Policiais são suspeitos de invadir e revirar casa de PM morta por companheiro policial no CE
A Controladoria Geral de Disciplina investiga o caso.
O apartamento da policial militar Larissa Gomes da Silva - morta pelo companheiro, também PM, na última quarta-feira (3) - foi invadido e revirado, na sexta (5). Policiais militares, que estavam de serviço, são suspeitos de participar do episódio.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) confirmou, por nota, que "investiga a ocorrência no âmbito administrativo", em razão da suposta participação dos PMs.
A reportagem apurou, com familiares da soldada Larissa, que três policiais chegaram em uma viatura da Polícia Militar do Ceará (PMCE) à portaria do condomínio localizado no município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde a policial militar morava, na última sexta-feira (5).
Eles se identificaram como policiais e disseram que iriam à casa de Larissa. Quando a família da militar soube da "visita" e foi ao local, já encontrou o imóvel revirado.
Segundo a família da policial militar, Larissa e Joaquim Gomes de Melo Filho eram namorados e tinham o plano de morar juntos, mas não eram casados.
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Policial segue preso
O soldado Joaquim Gomes de Melo Filho, acusado de matar a companheira Larissa Gomes da Silva, teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, pela Justiça Estadual, em audiência de custódia realizada na última sexta (5).
Larissa foi morta com tiros durante uma discussão do casal, dentro de um veículo, no Eusébio, na noite da última quarta-feira (3). A policial militar, de 26 anos, chegou a ser socorrida a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu aos ferimentos.
Joaquim foi baleado na coxa, durante a discussão com a namorada. A defesa do PM, representada pelo advogado Cícero Roberto, alega que o militar agiu em legítima defesa, após a companheira atirar contra ele.
PM relatou agressões
Larissa Gomes relatava aos amigos e familiares que sofria constantes violências do companheiro desde o início do relacionamento, quatro anos atrás. A mais recente teria sido uma sequência de coronhadas — golpe dado com a coronha de uma arma — que a deixou com ferimentos abertos e afundados na cabeça.
"Deu uma coronhada no meu rosto e na minha cabeça, várias coronhadas. Uma abriu, a outra afundou, por isso que até hoje está inchado. Bati fotos para deixar como prova, mas ele, tão pilantra, não queria deixar [registrar]", disse a própria vítima em um áudio enviado a uma amiga. O conteúdo foi revelado pela TV Verdes Mares nessa quinta-feira (4).
A mãe da vítima, Fabíola Paiva, disse ter conhecimento de ao menos quatro episódios de agressão, incluindo uma vez em que Joaquim teria atirado em uma garrafa de Larissa porque ela estava conversando com outro colega de trabalho.
Fabíola confidenciou ainda que só não levou para frente a denúncia contra o ex-genro porque ele a ameaçou. "Ele bateu foto do meu apartamento e disse que, se eu denunciasse, ele sabia onde eu morava", lembrou.
Além disso, de acordo com a mãe, o policial deu ainda outros sinais de que era violento com Larissa. "Ele sempre foi agressivo. Afastou ela dos amigos, dos filhos dela [são três]. Ela só vinha ver os filhos quando não estava com ele. Foram quatro anos de muito sofrimento", desabafou Fabíola.