Mesmo contagiosa, varicela tem a menor cobertura vacinal dos últimos 8 anos; veja sintomas da doença

Baixa procura por imunizantes contra a virose na infância pode causar efeitos graves até a vida adulta

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Vacinação infantil contra catapora
Legenda: Vacina contra catapora deve ser aplicada na infância, mas adultos sem cobertura podem atualizar a imunização
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Doença considerada “infantil”, a varicela (catapora) afeta cearenses de todas as idades. A virose, muito contagiosa, é prevenível por vacinação: mas a imunização está abaixo da meta no Ceará desde 2015. Em 2021, o Estado registrou a menor cobertura vacinal dos últimos 8 anos.

A prevenção da catapora é coberta pela vacina isolada, "varicela", e pela tetraviral, que protege ainda contra sarampo, caxumba e rubéola. Esta é indicada para crianças com 15 meses que já tenham recebido a 1ª dose da tríplice viral.

A pediatra Vanuza Chagas explica que os esquemas vacinais funcionam assim:

  • Rede pública: imunizante “tetra viral” aos 15 meses e reforço com “varicela” aos 4 anos;
  • Rede privada: imunizante “varicela” aos 12 meses e 2ª dose entre 15 e 24 meses.

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) explica que a cobertura vacinal contra a catapora é monitorada pelo componente que combate a doença, ou seja, pelo "varicela", de modo que a cobertura da "tetra viral" deve ser desconsiderada, estatisticamente.

Casos de catapora no Ceará

Apenas doentes graves hospitalizados e óbitos por varicela/catapora devem ser notificados, o que gera subnotificação de registros da doença – mas, ainda assim, o Ceará tem uma média de 7 internações por catapora por mês.

Só em 2022, até maio, 35 cearenses foram internados por varicela grave, metade deles idosos. No ano passado, foram 82 internações, número menor do que as 101 registradas em 2020.

5
pessoas morreram de catapora no Ceará de 2021 até este mês de julho, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

A médica Vanuza Chagas explica que a doença “se comporta como uma virose típica da infância”, mas tem alto risco de contágio e circula o ano todo, sem períodos endêmicos. “O maior risco são as complicações, como pneumonia e encefalite, e as sequelas”, pontua.

Esse vírus pode ficar adormecido no organismo, e num momento de baixa imunidade ou em idade a partir de 50 anos, pode evoluir com herpes zóster, doença de muito risco.
Vanuza Chagas
Médica pediatra

Isso explica por que a maioria dos casos graves e mortes por catapora ocorrem em pessoas mais velhas. “Adultos de qualquer idade podem e devem tomar a vacina, se não tiverem tido a doença. E quem está com esquema incompleto deve completar”, alerta Vanuza.

Além dos imunizantes contra varicela, a vacina contra a herpes zóster é recomendada a partir dos 50 anos de idade para a população em geral e a partir de 18 anos para pacientes imunocomprometidos, como explica a médica.

Quais os riscos da cobertura vacinal baixa?

Vanuza Chagas explica que “os risco da baixa cobertura para varicela são aumentar as complicações da doença entre adolescentes e adultos, como pneumonia; as infecções secundárias por bactérias por meio das lesões de pele; e agravamento que leve à internação”.

Outro risco, pontua a médica, “é que o vírus, extremamente contagioso, passe a infectar mais pessoas e ter evoluções futuras”. Ela observa que durante a pandemia “houve um aumento de casos da herpes zóster em adultos que não se vacinaram contra catapora na infância”.

Sintomas da varicela (catapora)

Os sintomas da catapora aparecem entre 10 e 21 dias após o contágio pelo vírus da varicela, segundo o Ministério da Saúde (MS). Os principais são

  • manchas vermelhas e bolhas no corpo;
  • mal estar;
  • cansaço;
  • dor de cabeça;
  • perda de apetite;
  • febre baixa.

“As bolhas surgem inicialmente no rosto, no tronco ou no couro cabeludo, se espalham e se transformam em pequenas vesículas cheias de um líquido claro. Em poucos dias, começam a secar e cicatrizam”, explica o MS.  A recomendação é não coçar as lesões, para não infeccionar.

Como prevenir a varicela (catapora)

A principal forma de prevenção da doença é a vacinação. Além disso, em caso de infecção, o paciente precisa ficar isolado até que as lesões sequem e evoluam para crostas.

“Isso acontece, em média, num período de 2 semanas. Mãos, vestimentas e roupas de cama, além de outros objetos que possam estar contaminados, devem passar por higienização rigorosa”, alerta o Ministério da Saúde.

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