Pistoleiro Cássio Santana vai a júri em fevereiro de 2026 por matar dono de oficina

O caso demorou mais de 20 anos para ser julgado.

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Redação producaodiario@svm.com.br
Cássio Santana
Legenda: Cássio já foi condenado há 144 anos de prisão, pelo envolvimento em uma chacina.
Foto: Reprodução.

Um dos pistoleiros mais conhecidos do Ceará será julgado por mais um homicídio. Cássio Santana de Sousa, conhecido como 'Monstro' ou 'Careca' vai a júri popular em fevereiro de 2026, pelo assassinato de João Gondim de Menezes, dono de uma oficina em Tabuleiro do Norte, no Ceará, onde foi morto a tiros. 

Cássio Santana, de 46 anos, é acusado de uma série de homicídios e de ser membro da facção Comando Vermelho (CV). Dentre os crimes que ele foi  julgado, está a morte do radialista Nicanor Linhares e a chacina de Limoeiro do Norte, que deixou sete mortos. 

O Tribunal do Júri deve julgar Cássio no dia 6 de fevereiro de 2026, às 9h, pelo homicídio qualificado de João Gondim. O homem foi morto com quatro tiros, em agosto de 2003 - há 22 anos -, no chão da oficina em que trabalhava. 

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A defesa de Cássio Santana respondeu em nota ao Diário do Nordeste que "trabalhará com os elementos existentes nos autos, acreditando plenamente na absolvição, haja vista a fragilidade das provas, especialmente diante do fato de que o acusado Cássio não teve a mínima participação no referido crime".

Outro famoso pistoleiro José Roberto Santos, conhecido como 'Chico Orelha' - por arrancar a orelha das vítimas - também participou do assassinato de João Gondim. 'Chico Orelha'. José Roberto também morreu durante o processo. 

Cássio Santana segue detido na Unidade Prisional de Segurança Máxima do Estado do Ceará, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza. Cássio também foi julgado esse ano, por outro assassinato ocorrido em 2003. A vítima teve a orelha e a língua decepadas. Em seguida, Cássio e outro pistoleiro colocaram um cadeado na boca do homem. 

MORTE POR ENCOMENDA

Segundo o Inquérito Policial, Cássio Santana e 'Chico Orelha' foram até a oficina da vítima em uma motocicleta vermelha, pela manhã do dia 18 de agosto de 2003. Os assassinos mandaram o homem deitar no chão e efetuaram quatro disparos - dois na cabeça e dois nas costas -. 

Funcionários que estavam no interior da oficina afirmaram que ouviram os disparos e correram para a entrada da loja, onde João Gondim já estava morto. Após o crime, os dois fugiram para a zona rural de São João do Jaguaribe (CE), onde se encontraram com Andervânio Aquino, conhecido como 'Dervan' e que futuramente seria uma das testemunhas mais importantes do caso. 

A investigação revelou que 'Dervan' era amigo próximo dos pistoleiros e supostamente fazia parte do mesmo grupo criminoso que eles. O homem disse em depoimento que os assassinos contaram detalhes da ação.

Outra testemunha, identificada como Raimundo Marinho, revelou em depoimento que o assassinato de João Gondim foi encomendado por um homem chamado Silvio Guerreiro - falecido anos depois -. Ainda segundo ele, Silvio era o 'chefão da cidade' e o mandante de outros cinco assassinatos que aconteceram nos anos 2000. 

Todas as vítimas, incluindo João Gondim, teriam desavenças com Silvio e teriam sido mortas de formas semelhantes. "O pistoleiro chamava as vítimas, mandava deitar no chão e executava a tiros", afirmou a testemunha.

Silvo Guerreiro teria encomendado a morte de João Gondim após uma briga que aconteceu na oficina. João teria consertado o motor de um carro de Silvio, que pagou somente metade do valor cobrado.

Em outro momento, Silvio procurou os serviços do homem novamente. João se negou a trabalhar, afirmando que Silvio não pagava a quantia certa.

14 dias após a discussão, João Gondim foi morto. 

CHACINA E ASSASSINATO DE RADIALISTA

Em 2009, Cássio Santana foi julgado pelo assassinato do radialista Nicanor Linhares Batista, morto por quatro matadores de aluguel, que invadiram o estúdio da Rádio Vale do Jaguaribe, onde o homem trabalhava, na cidade de Limoeiro do Norte.

A Polícia investigou o caso e descobriu que ele teve motivação política. Na época, o radialista fazia severas críticas à administração do Município - João Gondim também fez críticas a taxas de iluminação cobradas pela prefeitura antes de ser morto - . Cássio recebeu a quantia de 6 mil reais pela execução de Nicanor. 

Mas, segundo delação de 'Dervan', ex-colega de Cássio, o pistoleiro só matou o radialista pela promessa de que um homem identificado como 'Sargento Edésio' tentaria revogar uma prisão decretada contra Cássio, na cidade de Alto Santo, interior do Ceará. 

Cássio também foi apontado como um dos responsáveis pela chacina de Limoeiro. O crime teria sido uma represália de pistoleios depois que a Polícia deteve a mulher de um dos comparsas do grupo. 

Sete pessoas foram mortas na chacina e seis delas também tiveram as orelhas arrancadas. O crime aconteceu em 2003 e o julgamento em 2011. Cássio Santana foi sentenciado a 144 anos de prisão, devido aos seis homicídios triplamente qualificados e homicídio duplamente qualificado.

*Estagiária supervisionada pelo jornalista Emerson Rodrigues. 

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