Jogo do Tigrinho: quem te influencia?

Legenda: Jogos estão prejudicando saúde das pessoas
Foto: Shutterstock

Já que tenho este espaço para, entre outros assuntos, tratar das finanças pessoais e educação financeira, vale escrever sobre um tema que tem se tornado um pesadelo para muitas pessoas e famílias. Os chamados jogos de azar on-line. 

Inúmeros são os relatos de pessoas, em todo o Brasil, que se entregaram aos jogos on-line e, normalmente, perderam muito dinheiro. Em alguns casos, pessoas estão se suicidando. É. Acreditem. Tais jogos trazem dependência e levam a morte. Isso é real.

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Ultimamente o que mais tem se falado é de um dos jogos on-line: o Future Tiger, mais conhecido como Tigrinho, trata-se da plataforma desenvolvida pela empresa com sede em Malta PG Soft que chama apostadores com uma forte promessa de ganhos rápidos e um desenho de jogo similar a de um caça-níquel. O jogador tenta combinar três figuras iguais em três fileiras para receber prêmios em dinheiro. A quantia é determinada pelos símbolos que aparecem na tela.

Este jogo ficou muito conhecido, principalmente, porque influencers digitais indicam, promovem e divulgam tal jogo. Ostentam riquezas e foram presos pela Polícia Civil, em alguns casos.

Situações como: 

  • “No interior de São Paulo, a enfermeira Gabriely Sabino foi encontrada na última sexta-feira (21/06) após passar uma semana desaparecida. Ela assumiu à imprensa ter fugido após contrair dívidas para investir no “jogo do tigrinho”, uma espécie de caça-níquel online.”
  • “Perdi mais de 10 mil, e ainda tenho um boleto de 3.600 pra pagar”
  • “Eu perdi 30 mil que guardava desde os 15 anos”
  • “Um dos casos aconteceu no município de Formosa da Serra Negra, no interior do Maranhão. Rafael Mendes, de 17 anos, cometeu suicídio no dia 10 de setembro.”
  • “Semanas antes, a socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), da cidade de Pastos Bons, Jaciaria Borgens, também teria tirado a própria vida por causa de um prejuízo provocado pelo 'Jogo do Tigrinho'.”

E a Lei?

Jogos de azar não são permitidos no Brasil e são considerados crimes pela Lei de Contravenções Penais, definidos como o tipo de jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte. As plataformas de caça-níquel online, porém, estão na maioria das vezes sediadas em paraísos fiscais no exterior, o que dificulta a auditoria.

Elas funcionam de forma diferente dos jogos regidos pelo arcabouço legal de apostas online. Nesse caso, as empresas precisam ter sede no Brasil e o usuário deve ser orientado quanto ao risco de perda de valores ao jogar.

E o vício?

Como psiquiatras explicam, a gente fica dependente não só de substâncias químicas, mas também de comportamentos altamente sedutores para o cérebro, as dependências comportamentais, como o transtorno do jogo. O jogo de azar tem esse potencial aditivo porque tudo que dá prazer vai estimular o sistema de recompensa cerebral, que processa e identifica a possibilidade de obter gratificação.

Mas eu não caio nessa. Será?

Muitos são os fatores que levam cada um de nós a não resistir a tentação: precisar de dinheiro, promessa de dinheiro rápido, prazer momentâneo, levar vantagem, não admitir que está perdendo.

Crianças, adolescentes e adultos – todos estão caindo neste vício sim. Então, antes de dizer que é só o outro, olhe para você e sua família. Te garanto que, na sua família já existe pelo menos 1 pessoa que joga on-line. Seja Tigrinho, Pinguim, Plataformas Chinesas, Bet. O fato é que o risco financeiro, emocional e de vida é real, ainda que pareça virtual.

Pensem nisso! Até a próxima.

Ana Alves
@anima.consult
emaildaanaalves@yahoo.com.br
Economista, Consultora, Professora e Palestrante

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.



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