Baião de dois fica mais caro em Fortaleza com o aumento nos preços do arroz e feijão em setembro

De acordo com o IBGE, o grupo alimentos e bebidas apresentaram alta de 3,22% no mês passado

Escrito por Redação ,
Legenda: No ano, feijão, arroz e óleo registraram um crescimento de 70,03%, 47,83% e 60,22% respectivamente
Foto: Eduardo Almeida

Tradicional prato da culinária cearense, o baião de dois ficou mais caro em Fortaleza e Região Metropolitana em setembro. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto o arroz como o feijão tiveram uma elevação de 20,58% em seus preços no mês. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (9).

Além de caracterizar um prato regional, o arroz e o feijão também são itens básicos no cotidiano das famílias. Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, esses alimentos podem ser substituídos por outros produtos que estejam com uma oferta de preço melhor.

"A gente sempre vem orientando que o consumidor deve buscar em momentos de elevação de alguns itens, ver quais são os produtos substitutos que podem fazer essa alternância. O consumidor deve sempre rever aquilo que consome e se existe a possibilidade de se substituir por aquilo que esteja com um preço mais acessível", pontua.  

Além do feijão e arroz, o óleo de soja também apresentou inflação elevada no mês, com alta de 33,96%. No ano, feijão, arroz e óleo registraram um crescimento de 70,03%, 47,83% e 60,22% respectivamente.   

Em nota,  o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov, pontua que a alta do dólar e aumento da demanda interna pressionaram os preços dos alimentos. "O câmbio num patamar mais elevado estimula as exportações. Quando se exporta mais, reduz os produtos para o mercado doméstico e, com isso, temos uma alta nos preços", pontua.

Substituições

Ele também acrescenta que o consumidor precisa analisar outras composições dos alimentos, que também podem sofrer altas por causa de determinados insumos que estão com os preços mais elevados. O trigo é um exemplo.

"Os preços de trigo e derivados subiram em função da elevação do câmbio e cerca de 90% do que a gente consome no mercado interno é importado. Como a taxa de câmbio subiu, isso afetou o preço dos derivados de trigo, como pão, biscoitos, macarrão e das massas em geral, então você acaba tendo um reflexo disso nos preços", avalia.

Índices

De acordo com a pesquisa, a inflação de Fortaleza atingiu o maior patamar já visto neste ano, com alta de 1,22% ante a variação negativa de 0,23% observada em agosto. A elevação teve principal contribuição do grupo alimentação, que inflacionou 3,22% em setembro.

Veja a inflação dos produtos:

  • Óleo de soja: 33,96%
  • Feijão fradinho: 20,58%
  • Arroz: 20,58%
  • Leite longa vida: 11,86%
  • Patinho: 6,30%
  • Queijo: 6,05%
  • Açúcar cristal: 5,07%
  • Costela: 4,88%
  • Alcatra: 4,59%
  • Linguiça: 4,57%
  • Carne de porco: 4,47%

Análise

Com alta de 1,22%, Fortaleza ocupa o segundo lugar no ranking entre as regiões metropolitanas e municípios pesquisados pelo IBGE, ficando atrás apenas de Campo Grande, que apresentou inflação de 1,26%. Coimbra reforça que o avanço dos preços, principalmente em alguns itens de alimentação, que traz em sua composição derivados da soja e do trigo, sofreram uma grande interferência pela alta da taxa de câmbio, somado a redução da oferta no mercado interno. 

"A gente vem observando o aumento significativo desses preços, vinculados principalmente ao crescimento da taxa de câmbio, que gerou expectativas de exportação para os nossos produtores e isso gerou uma queda de oferta no mercado interno e essa queda acabou dando uma elevada nos preços", analisa.

Outro fator que contribuiu para o resultado foi o aumento da renda, em decorrência do benefício do Auxílio Emergencial, que ampliou a capacidade de consumo das famílias. "O auxílio emergencial gerou uma demanda adicional por consumo, principalmente na parte de alimentos. As pessoas que recebem o benefício direcionam os recursos para o consumo dos alimentos, elevando a procura", explica o presidente do Corecon.

Ele ainda avalia que, com a redução do auxílio pela metade, pode ser que aconteça uma menor "pressão nos preços", em função da "redução da capacidade de consumo".

Outros grupos

Dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, oito tiveram elevação e apenas o grupo despesas pessoais manteve estabilidade ante o mês de agosto. Os principais crescimentos foram percebidos nos grupos: alimentação (3,22%), transporte (1,39%), artigos de residência (0,93%), habitação (0,61%), vestuário (0,60%), saúde e cuidados pessoais (0,31%), comunicação (0,18%) e educação (0,08%).

Com o resultado, de janeiro a setembro, a RMF registra inflação de 2,55% e de  4,13% nos últimos 12 meses.

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