CGD investiga e afasta PM preso por morte de esposa policial no Eusébio

O caso é tratado pelas autoridades como um feminicídio.

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Redação seguranca@svm.com.br
foto de dois pms, um homem suspeito de matar a policial militar larissa, esposa dele.
Legenda: Familiares afirmam que o casal tinha histórico de discussões.
Foto: Reprodução/Redes Sociais.

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) instaurou procedimento administrativo disciplinar para investigar o soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Joaquim Gomes de Melo Filho. O agente também foi afastado das funções. Ele é investigado por assassinar a tiros a esposa, também policial militar.

De acordo com portaria publicada nessa terça-feira (16), o praça deve ficar afastado preventivamente pelo prazo de 120 dias das suas funções. A CGD explica que a decisão se deve aos fatos que "revestem-se de acentuado grau de reprovabilidade, sendo incompatíveis com a função pública, além de ser necessário à garantia da ordem pública e à correta aplicação da sanção disciplinar".

Joaquim Filho teria alvejado a esposa Larissa Gomes da Silva, quando o casal discutia dentro do carro, na cidade do Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Larissa foi alvejada com dois disparos de arma de fogo, enquanto Joaquim ficou ferido na perna. Após atendimento médico, o soldado foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio.

A arma usada pelo suspeito no crime foi uma pistola calibre .40, do acervo patrimonial da PMCE. A pistola foi apreendida e deve passar por perícia

A defesa do agente, representada pelo advogado Cícero Roberto, alega que o homem agiu em legítima defesa. O processo tramita em segredo de Justiça.

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AGRESSÕES

Larissa Gomes relatava aos amigos e familiares que sofria constantes violências do companheiro desde o início do relacionamento, quatro anos atrás. A mais recente teria sido uma sequência de coronhadas — golpe dado com a coronha de uma arma — que a deixou com ferimentos abertos e afundados na cabeça.

"Deu uma coronhada no meu rosto e na minha cabeça, várias coronhadas. Uma abriu, a outra afundou, por isso que até hoje está inchado. Bati fotos para deixar como prova, mas ele, tão pilantra, não queria deixar [registrar]", disse a própria vítima em um áudio enviado a uma amiga.

A mãe da vítima, Fabíola Paiva, disse ter conhecimento de ao menos quatro episódios de agressão, incluindo uma vez em que Joaquim teria atirado em uma garrafa de Larissa porque ela estava conversando com outro colega de trabalho.

Fabíola confidenciou ainda que só não levou para frente a denúncia contra o ex-genro porque ele a ameaçou. "Ele bateu foto do meu apartamento e disse que, se eu denunciasse, ele sabia onde eu morava", lembrou.

Além disso, de acordo com a mãe, o policial deu ainda outros sinais de que era violento com Larissa. "Ele sempre foi agressivo. Afastou ela dos amigos, dos filhos dela [são três]. Ela só vinha ver os filhos quando não estava com ele. Foram quatro anos de muito sofrimento", desabafou Fabíola.

APARTAMENTO INVADIDO

Logo após o assassinato de Larissa, o apartamento dela foi invadido e revirado. Os policiais militares, que estavam de serviço, são suspeitos de participar do episódio. A CGD também investiga este caso no âmbito administrativo.

A reportagem apurou, com familiares da soldado Larissa, que três policiais chegaram em uma viatura da PMCE à portaria do condomínio. Eles se identificaram como policiais e disseram que iriam à casa de Larissa. Quando a família da vítima soube da "visita" e foi ao local, já encontrou o imóvel revirado.

Em nota, a Polícia Militar informou que "estão em andamento as apurações referentes à ocorrência envolvendo os policiais militares soldado Larissa Gomes da Silva e soldado Joaquim Gomes de Melo Filho pela Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar (CPJM)".

Segundo a Corporação, "as diligências tiveram início no dia do fato e permanecem em curso, com o objetivo de esclarecer todos os aspectos do caso". Por fim, disse que "os detalhes das diligências não são divulgados, a fim de não comprometer o andamento das ações". 

 

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