A importância da função paterna no desenvolvimento dos filhos

Pai não está restrito ao pai biológico ou à figura masculina, mas se trata da função paterna, que pode ser desempenhada também por um tio, avô, pela própria mãe, enfim, qualquer pessoa próxima da criança, independente de gênero.

Escrito por Érica Bandeira Machado ,
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Todos os anos comemoramos o Dia dos Pais, uma homenagem a essa figura tão importante na vida dos filhos, na esfera familiar e social. Entretanto, apesar da tradição, observamos uma evolução, uma mudança do papel paterno, especialmente nas últimas décadas, devido às transformações culturais que atravessamos.

Antes, um pai dominante, único provedor, proprietário de bens e da família, que impunha a sua autoridade e colocava-se mais afastado afetivamente dos filhos, encerrando-se numa função mais disciplinadora e educadora. Com o ritmo acelerado da transformação de valores, marcado pela inserção da mulher do mercado do trabalho no século passado, os costumes e hábitos vão se transformando, mesmo que num ritmo mais lento. Acompanhamos uma mudança na hierarquia familiar e o questionamento da autoridade paterna. Hoje, vemos um pai com maior participação doméstica e afetiva dentro da família.

É indiscutível a importância do pai no desenvolvimento dos filhos, e é importante que, aqui, entendamos que pai não está restrito ao pai biológico ou à figura masculina, mas se trata da função paterna, que pode ser desempenhada também por um tio, avô, pela própria mãe, enfim, qualquer pessoa próxima da criança, independente de gênero.

A função paterna é complementar à materna, e tem papel estruturante na formação do ego dos filhos e na inserção destes na sociedade, onde eles poderão desenvolver sua agressividade, sua autoestima e sua capacidade de explorar o ambiente.

Uma figura paterna presente é decisiva para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de uma criança, e uma boa interação com a função paterna gerará no filho uma melhor autoestima e uma estrutura psicológica mais forte para tomar decisões como a escolha da profissão, por exemplo.

Já a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo dos filhos, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento e até causar depressão.

Neste Dia dos Pais, para além da marca comercial da data, o convite é para relações cada vez mais ricas de interação afetiva e presença entre pai e filho. Então, aos pais casados, solteiros, mães que são também pais, pais adotivos e a toda forma de exercer a paternagem: participem da vida dos seus filhos, troquem a fralda, levem ao médico, brinquem, acompanhem os estudos, eduquem, orientem para a vida e ofereçam a eles um modelo de apoio e de segurança. Fazer parte da vida do filho se trata de construir seu ambiente interno, sua visão de mundo, e é o que faz de alguém um Pai com P maiúsculo. Feliz Dia dos Pais!

Érica Bandeira Machado
Psicóloga Clínica de orientação junguiana