Turista deve logo comprar dólar, mesmo em parte

Nas casas de câmbio de Fortaleza, o dólar turismo em espécie varia de R$ 2,67 a R$ 2,78, diferença de 4%

Com a valorização progressiva do dólar, os turistas brasileiros que pretendem viajar ao exterior nos próximos dois meses devem buscar às casas de câmbio para evitar um peso ainda maior no orçamento. O valor da moeda norte-americana não deverá cair muito, acreditam analistas de mercado.

Entre abril e julho, por exemplo, o dólar comercial custava, em média, R$ 2,23, 16,14% a menos que a cotação atual, R$ 2,59. A escalada da moeda, nos últimos meses, reflete principalmente no bolso dos viajantes.

Na manhã de ontem, a reportagem do Diário do Nordeste ligou para casas de câmbio de Fortaleza e verificou que o valor do dólar turismo em espécie varia de R$ 2,67 a R$ 2,78, uma diferença de 4%. Para as operações com cartões pré-pagos, a moeda foi encontrada de R$ 2,78 a R$ 2,82, oscilando 1,4%.

"Quanto mais próximo o fim do ano, mais caro deve ficar o dólar. E isso não tem a ver só com o fortalecimento da economia dos Estados Unidos, mas com o aumento da demanda por viagens internacionais nesta época do ano", afirma o gerente da Sadoc Câmbio e Turismo, Havelange Silveira, dizendo que pesquisar os preços entre as casas de câmbio é fundamental para amenizar os gastos.

Compra em lotes

Uma alternativa para os turistas brasileiros que acreditam numa desvalorização da moeda, destaca Silveira, é adquiri-la de forma parcelada. Para os turistas que irão viajar em dezembro ou janeiro, é interessante comprar o dinheiro em lotes.

"Essa prática é ideal para quem está atento às oscilações. Como o mercado vem oscilando muito, a compra em lote pode garantir ao turista um gasto menor no fim das contas. Mas não acredito numa redução drástica da moeda", complementa.

Incertezas

Para o presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), Delano Macêdo, a hora de comprar dólar é agora, apesar da atual cotação. "Por enquanto, o cenário é de incerteza. Não podemos arriscar nada em termos de valores. Porém, o comportamento do mercado vai depender da escolha do futuro ministro da Fazenda", aponta.

O novo nome deverá ser anunciado pela presidente Dilma Rousseff após a reunião de cúpula do G20, grupo formado pelos 20 países mais ricos do mundo. O encontro acontece hoje e amanhã, na cidade de Brisbane, na Austrália. Atualmente, lembra Silveira, é mais vantajoso comprar dólar em espécie, que tem Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38%. Para operações com cartões pré-pagos, a alíquota do tributo é de 6,38%.

Procura

A alta da moeda norte-americana também impacta nas agências de turismo, fazendo diversas pessoas desistir de viagens internacionais. Segundo o diretor operacional da agência Open Point, Bruno Machado, localizada em Fortaleza, a procura por destinos no exterior vem mostrando uma desaceleração atípica para a época do ano.

"O dólar caro, aliado aos preços das passagens aéreas também mais altos, deixa muita gente com receio de ir para o exterior. Os clientes que não desistem de viajar, muitas vezes, optam por destinos internacionais mais baratos ou escolhem destinos no Brasil. Esse cenário está impactando negativamente em nosso mercado", conta.

Segundo ele, a Open Point vem realizando parcerias com outras agências no sentido de viabilizar ações promocionais e atrair mais consumidores. Para os clientes antigos, a empresa está oferecendo pacotes com descontos ainda mais atrativos.

Moeda a R$ 2,60; maior em 9 anos

São Paulo Especulações sobre o próximo nome a comandar o ministério da Fazenda, no lugar de Guido Mantega, voltaram a mexer com o humor dos investidores ontem, derrubando em mais de 2%, a Bolsa brasileira e levando o dólar, novamente, ao maior valor em nove anos.

No câmbio, o dólar à vista fechou em alta de 1,39% sobre o real, cotado em R$ 2,595 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,13%, para R$ 2,592. Ambos renovaram suas maiores cotações desde 18 de abril de 2005, quando o dólar à vista era cotado em R$ 2,619 e o comercial valia R$ 2,608. A moeda americana chegou a atingir máxima de R$ 2,611, ao longo do dia.

Em outubro, o dólar começou a atingir os maiores valores de fechamento desde 2005, renovando as máximas. No dia 23, o dólar fechou em R$ 2,5137 e atingiu o maior valor desde 2 de maio de 2005, quando a cotação era de R$ 2,5146. No dia 27, a divisa fechou a R$ 2,5229, maior valor de fechamento desde 2005, quando, no dia 29 de abril, a moeda fechou cotada a R$ 2,5313.

A Bovespa fechou em baixa ontem, também influenciada pela expectativa do anúncio do novo ministro e o rumo da política econômica. O Ibovespa, principal índice de ações, caiu 2,14%, a 51.846 pontos.

Oscilação

A instabilidade é agravada pelo cenário externo, principalmente depois que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, encerrou o programa de injeções de dólares na economia mundial motivado pela recuperação do emprego nos Estados Unidos. O dólar não tem caído apesar de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) ter aumentado a taxa Selic para 11,25% ao ano. Em tese, os juros domésticos mais altos ajudam a derrubar o dólar porque ampliam a diferença das taxas brasileiras em relação às dos Estados Unidos, tornando o Brasil mais atrativo para os aplicadores internacionais.

Raone Saraiva
Repórter