"Vacina que combate todas as mazelas”, diz casal que adotou bebê durante a pandemia

Em todo o Estado, são 257 crianças inscritas no Cadastro Nacional de Adoção e 790 pretendentes disponíveis no sistema

Escrito por Redação , regiao@svm.com.br
Adoção durante a pandemia
Legenda: O casal entrou no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) em junho de 2016. Após isso, realizaram tudo o que a Lei exige. O casal chegou a ser chamado duas vezes até Fortaleza, mas o processo não caminhou.
Foto: Arquivo Pessoal

“Com a chegada do Breno Miguel, recebemos a vacina que combate todas as mazelas terrenas”. O sentimento do casal que recentemente adotou um filho é de amor, afeto e gratidão, mas também de alento aos dias difíceis. Na última semana, a assistente administrativa Marcya Pereira, 47, e o marido, o músico Joaquim Edson Macedo, 54, mudaram de vida com a chegada do pequeno Miguel, de 1 ano e dois meses de vida, que aguardava por uma família e um novo lar.

“Sabe como é preencher o coração de amor? Ele fica andando aqui pela casa e a gente só babando”, conta Marcya. O casal reside em Juazeiro do Norte, no Cariri, e estava há quatro anos cadastrado no Sistema Nacional de Adoção (SNA). No último dia 4, o pequeno chegou para alegrar a casa dos pais adotivos após a Justiça conceder sua guarda provisória. “Decidimos que estava na hora de ter alguém para amarmos e completarmos a nossa família”, disse Marcya.

“Dolorosa espera”

Os dois entraram no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) em junho de 2016. A partir de então, realizaram tudo o que a Lei exige: “papeladas, cursos e a dolorosa espera”, lembra Marcya. O casal chegou a ser chamado duas vezes até Fortaleza, mas o processo não caminhou.

Adoção na pandemia
Legenda: No último dia 4, o pequeno chegou para alegrar a casa após a Justiça conceder a guarda provisória aos pais adotivos. A casa ficou assim: repleta de brinquedos pelo chão.
Foto: Arquivo Pessoal

“Recebemos a notícia que tinha uma criança de 1 ano e dois meses à nossa espera em 25 de maio. Não perguntamos nada sobre ele, apenas dissemos sim, e o coração quase não aguenta. Como nós acreditamos no imenso amor de Deus, tudo aconteceu rápido. Na mesma semana, o assistente social nos visitou, dois dias depois fomos conhecê-lo e foi como se ele já fosse nosso. Foi amor à primeira vista”, relata a mãe, emocionada.

Ela e o esposo são casados há 15 anos e seis meses. Diante da dificuldade de ter filhos, pensaram: “o amor é o mesmo”, lembra Marcya, “aliás, acho que é maior”. O sentimento é vivenciado pelo músico Joaquim, que revela a alegria de ser pai. "Recebi uma dose de alegria imensurável, pois existem coisas inexplicáveis. Essa magia é uma delas. Ser pai é o porto seguro de alguém", conta.

A chegada de Miguel vem em um momento complicado, em meio a pandemia de Covid-19 e necessidade de isolamento social, o que dificultou a aquisição de itens para o pequeno. Por conta disso, a recepção precisou contar com a solidariedade de toda a família.

“Com as lojas fechadas não deu para comprar nada. Contamos com a solidariedade da nossa família. Na semana que recebemos a notícia, comentamos nos grupos e tudo chegou, de roupinha a berço. As tias, primos e avós abraçaram a causa com muito carinho. Eles já o amaram desde o dia da notícia”, lembra a mãe. Após a chegada do pequeno ao novo lar, o casal recebeu, ainda, uma carta da mãe biológica explicando os motivos de não ter podido criar Miguel.

“É um texto lindo, o maior ato de amor que ela fez por essa criança. Nosso coração ficou cheio de gratidão e choramos tanto lendo isso”, relembra Marcya.

Adoção na pandemia em Juazeiro do Norte
Legenda: Por conta da pandemia e o fechamento das lojas, o casal contou com a colaboração da família, que doou roupas, brinquedos e o berço.
Foto: Arquivo Pessoal

Processo

Com a guarda provisória do pequeno, os pais serão acompanhados pelos próximos seis meses. A guarda definitiva deve ser entregue após este período. Segundo a Defensoria Pública do Ceará, que atuou junto à Justiça para que o pedido de tutela provisória fosse concedido, existem 15 crianças e adolescentes em abrigos de Juazeiro do Norte. Destes, apenas dois adolescentes estão cadastrados no CNA. Por outro lado, existem 60 famílias pretendentes disponíveis.

Em todo o Estado, são 257 crianças inscritas no Cadastro Nacional de Adoção, aguardando a concretização de um pedido de adoção. Na outra ponta, há 790 pretendentes inscritos no sistema.

“Na pandemia, estamos trabalhando de forma remota, mas não menos intensa. Inicialmente, o juiz da Vara da Infância queria esperar as coisas melhorarem para fazer a vinculação da criança. Mas, após pedido da Defensoria Pública, que acreditou que seria melhor agilizar a vinculação, conseguimos reunir essa família”, ressalta a defensora pública titular da comarca da cidade caririense, Aline Marinho. “Temos certeza que será muito amado e muito bem cuidado”.

E mesmo com pouco tempo, a relação entre o pequeno Miguel e os pais adotivos já se desdobra em coincidências difíceis de explicar. “Ele parece que nasceu de mim, tem alguns mistérios lúdicos que observo no seu olhar. Ele é super calmo, como o pai. Já é dono da situação e ocupou todos os espaços vazios da nossa casa”, conta a mãe.

Isolamento Social

Durante o isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, os endereços eletrônicos e contatos da Defensoria Pública são uma opção para busca de serviços. As informações podem ser acessadas no site oficial da instituição. Cada núcleo especializado ou órgão de atuação possui um contato disponível para a população. Também há a opção do Alô Defensoria, pelo número 129, principal canal de contato entre a Defensoria e o público. As dúvidas são tiradas por ligação telefônica.

No último dia 4, o pequeno chegou para alegrar a casa após a Justiça conceder a guarda provisória aos pais adotivos.

Adoção na pandemia
Legenda: "As tias, primos e avós abraçaram a causa com muito carinho. Eles já o amaram desde o dia da notícia”, lembra a mãe. Os familiares ajudaram a comprar os itens pro bebê.
Foto: Arquivo Pessoal

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