Combate às facções no Ceará: MP passa a analisar em até 48 horas celulares apreendidos

Ferramenta é resultado de uma parceria com a Amazon.

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Redação seguranca@svm.com.br
pichacao siglas faccao em muros.
Legenda: A ferramenta vem sendo usada em processos que envolvem facção.
Foto: Yago Albuquerque/Arquivo SVM.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) passa a utilizar 'Inteligência Artificial' para acelerar investigações contra organizações criminosas. Em parceria com a Amazon, o órgão acusatório lança ferramenta voltada à extração e à análise de dados de celulares apreendidos em investigações criminais com suspeitos de integrar facções.

O procurador-geral de Justiça, Haley de Carvalho Filho, promete que com a automação os relatórios passam a ser gerados em, no máximo, até 48 horas: "vamos conseguir ter mais agilidade e vamos ter mais provas para as condenações. Quando a gente consegue ter uma análise mais rápida, a gente pode evitar crimes", disse em entrevista ao Diário do Nordeste.

De acordo com Haley, "nenhum outro MP tem essa ferramenta no Brasil, somos os pioneiros". Até então, a tecnologia vem sendo usada apenas em casos que envolvem facções, mas, segundo o procurador-geral, pode ainda ser adotada e aperfeiçoada para abranger outros crimes.

"Podemos sim inserir novas palavras, novos comandos...  Inserimos um grande número de expressões para que a gente consiga extrair. Essa ferramenta também analisa fotos, documentos e vídeos e quando a análise sai é encaminhada para uma pessoa responsável identificar e fazer a conferência".

Antes, conforme o Ministério Público, a análise manual de grandes volumes de dados digitais podia levar semanas ou até meses.

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AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

A análise após apreensão dos celulares só acontece com a devida medida autorização judicial. Questionado sobre grandes operações, como a 'Saratoga', que anos depois resultou em uma sequência de absolvições quando a Justiça entendeu que as provas obtidas por meio da extração de dados telemáticos eram ilícitas, Haley destacou que o MP se preocupa e tem cuidado sobre como as provas são obtidas.

"A gente toma todo o cuidado com a cadeia de custódia, mas às vezes quando chega no Tribunal depois de alguns anos há uma outra interpretação. Vamos trabalhar para que a gente consiga manter o que foi feito. Mas essas situações acontecem, temos que lidar", disse o procurador-geral do MPCE.

Para o coordenador do Nati, promotor de Justiça Breno Rangel, o impacto da iniciativa é direto na rotina investigativa. 

"Antes, a extração e a análise desses dados eram feitas manualmente e podiam levar até quatro meses, principalmente devido ao grande volume de equipamentos apreendidos. Agora, com o novo recurso, o processo é automatizado e os relatórios são gerados, em média, em até 48 horas, ficando rapidamente disponíveis para os membros do Ministério Público e instituições de segurança pública", explica o promotor.

PARCERIA

A solução foi desenvolvida e é gerida pelo Núcleo de Apoio Técnico à Investigação (Nati), sendo resultado de uma parceria institucional com a Amazon e a Elo Group.

A tecnologia utiliza inteligência artificial aliada a algoritmos desenvolvidos pelo setor de Forense Computacional do MPCE.

O procurador-geral acrescenta que o investimento em tecnologia é fundamental para enfrentar a complexidade das investigações na atualidade. 

"Os investimentos em inteligência, inovação e tecnologia são essenciais para que o MP esteja à altura dos desafios impostos pela criminalidade organizada. São avanços que ampliam, de forma concreta, a nossa capacidade investigativa e a efetividade das ações ministeriais", afirmou.

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