Conheça a história da cocada caseira e aprenda a receita tradicional nordestina
Em mais de 300 anos, desde a chegada ao País, o doce acumulou diversas versões e ganhou o coração e a mesa dos brasileiros
De sabor inconfundível e textura que derrete na boca, a cocada caseira é muito mais do que um simples doce brasileiro, mas um pedaço da história e da cultura.
De origem africana, a iguaria remonta ao período da colonização do Brasil e carrega a ancestralidade até hoje para as mesas das famílias, sendo querida de norte a sul do País.
Feita do coco, a receita sofreu diversas modificações e ganhou inúmeras versões, variando a textura e o sabor, incluindo, inclusive, outras frutas, como o maracujá.
A seguir, o Diário do Nordeste detalha a história das cocadas e ensina como preparar o prato tradicional. Confira!
Qual é a história da cocada? Origens africanas e história no Nordeste
A cocada é um doce presente em diferentes localidades do mundo. No Brasil, a teoria mais difundida é de que a receita de cocada fora trazida da África por pessoas traficadas durante a colonização.
Segundo citam diversos estudos, as primeiras cocadas caseiras teriam surgido na região Nordeste, especificamente no estado da Bahia, produzidas por escravizados que atuavam, principalmente, nas grandes fazendas de cana-de-açúcar.
Na época, os servos teriam aproveitado o coco, abundante na região, para adicioná-lo a algum produto derivado da cana, como o caldo, o açúcar não refinado (mascavo) ou a rapadura, produzindo a versão brasileira do doce.
E, assim, teria surgido a cocada de coco caseira, cujo nome derivaria da própria fruta que é o principal ingrediente do prato: o coco.
A trajetória da cocada caseira nordestina
Como citado anteriormente, relatos indicam que a versão brasileira da iguaria surgiu no estado nordestino da Bahia. Na época, escravizados misturavam o coco fresco ralado com produtos derivados da cana-de-açúcar e aquecia a combinação até atingir a consistência de doce.
Desde então, a cocada se espalhou às demais localidades do Brasil, sendo estimada de norte a sul, conforme relata o antropólogo Raul Lody no livro "Coco: comida, cultura e patrimônio".
Ingredientes da cocada caseira tradicional
Originalmente, os ingredientes do doce típico brasileiro eram coco fresco ralado com derivados da cana-de-açúcar (caldo, açúcar mascavo ou rapadura).
No entanto, ao logo dos anos, com a popularização do prato e o avanço da indústria, a lista de insumo foi sendo modificada e a cocadas foram ganhando outras versões, como, por exemplo, a feita a base de leite condensado.
Saiba quais são os tipos de cocada que existem
Simples ou branca
A cocada branca, também conhecida como simples, é considerada a versão tradicional do prato e, como o nome já sugere, referir-se a coloração mais clara do produto final.
Ela pode ter diferentes níveis de consistências, desde cremosa a firme. O que não costuma variar são os ingredientes: açúcar refinado, coco fresco ralado e água.
Cremosa
A cocada cremosa é a variação da receita de cocada que se destaca pela textura macia e suave, podendo ser tão cremosa que pode ser usada para rechear bolos e bombons, além de ser deliciosa para ser consumida de colher.
O segredo para a consistência do prato está no modo de preparo e na lista de ingredientes, sendo mais extensa que a cocada simples, e pode levar, por exemplo, leite integral, ovos, leite condensado, óleo de coco e leite de coco.
De corte
A cocada de corte é a versão do doce que tem a consistência mais firme. Diferente das demais, moldadas individualmente com auxílio de utensílios como colheres, essa é servida em uma forma ou tabuleiro, onde esfria e endurece antes de ser cortada no formato desejado.
Para atingir o nível de firmeza necessário, essa variação do prato geralmente tem um ponto de cozimento mais longo.
Qual a diferença entre cocada branca e preta?
Ambas são variações do doce, porém diferem na coloração final. Enquanto a cocada branca é clara, a cocada preta tem um tom de marrom. A diferença entres ela é resultante do modo de preparo, pois na versão mais escura o açúcar deve ser usado um pouco queimado.
Devido a essa característica, além da cor mais intensa, o sabor também pode ser mais forte e, às vezes, até mesmo um pouco mais amargo quando comparado a versão branca.
Passo a passo da cocada caseira tradicional nordestina
A cocada tradicional é a do tipo branca e resultado da mistura de somente três ingredientes, que são levados ao fogo até se transformar no doce. A seguir, confira a receita da iguaria nordestina, conforme o portal Panelinha.
Ingredientes
- 2½ xícaras (chá) de coco fresco ralado grosso (cerca de 500 g)
- 1½ xícara (chá) de açúcar
- 1 xícara (chá) de água
Modo de preparo
- Numa panela média, adicione o açúcar e a água. Misture com a ponta do dedo para umedecer a mistura e evitar que a calda queime nas laterais da panela.
- Leve a panela ao fogo médio. Cozinhe por cerca de 20 minutos, sem mexer. Para saber se a calda atingiu o ponto de fio, use uma colher para pegar um pouco da calda. Se ao levantar a colher um fio fino se formar entre as gotas, está pronta.
- Junte o coco à calda e misture o mínimo possível, somente o suficiente para envolver todos os flocos. Evite mexer demais para que a cocada não açucare. Cozinhe por mais 5 minutos em fogo médio, também sem mexer. A cocada deve estar bem úmida.
- Transfira a cocada (com a calda) para uma tigela e deixe descansar por 5 minutos. Enquanto isso, unte uma assadeira grande com manteiga ou use uma antiaderente.
- Com a ajuda de duas colheres de sobremesa, modele a cocada em formato de queneles ou montinhos para um estilo mais rústico. Disponha as cocadas na assadeira, deixando um pequeno espaço entre elas.
- Por fim, deixe as cocadas em temperatura ambiente por cerca de 1 hora, ou até que a parte externa seque e fique firme. Elas devem ficar durinhas por fora e úmidas por dentro. Sirva ou guarde em um pote hermético por até uma semana.
Como fazer cocada caseira com leite condensado
Ideal para rechear bolos e bombons, essa versão do quitute tem um modo de preparo semelhante ao tradicional brigadeiro e, assim como ele, também pode ser consumida de colher. Abaixo, confira o passo a passo, ainda conforme o veículo.
Ingredientes
- 1 lata de leite condensado (395 g)
- 1 xícara (chá) de coco fresco ralado grosso
- 1½ xícara (chá) de leite
- 1 colher (sopa) de manteiga
Modo de preparo
- Numa panela média de borda alta, adicione o leite condensado, o coco ralado, o leite e a manteiga.
- Misture bem e leve ao fogo médio, mexendo com uma espátula de silicone até a mistura ferver.
- Em seguida, abaixe o fogo e continue mexendo por aproximadamente 25 minutos, até a cocada começar a desgrudar do fundo da panela.
- Transfira para uma tigela e deixe esfriar completamente em temperatura ambiente antes de servir.
- A cocada caseira pode consumida em seguida ou guardada na geladeira por até uma semana.
Como guardar cocada caseira: dicas de armazenamento e validade
Segundo o Panelinha, a cocada tem validade de sete dias após o preparo. Já a melhor forma de conservação varia, algumas receitas podem ser mantidas em temperaturas ambiente, enquanto outras precisam ser guardadas na geladeira durante esse período.
O principal ingrediente que determina a necessidade de armazenamento refrigerado é a presença do leite no prato. Ou seja, cocadas que não usam leite ou derivados deles, como o leite condensado, podem ser conservadas fora da geladeira, já as que possuem o insumo precisa ser guardadas em temperaturas baixas.
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Curiosidades sobre a cocada
Qual a origem da cocada cremosa?
Não há informações sobre onde exatamente surgiu a versão macia do doce. Desde que foi trazida ao Brasil, no século XVIII, ele passou por inúmeras modificações, ganhando diversas variações, sendo a cocada cremosa uma delas.
Como os escravizados faziam a cocada?
Uma das teorias relatada por estudos é que os escravizados produziam a cocada para aproveitar todas as partes do coco, que era ingrediente de muito pratos feito na época.
Para isso, eles separavam a "carne" do coco fresco e a adicionava a calda doce (feita de derivados da cana-de-açúcar) em grandes tachos sobre o fogo a lenha.