Criminoso mais procurado do Ceará era operador financeiro e logístico do CV e se escondia na Bolívia

O suspeito estava com nove mandados de prisão em aberto.

A imagem mostra quatro policiais civis em volta de um suspeito preso, na Bolívia.
Legenda: O criminoso mais procurado do Ceará foi detido em operação conjunta entre as polícias Civil do Ceará e de Rondônia com a Polícia da Bolívia.
Foto: Divulgação/ PCCE.

Jangledson de Oliveira, o 'Nem da Gerusa', de 37 anos, preso na Bolívia na última quinta-feira (13), era o criminoso mais procurado pela Polícia do Ceará. Segundo as autoridades de Segurança do Ceará, ele era um operador financeiro e logístico da facção carioca Comando Vermelho (CV) e tinha nove mandados de prisão em aberto.

A prisão foi realizada em operação conjunta entre as polícias Civil do Ceará e de Rondônia com a Polícia da Bolívia. Os policiais brasileiros tiveram que utilizar um barco para chegar à cidade boliviana de Guayaramerín, onde aconteceu a prisão.

"O 'Nem da Gerusa' é considerado um integrante de alta hierarquia do Comando Vermelho, responsável pela articulação financeira do grupo. E estava na Bolívia, um dos três maiores países produtores de cocaína, exatamente pela sua capacidade de articular não só a parte financeira, mas também a parte logística do grupo", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Márcio Gutiérrez, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (14).

O diretor-adjunto do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), delegado Alisson Gomes, corroborou que a prisão de 'Nem' é "extremamente estratégica, porque não só tira de circulação aquele que acreditamos ser o criminoso mais procurado do Estado do Ceará hoje, como também promove a verdadeira desorganização, tanto logística, no aspecto financeiro de drogas, como do próprio cometimento de ordens de crimes violentos".

Segundo Gomes, o suspeito já tinha feito parte de outras facções, inclusive rivais do Comando Vermelho, antes de ingressar no CV. Ele estava foragido desde 2015, quando fugiu de um presídio em Potengi, no Rio Grande do Norte. 

O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), delegado Thiago Salgado, revelou que 'Nem' "já esteve também na Venezuela, em outros anos, e em comunidades do Rio de Janeiro, em 2024".

"Após uma operação também coordenada pela Polícia Civil do Ceará, com o apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ele fugiu das comunidades do Rio de Janeiro e foi se homiziar (esconder) na Bolívia. Ele estaria na Bolívia, pelos nossos levantamentos, desde meados desse ano e, desde então, começamos a monitorar e trabalhar na captura desse indivíduo", acrescentou o delegado.

O cearense também é suspeito de matar um policial na Bolívia. Por isso, existe a possibilidade dele permanecer preso no outro país. "A gente iniciou as tratativas, inicialmente com o adido da Polícia Federal na Bolívia, e agora as autoridades bolivianas estão fazendo toda a verificação se a situação dele seria caso de expulsão do país ou se ele deveria efetivamente ficar lá, até um desdobramento dessas análises", explicou o delegado-geral Márcio Gutiérrez.

"Estamos acompanhando de perto as autoridades bolivianas, mas, caso exista uma inclinação para que ele permaneça naquele país, nós vamos iniciar as tratativas diplomáticas e fazer as solicitações para que os governos se comuniquem, para que a gente consiga trazê-lo para cá, para que ele responda pelos crimes cometidos aqui no Brasil", completou.

Veja também

Nove mandados de prisão em aberto

Conforme a Polícia Civil do Ceará, 'Nem da Gerusa' tinha nove mandados de prisão em aberto, por homicídios e por integrar organização criminosa.

Ele era suspeito de ordenar assassinatos nas cidades cearenses de Aquiraz, Eusébio, Maracanaú e Itarema. E tinha antecedentes criminais também por roubo e crimes de trânsito.

foto do nem da geruza, suspeito preso.
Legenda: Jangledson de Oliveira, conhecido como 'Nem da Gerusa'.
Foto: Divulgação/PCCE

'Nem' já estava na lista dos mais procurados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) há, pelo menos, cinco anos. Contra ele havia nove mandados de prisão em aberto.

Dentre os crimes pelos quais Jangledson é acusado está o assassinato do próprio sogro, um bombeiro militar, em Maracanaú, em 2017. Ele também é acusado de ordenar a execução de um casal, por meio do 'Tribunal do Crime', em Aquiraz, em 2020.

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados