Maxixe: descubra os benefícios do vegetal que carrega saúde, memória e ancestralidade

De origem africana, o maxixe é consumido há séculos em comunidades afro-brasileiras, além das populações nortistas e nordestinas

Escrito por
Amanda Andrade* producaodiario@svm.com.br
Imagem de maxixes frescos e verdes, destacando sua textura escamosa.
Legenda: O maxixe é uma excelente escolha para pessoas com problemas digestivos, inflamações, colesterol alto e também para quem vive com diabetes.
Foto: Shutterstock

Sempre presente em feiras no Norte e Nordeste, o maxixe é um vegetal com alta densidade nutricional e uma história que atravessa gerações. Com sabor levemente amargo e refrescante, além da textura crocante, é um alimento funcional, acessível e com raízes profundas nas culturas negra e nordestina.

De origem africana e com nome derivado do kimbundu (língua falada em Angola), o maxixe é consumido há séculos em comunidades afro-brasileiras, além das populações nortistas e nordestinas. Com grande valor simbólico, o maxixe é uma hortaliça é leve, rica em fibras e cheia de propriedades que promovem a saúde.

O que é o maxixe e por que ele é tão importante?

O maxixe é uma hortaliça-fruto da família do pepino e do melão. Ele cresce bem em regiões quentes e secas, como o semiárido nordestino, e é tradicionalmente cultivado em hortas domésticas e roçados de comunidades rurais e urbanas.

Entre outras formas de apresentação, pode ser encontrado na forma de picles — técnica de conservação de alimentos que consiste em mergulhar o alimento em uma solução ácida, geralmente vinagre ou salmoura —, semelhante ao tradicional picles de pepino. 

Além de um alimento saboroso, para a bióloga e pesquisadora Renata Sirimarco**, o maxixe é parte do que ela chama de “plantas da negritude”, ou seja, é um alimento carregado de significado histórico e afetivo para as populações negras do Brasil.

Mão segurando três maxixes em uma plantação, destacando a colheita de frutas tropicais frescas e saudáveis.
Legenda: Rico em fibras solúveis e insolúveis, o maxixe contribui para o bom trânsito intestinal e ajuda na prevenção da constipação.
Foto: Shutterstock

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5 benefícios do maxixe para a saúde

Para saber os benefícios do maxixe, o Diário do Nordeste conversou com a nutricionista especializada em nutrição vegetariana Carolina Araripe***. 

1. Melhora o funcionamento intestinal

Rico em fibras solúveis e insolúveis, o maxixe contribui para o bom trânsito intestinal e ajuda na prevenção da constipação. Além disso, alto teor de água favorece a hidratação e o equilíbrio do sistema digestivo.

2. Fortalece a imunidade

A vitamina C presente no maxixe atua na proteção do sistema imunológico, ajudando a prevenir gripes, infecções e processos inflamatórios. O vegetal também contém antioxidantes naturais que protegem as células do corpo.

3. Ajuda no controle da glicemia e do colesterol

Por ter baixo índice glicêmico e ser rico em fibras, o maxixe é um aliado no controle da glicose no sangue, sendo uma boa opção para quem tem ou quer prevenir a diabetes tipo 2. Ele também contribui na redução do colesterol ruim (LDL).

4. Contribui para a saúde dos ossos e dos músculos

Cálcio, magnésio e fósforo são alguns dos minerais encontrados no maxixe, essenciais para manter a estrutura óssea fortalecida e prevenir doenças como osteoporose. O potássio, por sua vez, auxilia na função muscular e na regulação da pressão arterial.

5. Possui ação antioxidante e anti-inflamatória

De acordo com a especialista, o maxixe é leve, versátil e cheio de compostos com potencial anti-inflamatório. Seu consumo regular ajuda a combater o estresse oxidativo e contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares.

Para quem é indicado o maxixe?

Segundo Carolina Araripe, o maxixe é indicado para quem busca uma alimentação saudável, leve e funcional. Rico em fibras, água, vitaminas e minerais como potássio, cálcio e magnésio, ele ajuda no funcionamento intestinal, no fortalecimento dos ossos e músculos, no controle da pressão arterial e na imunidade.

É uma excelente escolha para pessoas com problemas digestivos, inflamações, colesterol alto e também para quem convive com a diabete, desde que inserido de forma equilibrada na alimentação.

A especialista, no entanto, alerta que, em alguns casos, o uso talvez precise ser mais controlado. “Quem tem algum problema específico, que exija controle de algum nutriente, precisa ter um pouco mais de cuidado, e ser acompanhado por um nutricionista”, ressalta.

Quem tem diabete pode comer maxixe?

Sim, quem tem diabete pode comer maxixe. Por ser rico em fibras e ter baixo índice glicêmico, o maxixe contribui para o controle da glicemia, ajudando a evitar picos de açúcar no sangue. Segundo a nutricionista Carolina Araripe, ele é um aliado na prevenção e no controle do diabetes tipo 2, além de promover a saciedade e regular o metabolismo.

Como fazer o suco do maxixe para baixar a glicose?

Imagem do suco de picles, um tipo de maxixe. Na foto, o suco está disposto em um copo de vidro, com um canudo de inox, ao lado de uma pequena tijela de vidro cheia de pequenos maxixes.
Legenda: O suco de maxixe é uma alternativa natural para quem quer controlar a glicose e aproveitar os nutrientes do vegetal de forma prática.
Foto: Shutterstock

O suco de maxixe é uma alternativa natural para quem quer controlar a glicose e aproveitar os nutrientes do vegetal de forma prática. Veja, a seguir, como fazer: 

Ingredientes:

  • 2 maxixes médios lavados
  • 1 copo (200 ml) de água gelada
  • Suco de meio limão (opcional)
  • 1 colher de chá de gengibre ralado (opcional)

Modo de preparo:

  • Corte os maxixes em pedaços e bata no liquidificador com a água.
  • Coe, se desejar, e adicione o suco de limão e o gengibre.
  • Beba logo em seguida, de preferência sem adoçar.

Saiba como fazer o chá do maxixe

O chá de maxixe é tradicionalmente usado na medicina popular para aliviar inflamações e auxiliar na digestão. Além disso, é considerado diurético e pode auxiliar no controle da pressão arterial e na limpeza dos rins. Veja como fazer:

Imagem de picles, um tipo de maxixe, em um pote, acompanhados de um copo de caldo de picles, folhas de louro, pimenta-do-reino e picles cortados, representando alimentos fermentados e conservados.
Legenda: O maxixe é indicado para quem busca uma alimentação saudável, leve e funcional.
Foto: Shutterstock

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa da casca do maxixe (bem lavadas) ou um maxixe pequeno bem cortado e higienizado;
  • 250 ml de água filtrada

Modo de preparo:

  • Leve a água ao fogo e, assim que começar a ferver, adicione o maxixe ou as cascas;
  • Deixe ferver por 5 minutos;
  • Desligue o fogo, tampe a panela e deixe a infusão descansar por mais 10 minutos;
  • Coe e beba morno ou frio, de preferência sem adoçar.

Como consumir o maxixe e preservar seus nutrientes

Para aproveitar ao máximo os benefícios do maxixe, o ideal é prepará-lo de maneira rápida: cozido no vapor, levemente refogado ou mesmo cru, em saladas. Segundo Carolina Araripe, evitar o cozimento prolongado é fundamental para manter os níveis de vitamina C.

4 curiosidades sobre o maxixe que você talvez não saiba

Tem nome africano

Segundo a bióloga Renata Sirimarco, a palavra "maxixe" tem origem no kimbundu, língua falada em Angola. Assim como o dendê e o giló, ele carrega não só sabor, mas também a marca da influência africana nas línguas e culturas brasileiras.

É composto majoritariamente por água

O maxixe tem altíssimo teor de água, o que o torna um alimento excelente para hidratação natural — especialmente em dias quentes ou em dietas que priorizam alimentos leves.

É um alimento de resistência cultural

Mais do que um ingrediente, Renata Sirimarco destaca que o maxixe é um marcador de identidade e um alimento de resistência. Ele representa a permanência das práticas alimentares afro-brasileiras nos quilombos, periferias, assentamentos e comunidades ribeirinhas.

Ajuda a reduzir processos inflamatórios no corpo

Graças ao seu conteúdo de fibras e antioxidantes, o maxixe atua no combate a inflamações silenciosas, que estão associadas a doenças como obesidade, diabetes e problemas cardíacos.

*Estagiária sob supervisão da jornalista Mariana Lazari.

**Renata Sirimarco é bióloga, professora e pesquisadora em Etnobotânica negro-africana. Cozinheira e nutridora da Auêra Gastronomia, é criadora do conceito plantas da negritude.

***Carolina Araripe é nutricionista e pós-graduada em nutrição vegetariana.

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