Iluminação, acessibilidade e arborização: o que o Censo 2022 diz sobre as vias de Fortaleza

Resultados da Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios foram apresentados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira, 17 de abril

Escrito por
Gabriela Custódio gabriela.custodio@svm.com.br
Pedestres caminhando em calçada de Fortaleza. Pesquisa do IBGE investiga presença de calçadas ou passeios nas vias das cidades brasileiras.
Legenda: A existência de calçada ou passeio no entorno dos domicílios foi um dos aspectos investigados pela Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios
Foto: Thiago Gadelha

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta quinta-feira (17), resultados do Censo Demográfico 2022 sobre dez quesitos relacionados à infraestrutura urbana do País. Entre outras informações, os novos dados mostram que a proporção de domicílios em vias com existência de calçada, iluminação pública, boca de lobo e rampa para cadeirantes aumentou em Fortaleza, na comparação com o levantamento de 2010.

Os aspectos abordados na Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, segundo o IBGE, têm potencial para ajudar não só na compreensão das condições de vida das pessoas, mas também no planejamento das cidades. Esse tema é investigado desde o Censo Demográfico de 2000, com mudanças nos itens coletados e na metodologia entre os levantamentos. Por isso, apenas alguns deles podem ser comparados entre 2010 e 2022.

A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios investigou os seguintes aspectos:

  • Capacidade de circulação da via
  • Pavimentação da via
  • Existência de bueiro ou boca de lobo
  • Existência de iluminação pública
  • Existência de ponto de ônibus ou van
  • Vias sinalizadas para bicicletas
  • Existência de calçada ou passeio
  • Existência de obstáculo na calçada
  • Existência de rampa para cadeirante
  • Arborização

Infraestrutura em Fortaleza

Na capital cearense, foram coletadas informações de 1.032.334 domicílios em setores censitários selecionados para a pesquisa sobre o entorno, incluindo particulares (ocupados, não ocupados, vagos e de uso ocasional) e coletivos (com e sem morador).

Iluminação pública

Um importante elemento para aspectos como segurança pública, mobilidade, atividades econômicas e para a própria qualidade de vida da população, a iluminação pública estava presente no entorno de quase todas as residências pesquisadas em Fortaleza. Em 2022, eram cerca de 850,4 mil domicílios em vias com a existência de iluminação pública, representando 99% do total.

Em números absolutos, houve aumento de 27% em relação aos dados de 2010, quando foram registrados aproximadamente 670,3 mil domicílios em vias com iluminação pública. À época, isso já representava 97% do total na Capital.

Ainda assim, 7.715 domicílios (1%) estavam em vias sem a presença de postes ou outros equipamentos em 2022. O Instituto considerou a presença de poste ou similar para que o quesito fosse preenchido independentemente do funcionamento ou não.

rua do centro de fortaleza com calçada estendida. pesquisa do IBGE investigou o entorno dos domicílios brasileiros
Legenda: Aspectos abordados na Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios têm potencial para ajudar a compreender as condições de vida das pessoas e ajudar no planejamento das cidades
Foto: Fabiane de Paula

Calçadas ou passeios

Outra característica investigada foi a existência de calçadas ou passeios, que desempenham funções fundamentais para a segurança de pedestres. Além disso, contribui para segurança, acessibilidade, saúde, sustentabilidade e qualidade de vida urbana, uma vez que “calçadas bem cuidadas valorizam os imóveis e o espaço urbano como um todo”.

Para esse critério, o IBGE considerou se havia espaço disponível para circulação de pelo menos uma pessoa (cerca de 80 cm) separada da área de circulação de veículos, com ou sem pavimentação. A proporção de domicílios localizados em áreas em que elas estavam presentes aumentou de pouco mais de 571,4 mil em 2010 (83% do total à época) para quase 764,4 mil em 2022 (89% do total).

Já a parcela de domicílios que em vias sem calçadas ou passeios teve uma redução de 17% entre os dois censos demográficos, passando de pouco mais de 113,3 mil (16% do total) para cerca de 93,7 mil (11% do total).

Carro submerso em alagamento em avenida de Fortaleza
Legenda: A pesquisa do IBGE investigou a presença de bueiros ou bocas de lobo, que ajudam a evitar alagamentos e acúmulo de água da chuva
Foto: Fabiane de Paula

Bueiro ou boca de lobo

Outro elemento de infraestrutura importante para o cotidiano da população é a presença de bueiros ou bocas de lobo para a coleta de água de chuva de ruas e calçadas. Esses equipamentos evitam alagamentos e acúmulo de água, que podem causar danos a estradas, calçadas e fundações de edifícios, além de favorecer a proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças.

Os dados levantados pelo IBGE mostram que a quantidade de domicílios em vias que contam com a presença desse equipamento mais que dobrou em Fortaleza, entre 2010 e 2022, passando de 113.173 (16% do total) para 284.316 (33% do total). Em números absolutos, houve um aumento de 151%.

Porém, a maior parcela dos domicílios pesquisados na Capital não conta com a presença de bueiro ou boca de bolo no entorno. A quantidade deles praticamente não mudou entre os dois censos demográficos: foi de 571.595 em 2010 e 573.823 em 2022.

A mudança, entre os dois anos, foi na quantidade de locais em que não havia informação sobre presença ou não dos equipamentos — de 4.077 em 2010 para 794 em 2022.

Mulher em cadeira de rodas. Pesquisa do IBGE investigou a acessibilidade, com presença ou falta de rampa no entorno dos domicílios.
Legenda: Em Fortaleza, 77% dos domicílios pesquisados pelo IBGE não tinham rampas para acessibilidade de pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida
Foto: Camila Lima

Rampa

Praticamente três em cada quatro domicílios pesquisados em Fortaleza, em 2022, estavam localizados em vias sem a presença de rampas, item necessário para promover a acessibilidade urbana a pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida. Ao todo, 659.223 domicílios não contavam com esse item no entorno, o que corresponde a 77% dos quase 859 mil investigados pelo IBGE.

Por outro lado, o total de domicílios com rampa no entorno aumentou 852% entre 2010 e 2022, passando de pouco mais de 11 mil para 105,1 mil ao longo dos 12 anos.

A acessibilidade urbana está prevista na Lei nº 10.098, de dezembro de 2000, mas, além do dispositivo legal, “as rampas contribuem para a inclusão social ao permitir que cadeirantes participem mais ativamente na vida urbana, como fazer compras, ir ao trabalho ou visitar amigos”, segundo documento do IBGE.

Tronco de árvore cortada em avenida de Fortaleza. Pesquisa do IBGE investigou características do entorno dos domicílios.
Legenda: Em Fortaleza, 40% dos domicílios selecionados para a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios não contavam com árvores em seu entorno
Foto: JL Rosa

Outros aspectos investigados

A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios também coletou informações sobre arborização do entorno, que contribui para o bem-estar, por exemplo, ao reduzir a temperatura e a incidência de ilhas de calor na cidade.

“As áreas verdes proporcionam espaços de lazer e recreação, promovendo a saúde mental e física dos moradores. Ao integrar os resultados da pesquisa urbanística com práticas de arborização, os municípios podem criar ambientes urbanos mais sustentáveis e agradáveis, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes”, argumenta o IBGE.

Em Fortaleza, dois em cada cinco domicílios em setores censitários selecionados para a pesquisa não contavam com árvores em seu entorno. Ao todo, eram 412.746 domicílios nessa condição — 40% do total.

Além disso, os dados do Instituto também mostram que 73% dos domicílios pesquisados em 2022 apresentavam obstáculo na calçada, como postes, rampas para veículos, placas de sinalização, buracos, desníveis e árvores, arbustos ou galhos no espaço de deslocamento dos pedestres.

Esse foi o único quesito da Pesquisa do Entorno que investigou a presença de problema em um tipo de equipamento urbano. Nos demais casos, não foram investigados o funcionamento ou as deficiências da manutenção ou conservação.

Também foram registradas informações sobre capacidade máxima de circulação na via, sinalização para bicicletas, pavimentação e presença ou não de pontos de ônibus ou van.

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Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios

A pesquisa sobre características do entorno foi realizada a partir da observação dos agentes censitários, sem contato ou interlocução com informantes. O levantamento considerou áreas urbanizadas mapeadas pelo IBGE e setores censitários — identificados por meio de imagens de satélite — que apresentam concentração de estruturas, edificações e domicílios, independentemente de serem classificados como urbanos ou rurais.

Dessa forma, o Instituto ressalta que a população total do universo da pesquisa não corresponde à população total do Brasil, uma vez que parte da população brasileira habita em domicílios que não foram contemplados na pesquisa.

A coleta das informações do entorno foi realizada entre os dias 20 de junho e 31 de julho de 2022, antes da coleta domiciliar. Em algumas situações, quando faces foram incluídas pelo recenseador durante a coleta domiciliar ou em áreas de Povos e Comunidades Tradicionais em contexto urbano, essas informações também foram registradas. Com isso, o período durou até 28 de maio de 2023.

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