'Bin Laden', 'Irmão Tenebroso' e outros três homens são condenados por integrar facção no CE
Na lista dos condenados está também uma mulher que se dizia cuidadora de idosos.
Quatro homens e uma mulher foram condenados no Ceará por integrar a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Somadas, as penas proferidas pelos juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas chegam a 48 anos de prisão. Um sexto acusado foi absolvido.
Os condenados são: Antônio Carlos Pereira Gomes, o 'Bin Laden'; Antônio Evanderson Pena Garcia, o 'Irmão Tenebroso'; Jorgyana Silva Soares; Paulo Victor da Silva Araújo; e Yves Derick de Andrade Barbosa. A eles foi negado direito de recorrer em liberdade.
Nesta ação penal também era réu Guilherme de Paulo Viana da Costa, que restou absolvido por a Justiça entender que não havia provas suficientes contra ele. As defesas não foram localizadas pela reportagem.
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No total, 56 pessoas foram acusadas de integrar a GDE. Os nomes deles foram descobertos após a extração de dados de um aparelho celular de um suspeito. O processo foi desmembrado e continua tramitando para os demais.
A reportagem apurou que Jorgyana era cuidadora de idosos.
CONVERSAS NO WHATSAPP
Policiais civis passaram a investigar membros da facção quando uma adolescente denunciou que vinha sendo mantida em cárcere privado, em um cativeiro na Caucaia. A vítima foi raptada e submetida ao 'Tribunal do Crime'.
A menina conseguiu fugir e denunciou o caso à Polícia. Investigadores foram ao cativeiro e flagraram os suspeitos no local em posse de drogas e parte dos cabelos da jovem.
A investigação iniciada no ano de 2022 se desdobrou a partir da apreensão de celulares dos suspeitos. Nos aparelhos, autoridades localizaram três grupos de Whatsapp, nos quais se conversava sobre crimes ligados à GDE.
Um dos grupos era o 'MP Caucaia Mês O9'. Neste, os objetivos principais eram mapear a área, divulgar informações aos faccionados e falar sobre o controle financeiro (pagamento de caixinha) da organização.
"O segundo grupo "CAMPEONATO DO GRILO" tinha como objetivo divulgar os relatos sobre a atividade criminosa na cidade de Caucaia e para monitorar a atividade policial com difusão de informações nesse sentido. Já o grupo "PUNIÇÃO E DISCIPLINA" era voltado para debater represálias a membros indisciplinados e para "decretar" inimigos, ou seja, integrantes de grupos rivais"
Os nomes dos acusados estavam nos grupos e a Justiça entendeu que eles participavam da facção. Todos eles negam envolvimento no 'mundo do crime' e não reconhecem seus apelidos.
Quando ouvido em juízo, Jerônimo ainda disse que só estava no grupo "porque queria saber sobre a comunidade onde morava, mas que não era de facção".