Apenas 1 ano e meio após aquisição, Eneva encerra operação da térmica UTE Fortaleza em Caucaia

A usina foi comprada da Enel por R$ 489,8 milhões e tem capacidade instalada de 327 megawatts (MW)

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Eneva
Legenda: Em agosto do ano passado, a Eneva, empresa integrada de energia, concluiu o processo de compra da Central Geradora Termelétrica Fortaleza S.A (Termofortaleza) com o pagamento de R$ 489,8 milhões à Enel Brasil
Foto: Eneva / Divulgação

Um ano e sete meses após ser adquirida pela Eneva (ENEV3), a termelétrica Termofortaleza, em Caucaia, deixará de operar no próximo dia 28. Segundo a companhia, o fim da atividade busca “alinhamento com o encerramento do contrato de fornecimento de combustível da usina”. 

Integrante do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), o empreendimento produz energia em ciclo combinado de gás e vapor, com capacidade instalada de 327 megawatts (MW).

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“A Eneva esclarece que a decisão ocorre devido a sua seriedade em honrar seus compromissos contratuais, considerando a disponibilidade operacional da usina”, afirma, em nota. 

Em junho de 2022, o equipamento, que era de propriedade da Enel, foi comprado por R$ 489,8 milhões. A Eneva tinha o aval para funcionar até dezembro de 2033, mas solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a antecipação do fim da outorga já para este ano. 

Fim de contrato era previsto desde o início, afirma Eneva

Em comunicado enviado ao Diário do Nordeste, a Eneva afirmou que o fim do contrato de venda de energia da UTE (usina termoelétrica) já estava previsto desde o momento da aquisição. 

“Enquanto não houver novos contratos de fornecimento de gás natural para a termelétrica nem para a comercialização de energia, a Eneva planeja hibernar a usina”, informou.

A empresa ressaltou ainda que “a estratégia é aguardar oportunidades futuras para desenvolver soluções de suprimento, bem como venda de energia”.

Questionada se haverá demissões após o fechamento da usina, a Eneva disse apenas que “os colaboradores que continuam operando suas funções normalmente, sendo que possíveis decisões serão comunicadas com transparência, de acordo com as diretrizes da empresa”. 

Em nota, a Petrobras explicou que o atual contrato de fornecimento de gás natural para a UTE Termofortaleza encerra neste mês, conforme condição comercial estabelecida contratualmente, após 20 anos do início de vigência.

“Tal prazo está em consonância com o encerramento das operações da Petrobras no Terminal de GNL de Pecém, sendo os ativos do Terminal transferidos para a empresa responsável pelo Porto”, destacou. 

Possíveis impactos do fim da operação para o Ceará 

Segundo o diretor de regulação do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Ceará (Sindienergia), Bernardo Viana, um dos prejuízos do fim da operação da Termofortaleza seria o potencial exportador do Estado, considerando que haverá perda de produção de 327 megawatts (MW). 

Outro efeito pode ser em relação ao consumidor. “Não haveria impacto no curto prazo porque as tarifas são reajustas todo mês de abril. Então, os custos dessa geração até dezembro estão contabilizados”, ponderou. 

A partir de janeiro, no entanto, pode haver alteração dos valores. “Uma energia que era produzida aqui será substituída. Não temos como garantir qual fonte energética irá substituí-la, mas é certo que essa térmica era realmente uma das mais caras do País”, observou. 

Outro ponto, acrescenta, é que o Ceará reduzirá a dependência de energia poluente e aumentará a fatia das renováveis. 

QUAIS SÃO AS USINAS TERMELÉTRICAS DO CEARÁ

  • Termoceará, pertencente à Petrobras e localizada em Caucaia com capacidade de 220 MW;
  • TermoFortaleza, da Eneva, que possui 327 MW e está instalada no Pecém;
  • Energia Pecém, com 720 MW;
  • MPX Pecém 2, de 365 MW;
  • CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), que produz energia para ela própria e vende o excedente no mercado.

Leia nota da Eneva:

“A Eneva informa que apresentou solicitação formal à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para antecipação do término da autorização conferida à UTE Fortaleza, no município de Caucaia, Ceará, outorgada sob o regime de Produção Independente de Energia Elétrica (PIE).

A antecipação da data de término da outorga para 28 de dezembro de 2023, conforme deliberado pela diretoria da Aneel, busca alinhamento com o encerramento do contrato de fornecimento de combustível da usina. A vigência da outorga era até 27 de dezembro de 2033, conforme a Resolução Autorizativa (REA) 11.131/2022.

A Eneva esclarece que a decisão ocorre devido a sua seriedade em honrar seus compromissos contratuais, considerando a disponibilidade operacional da usina.

Os colaboradores que continuam operando suas funções normalmente, sendo que possíveis decisões serão comunicadas com transparência, de acordo com as diretrizes da empresa”. 

 

 

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