo Aguiar, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia do Ceará (Sindienergia-CE). "Se houver mudança de bandeira tarifária, começa em janeiro".

Quanto à possibilidade do acionamento de térmicas a óleo para suprir a demanda do Estado do Amapá, Picanço diz que o volume necessário e o tempo desse acionamento não deverão impactar na decisão de mudança de bandeira tarifária para todo o País. Em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a bandeira verde acionada até 31 de dezembro deste ano, como uma medida emergencial para aliviar a conta de luz dos consumidores e auxiliar o setor elétrico em meio ao cenário de pandemia.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados