Capital perde 40% dos voos internacionais desde o início de 2019

No começo do ano, o Aeroporto de Fortaleza contava com 40 operações regulares por semana para o exterior. Problemas com companhias aéreas e readequação da malha fizeram com que número caísse para 24 voos semanais

Escrito por Carolina Mesquita/Hugo Renan do Nascimento , negocios@verdesmares.Com.Br
Legenda: A última baixa entre os voos para o exterior veio da Avianca, que cancelou a rota para Bogotá
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

Após a abertura de novos voos internacionais no ano passado, o Aeroporto de Fortaleza tem amargado nos últimos meses uma redução de frequências para o exterior. Atualmente, a Capital possui 24 frequências semanais para nove cidades, uma redução de 40% frente às 40 operações que existiam em janeiro para 11 destinos. Além das que foram canceladas, eram previstas pelo menos outras sete frequências semanais para o exterior que, até o momento, não se concretizaram.

Em março deste ano, a Gol suspendeu provisoriamente os 14 voos semanais para a Flórida (7 para Miami e 7 para Orlando) com partidas de Fortaleza. A companhia tomou a decisão depois dos acidentes com o Boeing 737 Max 8, aeronaves que a Gol utilizava nas rotas para os Estados Unidos.

Segundo o secretário do Turismo, Arialdo Pinho, estas frequências devem voltar assim que o problema com a aeronave for resolvido. "Isso deve acontecer nos próximos 60 dias. E esse avião é muito importante para o Estado e também para o consumidor. Ele tem um ótimo custo operacional, que se reflete no preço das passagens", afirmou.

Avianca

Ainda neste mês, a Avianca encerrou o voo semanal para Bogotá, na Colômbia. A companhia passa por uma recuperação judicial e está cancelando diversas rotas nacionais e internacionais. Para Pinho, a perda já era prevista. "Na segunda-feira, deve começar a negociação para ver quem vai ficar com os aviões, com os slots, etc. Tomadas essas decisões, é que veremos se os voos daqui voltarão e quais. Porque é possível que a Avianca estivesse perdendo dinheiro com algumas rotas e as novas empresas não vão querer".

Já a Latam resolveu cancelar os dois voos semanais para Orlando e redirecioná-los para Miami, que passará a ter cinco frequências semanais a partir deste mês. "A Latam tomou a decisão de suspender este serviço em virtude da constante avaliação de suas malhas aéreas para melhor atender a demanda, as condições de mercado e o contexto econômico", comunicou a empresa.

Inicialmente, a Copa Airlines tinha em Fortaleza dois voos semanais para a Cidade do Panamá, mas, na baixa temporada, a companhia optou por operar com um voo. "A Copa Airlines reafirma seu comprometimento com o melhor atendimento e afirma que está sempre revisando suas rotas para ajustar a demanda e sua operação. Nesse contexto, a segunda frequência está prevista para voltar a operar em junho e ela já se encontra aberta para venda", informou em nota.

A Condor e a Cabo Verde Airlines também reduziram suas operações. A primeira contava com dois voos semanais para Frankfurt, que foi reduzido para um. Já a Cabo Verde Airlines tinha a previsão de operar três vezes por semana para a Ilha do Sal.

Sem concretização

As negociações para o voo entre Fortaleza e Madri são as mais avançadas. Esta operação deve ser iniciada no fim de 2019, porém, oficialmente, a Air Europa não confirma as frequências para Fortaleza.

Pinho disse que o contrato já está pronto e deve ser assinado na semana que vem. O lançamento, segundo ele, ocorre até maio.

Em agosto do ano passado, o secretário disse que a companhia aérea Norwegian Air UK considerava a rota Londres-Fortaleza uma "prioridade". Segundo o titular, as negociações deram uma "freada" porque o Aeroporto Pinto Martins passa por obras. Ele também afirmou que vai retomar as conversas a partir do segundo semestre deste ano. "Além disso, o País estava na expectativa desse novo Governo e ainda estamos sem saber o que vai acontecer, se vai acontecer, de modo que os investidores ficam receosos", acrescentou ele.

Ainda no primeiro semestre de 2018, a Royal Air Maroc (RAM) informou que pretendia operar, em breve, uma rota direta entre Casablanca, no Marrocos, e Fortaleza. O secretário do Turismo por diversas vezes afirmou que não tinha negociação entre o Estado e a companhia, mas que ia procurar os representantes da empresas para conversar a respeito. O voo também nunca se concretizou.

A Gol Linhas Aéreas anunciou que aumentaria os voos de Fortaleza para Argentina há quase um ano. Nos planos, a companhia disse que operaria quatro vezes por semana entre a Capital e Buenos Aires e uma vez semanal para Rosário e Córdoba. A expectativa é que os voos iniciassem no segundo semestre do ano passado. O incremento nunca ocorreu. A Gol informou, ainda no ano passado, que a demanda ainda incipiente não justificava as operações.

Por diversas vezes, o governador Camilo Santana afirmou que Fortaleza teria, até o fim de 2018, 60 voos internacionais por semana. "Encerramos 2018 com 42. A projeção é que até o final deste Governo nós cheguemos a esse número. Ele confundiu", disse o secretário. Procurada pela reportagem, a Fraport não comentou a redução de voos até o fechamento desta edição.

Novas promessas para o turismo

Apesar dos revezes de projetos anteriores, o titular da Secretaria do Turismo do Estado, Arialdo Pinho está investindo para que a Latam faça a rota São Paulo-Cariri. "Para tentar amenizar essas perdas, estamos em contato com a Latam. Eles se mostraram bem receptivos e em 15 dias devem apresentar um parecer".

Sobre a internacionalização de Jericoacoara, Pinho admite ainda ter um longo caminho pela frente. Mas adianta que a intenção é ter primeiramente um compartilhamento de voos para a América Latina. "Buenos Aires, na Argentina, e Santiago, no Chile, são os dois mercados que teriam mais força para sustentar uma rota como essa. Mas ainda não temos nada concretizado".

Além disso, o Estado tem atraído olhares de redes hoteleiras. "Temos um lista de oito empresas interessadas: Vila Galé, Club Med, InterContinental. Mas estamos de mãos atadas esperando a finalização do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), previsto para agosto".

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