Sindicato pede retorno presencial do Ensino Médio no Ceará e relata plágios em provas online

Governo do Estado projeta que, com a vacinação dos profissionais da Educação, a liberação aconteça no segundo semestre

Legenda: Apesar de levantamento do Inep mostrar aumento da aprovação no ensino médio em 2020, entidade pondera que dado não é fruto "ganho" à educação
Foto: Thiago Gadelha

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE) emitiu nota solicitando ao Governo do Estado que autorize o retorno das aulas presenciais para alunos do Ensino Médico. Entidade pontuou que "as avaliações digitais não estão funcionando". 

De acordo com o texto, assinado pelo presidente do Sinepe-CE, Airton Oliveira, "para a maioria dos alunos", a provas remotas podem virar oportunidade para práticas de plágio, com "cola" ou "pesca", apesar de estratégias como uso de questões discursivas, randomização de itens e solicitação para a abertura de câmeras. Documento foi divulgado nessa terça-feira (8).

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A nota cita um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que, em 2020, apontou um crescimento de 10% na aprovação de estudantes do Ensino Médio. Todavia, para o sindicato, este "ganho" se reflete nas "debilidades da avaliação digital". 

A dificuldade em organizar avaliações mais criteriosas já se estende por mais de 14 meses, quando a pandemia estourou. As aulas presenciais em todo o Ceará foram suspensas em 18 de março de 2020 e, desde então, nenhuma das flexibilizações após o pico das infecções por Covid-19 abrangeu o Ensino Médio.

Em 2021, com a segunda onda, as suspensões voltaram a acontecer. No entanto, desde 26 de abril as atividades presenciais estão liberadas novamente para alunos até o 9º ano do Ensino Fundamental. 

Retorno pode acontecer no segundo semestre 

Segundo nota enviada pelo Governo do Estado, a liberação deve acontecer no segundo semestre deste ano, tanto para as instituições particulares quanto públicas. A vacinação de profissionais da Educação, que acontece desde 29 de maio deve conferir mais segurança para a autorização. 

No ato da imunização, os professores inclusive são obrigados a apresentar um termo se comprometendo a retornar às atividades presencialmente após serem vacinados. Documento foi alvo de polêmicas e reclamações de profissionais, mas foi mantido pela Comissão Intergestores Bipartite do Ceará (CIB-CE).

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"As medidas levam em consideração aspectos científicos aferidos pelas equipes técnicas em saúde pública, como as curvas epidemiológicas, casos confirmados e óbitos, pressão no sistema de saúde, entre outras variáveis. O Comitê reforça que todas as determinações têm como prioridade salvar vidas", pontua a gestão estadual. 

Escolas públicas 

Segundo a Secretaria da Educação do Estado (Seduc), é orientado às instituições que sejam desenvolvidos provas que busquem acompanhar o estudante que está em casa "de forma continuada e integral".

"Desta forma, a avaliação deve envolver diferentes ferramentas. Pode ocorrer por meio de portfólios, onde são registradas as evidências de aprendizagem, tais como: projetos, pesquisas, atividades em grupo, participação e interação, conforme Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) nº 11/2020", explica a pasta.

A Seduc informou, em nota, que aguarda novas orientações de decretos futuros sobre a autorização da retomada para o ensino médio.

O impedimento para a rede pública pode ser ainda maior, sobretudo, porque nem todas as escolas conseguem seguir os protocolos básicos como garantir ventilação adequada e estruturas adaptadas. 

Além disso, em determinados territórios do Estado as atuais condições sanitárias limitam qualquer possibilidade de retorno, visto que há regiões onde a contaminação pela Covid-19 segue alta, como o Cariri. As restrições de atividades econômicas ainda não foram derrubadas no território caririense. 

Prejuízo ao ingresso no Ensino Superior

O Sinepe-CE pondera ainda que os prejuízos causados nos estudantes dos anos finais da educação básica se estenderão até o nível superior. A ausência de "referencial" causa perda do estímulo ao estudo, segundo o sindicato. 

"Os prejuízos de quase dois anos letivos nesse vácuo são tristemente fáceis de prever: as vagas disputadas pelo Enem nas universidades públicas irão para candidatos de estados vizinhos (Piauí e Pernambuco liberaram aulas do Ensino Médio no início de abril, Rio Grande do Norte e Paraíba liberaram no início de maio)", diz o texto.

O presidente da entidade finaliza a carta explicando que, com a liberação, as instituições de ensino poderão voltar a saber o que, de fato, foi aprendido pelos alunos: "Poderíamos planejar melhor o trabalho do 2º semestre de 2021. O tempo urge. O futuro do Ceará está em jogo".