Natan Alves e a valorização do ofício manual

Artesão produziu peças, como câmera fotográfica e pequeno museu, para a exposição de Ai Weiwei

Escrito por Antônio Rodrigues , antonio.rodrigues@diariodonordeste.com.br

Há pouco mais de dois anos, Natan Alves também deixou de lixar para criar suas próprias peças. Sobrinho do popular artesão local Din Alves, o jovem de 18 anos não demonstrou interesse de início pela seara porque o trabalho dos colegas o intimidava. “Achava que nunca ia fazer uma peça como aquelas”, lembra. No entanto, quando vendeu a primeira imagem de São Francisco feita pelas próprias mãos, se animou: “Aí tive vontade de aprender”. Hoje, Natan é um dos artesãos que fabricaram peças para a exposição "Ai Weiwei Raiz", em cartaz em São Paulo até o dia 20 de janeiro.

No Centro Mestre Noza, os artesãos se ajudam e incentivam o trabalho dos mais jovens. Muitos emprestam suas próprias ferramentas e doam a madeira para quem tenta aprender, mesmo apenas por curiosidade. Foi a partir desse processo que surgiu uma renovação, materializada em cada corte feito por Natan. Sentado, de boné, ele ignora o vaivém de carros e motos na Avenida Ailton Gomes – uma das mais movimentadas de Juazeiro do Norte – e fabrica as peças.  

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Confira vídeo com Natan Alves:

O artesão também foi um dos que receberam encomendas de Ai Weiwei. Dele, saiu um tanque de guerra, uma bomba, uma câmera fotográfica e um pequeno museu. “Nunca tinha feito antes”, conta. Cada peça foi concluída entre dois e quatro dias. “Achei uma experiência extraordinária. Até mesmo um desafio. Tinha umas peças que nem imaginava fazer”, confessa o jovem artista.  

Para ele, o artesanato juazeirense é mais valorizado pelos turistas que pelos próprios moradores e conta com orgulho sobre a nova encomenda que o ativista chinês fez a ele e seus colegas. No trabalho atual, estão sendo esculpidas 300 mãos fazendo gesto de “cotoco”. Antes desta encomenda, outras 100 já haviam sido enviadas e ganham destaque na Oca, em São Paulo. Ao todo, sete artesãos atendem essa demanda. Em média, Natan faz duas peças por dia. “Até agora, já tem umas 50. Daqui a um mês a gente termina”, acredita. 

Serviço
Exposição “Ai Weiwei Raiz”. Até dia 20 de janeiro de 2019 no edifício Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Ibirapuera). Visitação: de terça a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h. Ingressos: R$ 20 (inteira). 

Contato de Natan Alves: (88) 98862-5325

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