Mortes por meningite no Ceará quase dobram em 2023; confira sintomas e forma de prevenção

A maior parte das mortes registradas em 2023 ocorreu em Fortaleza

Escrito por Gabriela Custódio ,
criança sendo vacinada
Legenda: A proteção contra a meningite bacteriana, único tipo para a qual existem imunizantes, já tem início desde as primeiras horas de vida
Foto: Fabiane de Paula

O total de pessoas que morreram por meningite no Ceará quase dobrou no último ano. Até a semana epidemiológica (SE) 34 de 2023 — intervalo de 20 a 26 de agosto —, pelo menos 27 pessoas foram a óbito por doença meningocócica e outras meningites. No mesmo período do ano passado tinham sido registradas 15 mortes por essas causas.

A maior parte das mortes registradas em 2023 ocorreu em Fortaleza. Comparado ao mesmo período de 2022, o total de óbitos dobrou ao longo do ano, passando de 7 para 14 na Capital.

Ao longo desse ano, houve aumento de 77,7% no registro de casos da doença em todo o Ceará. Até 26 de agosto, foram registrados pelo menos 288 casos da doença, enquanto até a SE 34 do ano passado foram 162 casos. Os dados são da Planilha de Notificação Semanal (PNS) da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).

Desencadeada principalmente por vírus, bactérias e fungos, a meningite é uma inflamação nas meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Segundo informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a meningite é considerada uma doença endêmica no Brasil, e são esperados casos da doença no País ao longo de todo o ano.

Vanuza Chagas, médica pediatra e proprietária de clínica de vacinação, explica que o tipo mais comum é a meningite viral, que causa sintomas mais leves e não costuma deixar sequelas. Já a meningite bacteriana leva a quadros mais severos, evoluindo com sequelas ou para óbito “na grande maioria dos pacientes infectados”.

Sintomas de meningite

A médica explica que no início o diagnóstico é difícil, uma vez que os sintomas podem ser confundidos com um quadro gripal. Nas primeiras horas o paciente pode apresentar os seguintes sintomas:

  •     Irritabilidade
  •     Febre
  •     Dor de garganta
  •     Coriza
  •     Perda de apetite
  •     Dores nas pernas
  •     Dores no corpo
  •     Náuseas
  •     Vômitos
  •     Sonolência

Entre 9 e 15 horas da doença, os sintomas começam a evoluir para os mais clássicos da meningite, como:

  •     Rigidez na nuca
  •     Mãos e pés frios
  •     Manchas na pele
  •     Sensibilidade a luz

Por volta de 16 a 24 horas de sintomas, o quadro pode evoluir para formas ainda mais graves, com:

  •     Convulsão
  •     Perda de consciência
  •     Choque séptico
  •     Óbito

“A meningite meningocócica tem um potencial de gravidade muito grande. No Brasil, 2 em cada 10 pacientes infectados pelo meningococo morrem e 1 em cada 5 dos sobreviventes apresentam sequelas graves”, alerta a médica Vanuza Chagas. Entre essas sequelas estão amputação de membros e dedos, perda auditiva, deficiência visual e danos cerebrais irreversíveis.

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Vacinação contra a meningite

A proteção contra a meningite bacteriana — único tipo para a qual existem imunizantes — já tem início desde as primeiras horas de vida. "Já começa com a vacina contra o Mycobacterium tuberculosis, que pode causar a meningite tuberculosa, desde as primeiras 24 horas de vida", explica a médica.

No Sistema Único de Saúde (SUS), estão disponíveis a vacina meningocócica C conjugada, indicada para aplicação aos 3 meses, 5 meses e 1 ano de idade, e a meningocócica ACWY (conjugada), voltada para o público adolescente.

O adolescente se mostrou um importante transmissor nessa cadeia de transmissão do meningococo, inclusive por ser, muitas vezes, um portador assintomático
Vanuza Chagas
médica pediatra e proprietária de clínica de vacinação

Já a meningocócica tipo B está disponível apenas na rede privada. "É um sorogrupo que vem aumentando muito sua incidência no Brasil e hoje, em menores de 10 anos, é o mais frequente, com uma incidência próxima de 70%", afirma a médica. Na população menor de 4 anos, a incidência do meningococo tipo B está em torno de 80%.

"É importante a proteção com todos os sorogrupos para que possamos deter uma doença tão grave e que, apesar de não ser tão frequente, gera muito medo justamente pelo seu potencial de gravidade", finaliza.

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