O artesanato de Beto Soares

Profissional conta o processo de feitura das peças que integram exposição em São Paulo

Escrito por Antônio Rodrigues , antonio.rodrigues@diariodonordeste.com.br

Beto Soares é integrante do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte. Foi nesse lugar, inclusive, que nasceu a primeira encomenda para a exposição “Ai Weiwei Raiz”, em cartaz em São Paulo, no Parque Ibirapuera, até 20 de janeiro de 2019: quase duas centenas de ex-votos. Para dar conta do pedido, cerca de 20 artesãos trabalharam. Foram mãos, pés e pernas de madeira que costumam ser deixadas pelos romeiros na Casa de Milagres ou no Museu Vivo, no Horto, depois que uma graça de cura é alcançada.  

Dois meses depois, um novo pedido foi feito pela designer Paula Dib, consultora das viagens pelo interior brasileiro realizadas por Ai Weiwei. Dessa vez, 32 artesãos juazeirenses confeccionaram centenas de peças para o artista plástico chinês. Entre as demandas, algumas bem curiosas, como uma cabeça de porco e um pênis – itens que, até então, Beto Soares nunca havia fabricado. “Ela nos deixou bem à vontade. Trazia uma foto pra termos uma ideia, mas não queria que fizesse igual, e, sim, no nosso estilo”, ressalta.  

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Confira vídeo com Beto Soares:

Nesse movimento, o artesão foi responsável por criar, além dos objetos mencionados, um caranguejo, uma cabeça de cavalo, um homem sendo socorrido depois de um afogamento e um barco de refugiados. “O barco deu mais trabalho, com aquela ruma de gente em cima. Foram 15 dias”, conta. As outras peças foram feitas em torno de um ou dois dias. “Foi bom pra nossa renda e, além disso, pegamos experiência. Ela trouxe umas coisas bem diferentes”, admite.  

O esquema adotado por Paula Dib para otimizar o trabalho foi este: uma folha foi entregue para cada artesão, em que continha uma foto da escultura desejada. No papel, também estavam inclusos a medida, o valor pago e o prazo para execução da peça. O barco de refugiados, por exemplo, rendeu a Beto Soares R$ 2 mil. E esse dinheiro veio em boa hora. A sede do Centro de Cultura Popular Mestre Noza está sendo reformada desde o mês de maio. Enquanto isso, os profissionais e todo os produtos foram realocados no Centro Multifuncional – o que acabou diminuindo o número de clientes, tendo em vista que o local atual é afastado do centro da cidade.  

Serviço
Exposição “Ai Weiwei Raiz”. Até dia 20 de janeiro de 2019 no edifício Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Ibirapuera). Visitação: de terça a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h. Ingressos: R$ 20 (inteira). 

Contato de Beto Soares: (88) 98863-7574
 

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