Fortaleza é a 3ª cidade do Brasil com mais inserções no banco nacional de análises balísticas

Os peritos encontraram 573 ligações de elementos balísticos apreendidos na capital cearense com outras ocorrências.

Escrito por
Messias Borges messias.borges@svm.com.br
A imagem mostra um perito forense, de costas, blusa azul, olhando para um computador, onde ele realiza uma análise balística.
Legenda: Os peritos analisam os microestriamentos impressos em cada elemento balístico e cadastram as informações no Sistema Nacional de Análise Balística.
Foto: Divulgação/ Pefoce.

Desde 2022, o Brasil dispõe do Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) - um banco de dados de projéteis e estojos apreendidos em locais de crimes. Em quase quatro anos do Sistema, Fortaleza soma o terceiro maior volume de inserção de dados, entre 40 cidades que centralizam os dados de todo o País.

7.551
dados foram registrados no Sinab pelo núcleo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) que atua em Fortaleza, entre janeiro de 2022 e outubro de 2025.

O número é menor apenas que as centrais de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), onde foram registrados 13.481 dados; e Belo Horizonte (Minas Gerais), que teve 11.221 registros.

Dentre os registros da Pefoce em Fortaleza, 6.110 (80,9%) são projéteis deflagrados e 1.441 são estojos (19,1%) - recipientes que guardam o projétil.

Os dados do Sinab também mostram que a maior parte desses elementos balísticos são de calibre 38.

Confira os dados por calibre analisados em Fortaleza:

  • Calibre 38 Special (comumente usado em revólver): 3.302 registros;
  • Ponto 40 (comumente usado em pistola): 1.552 registros;
  • Calibre 9 mm (comumente usado em pistola): 1.291 registros;
  • Calibre 380 (comumente usado em pistola): 1029 registros;
  • Calibre 38 Chog (comumente usado em carabinas): 129 registros;
  • Calibre 32 (comumente usado em revólveres): 103 registros;
  • Calibre 7.65 (comumente usado em fuzis): 54 registros;
  • Calibre 45 auto (comumente usado em pistolas): 44 registros;
  • Calibre 5.56 (comumente usado em fuzis): 21 registros;
  • Calibre 22 (comumente usado em rifles): 7 registros;
  • Calibre 44 - 40 (comumente usado em rifles): 5 registros;
  • Em branco: 7 registros;
  • Desconhecidos: 3 registros.

O perito criminal Gervásio Silva, da Pefoce, afirma que cerca de 300 projéteis ou estojos chegam ao núcleo de análise balística que atua em Fortaleza, todo mês.

Os peritos analisam os microestriamentos impressos em cada elemento balístico, com apoio de um microscópio óptico, e cadastram as informações no Sistema Nacional de Análise Balística, para serem comparados com dados de outros projéteis, estojos e armas apreendidos em todo o Brasil.

Veja também

Central em Juazeiro do Norte

A Perícia Forense do Ceará também dispõe de uma central do Sinab no Município de Juazeiro do Norte, na Região do Cariri, desde novembro de 2023. De lá para cá, o núcleo realizou 814 inserções de projéteis e estojos no Sinab - ocupando o 29º lugar entre as centrais de todo o Brasil.

76,4%
dos registros são referentes a projéteis (622 unidades) apreendidos nas cenas de crimes ocorridos na região. O restante, 23,6%, representam os 192 estojos recolhidos.

Os calibres mais analisados pela central de Juazeiro do Norte são 38 Special (317 registros), Ponto 40 (130 registros) e 38 Chog (110 registros).

Relações entre crimes

Gervásio Silva aponta que o Sinab foi criado para reunir dados sobre projéteis e armas de fogo de todo o Brasil, o que permite criar ligações entre crimes ocorridos em diferentes localidades. 

573
ligações entre elementos balísticos foram encontradas pela central de Fortaleza da Perícia Forense do Ceará. Destas, 15 são ligações com registros feitos por outras centrais espalhadas pelo Brasil.

A imagem mostra um perito forense, com farda azul, luvas e fone de ouvido, realizando um teste com uma arma de fogo de grande porte.
Legenda: Os peritos forenses também analisam a identidade das armas de fogo apreendidas, para identificar o padrão delas e comparar aos projéteis e estojos.
Foto: Divulgação/ Pefoce.

"A importância desse banco é fazer ligações entre homicídios, em localidades diferentes, que antes não tinham a menor suspeita. Isso mostra que ainda há muitos 'matadores de aluguel' e que as armas de fogo circulam dentro de uma facção ou até entre facções diferentes", afirma o perito criminal Gervásio Silva.

O número de ligações balísticas registradas em Fortaleza é o quinto maior do Brasil. Números maiores foram registrados em Natal (Rio Grande do Norte), com 1.231 ligações; Curitiba (Paraná), com 910 ligações; em Belo Horizonte (Minas Gerais), com 594 registros; e em João Pessoa (Paraíba), com 575 ligações.

Já a central de Juazeiro do Norte realizou 41 ligações entre unidades balísticas apreendidas.

As ligações são chamadas também de "matchs". Em 2025, a Pefoce identificou 53 "matchs" de armas ligadas a locais de crimes em Fortaleza e 9, em Juazeiro do Norte.

As informações obtidas pelos peritos são repassadas às autoridades da Polícia Judiciária, como é o caso da Polícia Civil do Ceará (PCCE). Os dados compilados no Sinab já auxiliaram em 813 inquéritos policiais no Ceará.

O Sistema Nacional também calcula o número de "correlações", termo que significa a semelhança entre projéteis ou estojos. Cada elemento balístico tem cerca de 20 a 30 correlações, segundo Gervásio Silva.

Em Fortaleza, já foram concluídas 10.506 correlações e visualizadas outras 3.720 correlações (que seguem em análise). Em Juazeiro do Norte, foram concluídas 1.126 correlações e visualizadas mais 628 correlações.

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