Iluminação, acessibilidade e arborização: o que o Censo 2022 diz sobre as vias de Fortaleza
Resultados da Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios foram apresentados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira, 17 de abril

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta quinta-feira (17), resultados do Censo Demográfico 2022 sobre dez quesitos relacionados à infraestrutura urbana do País. Entre outras informações, os novos dados mostram que a proporção de domicílios em vias com existência de calçada, iluminação pública, boca de lobo e rampa para cadeirantes aumentou em Fortaleza, na comparação com o levantamento de 2010.
Os aspectos abordados na Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, segundo o IBGE, têm potencial para ajudar não só na compreensão das condições de vida das pessoas, mas também no planejamento das cidades. Esse tema é investigado desde o Censo Demográfico de 2000, com mudanças nos itens coletados e na metodologia entre os levantamentos. Por isso, apenas alguns deles podem ser comparados entre 2010 e 2022.
A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios investigou os seguintes aspectos:
- Capacidade de circulação da via
- Pavimentação da via
- Existência de bueiro ou boca de lobo
- Existência de iluminação pública
- Existência de ponto de ônibus ou van
- Vias sinalizadas para bicicletas
- Existência de calçada ou passeio
- Existência de obstáculo na calçada
- Existência de rampa para cadeirante
- Arborização
Infraestrutura em Fortaleza
Na capital cearense, foram coletadas informações de 1.032.334 domicílios em setores censitários selecionados para a pesquisa sobre o entorno, incluindo particulares (ocupados, não ocupados, vagos e de uso ocasional) e coletivos (com e sem morador).
Iluminação pública
Um importante elemento para aspectos como segurança pública, mobilidade, atividades econômicas e para a própria qualidade de vida da população, a iluminação pública estava presente no entorno de quase todas as residências pesquisadas em Fortaleza. Em 2022, eram cerca de 850,4 mil domicílios em vias com a existência de iluminação pública, representando 99% do total.
Em números absolutos, houve aumento de 27% em relação aos dados de 2010, quando foram registrados aproximadamente 670,3 mil domicílios em vias com iluminação pública. À época, isso já representava 97% do total na Capital.
Ainda assim, 7.715 domicílios (1%) estavam em vias sem a presença de postes ou outros equipamentos em 2022. O Instituto considerou a presença de poste ou similar para que o quesito fosse preenchido independentemente do funcionamento ou não.
Calçadas ou passeios
Outra característica investigada foi a existência de calçadas ou passeios, que desempenham funções fundamentais para a segurança de pedestres. Além disso, contribui para segurança, acessibilidade, saúde, sustentabilidade e qualidade de vida urbana, uma vez que “calçadas bem cuidadas valorizam os imóveis e o espaço urbano como um todo”.
Para esse critério, o IBGE considerou se havia espaço disponível para circulação de pelo menos uma pessoa (cerca de 80 cm) separada da área de circulação de veículos, com ou sem pavimentação. A proporção de domicílios localizados em áreas em que elas estavam presentes aumentou de pouco mais de 571,4 mil em 2010 (83% do total à época) para quase 764,4 mil em 2022 (89% do total).
Já a parcela de domicílios que em vias sem calçadas ou passeios teve uma redução de 17% entre os dois censos demográficos, passando de pouco mais de 113,3 mil (16% do total) para cerca de 93,7 mil (11% do total).
Bueiro ou boca de lobo
Outro elemento de infraestrutura importante para o cotidiano da população é a presença de bueiros ou bocas de lobo para a coleta de água de chuva de ruas e calçadas. Esses equipamentos evitam alagamentos e acúmulo de água, que podem causar danos a estradas, calçadas e fundações de edifícios, além de favorecer a proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças.
Os dados levantados pelo IBGE mostram que a quantidade de domicílios em vias que contam com a presença desse equipamento mais que dobrou em Fortaleza, entre 2010 e 2022, passando de 113.173 (16% do total) para 284.316 (33% do total). Em números absolutos, houve um aumento de 151%.
Porém, a maior parcela dos domicílios pesquisados na Capital não conta com a presença de bueiro ou boca de bolo no entorno. A quantidade deles praticamente não mudou entre os dois censos demográficos: foi de 571.595 em 2010 e 573.823 em 2022.
A mudança, entre os dois anos, foi na quantidade de locais em que não havia informação sobre presença ou não dos equipamentos — de 4.077 em 2010 para 794 em 2022.
Rampa
Praticamente três em cada quatro domicílios pesquisados em Fortaleza, em 2022, estavam localizados em vias sem a presença de rampas, item necessário para promover a acessibilidade urbana a pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida. Ao todo, 659.223 domicílios não contavam com esse item no entorno, o que corresponde a 77% dos quase 859 mil investigados pelo IBGE.
Por outro lado, o total de domicílios com rampa no entorno aumentou 852% entre 2010 e 2022, passando de pouco mais de 11 mil para 105,1 mil ao longo dos 12 anos.
A acessibilidade urbana está prevista na Lei nº 10.098, de dezembro de 2000, mas, além do dispositivo legal, “as rampas contribuem para a inclusão social ao permitir que cadeirantes participem mais ativamente na vida urbana, como fazer compras, ir ao trabalho ou visitar amigos”, segundo documento do IBGE.
Outros aspectos investigados
A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios também coletou informações sobre arborização do entorno, que contribui para o bem-estar, por exemplo, ao reduzir a temperatura e a incidência de ilhas de calor na cidade.
“As áreas verdes proporcionam espaços de lazer e recreação, promovendo a saúde mental e física dos moradores. Ao integrar os resultados da pesquisa urbanística com práticas de arborização, os municípios podem criar ambientes urbanos mais sustentáveis e agradáveis, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes”, argumenta o IBGE.
Em Fortaleza, dois em cada cinco domicílios em setores censitários selecionados para a pesquisa não contavam com árvores em seu entorno. Ao todo, eram 412.746 domicílios nessa condição — 40% do total.
Além disso, os dados do Instituto também mostram que 73% dos domicílios pesquisados em 2022 apresentavam obstáculo na calçada, como postes, rampas para veículos, placas de sinalização, buracos, desníveis e árvores, arbustos ou galhos no espaço de deslocamento dos pedestres.
Esse foi o único quesito da Pesquisa do Entorno que investigou a presença de problema em um tipo de equipamento urbano. Nos demais casos, não foram investigados o funcionamento ou as deficiências da manutenção ou conservação.
Também foram registradas informações sobre capacidade máxima de circulação na via, sinalização para bicicletas, pavimentação e presença ou não de pontos de ônibus ou van.
Veja também
Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios
A pesquisa sobre características do entorno foi realizada a partir da observação dos agentes censitários, sem contato ou interlocução com informantes. O levantamento considerou áreas urbanizadas mapeadas pelo IBGE e setores censitários — identificados por meio de imagens de satélite — que apresentam concentração de estruturas, edificações e domicílios, independentemente de serem classificados como urbanos ou rurais.
Dessa forma, o Instituto ressalta que a população total do universo da pesquisa não corresponde à população total do Brasil, uma vez que parte da população brasileira habita em domicílios que não foram contemplados na pesquisa.
A coleta das informações do entorno foi realizada entre os dias 20 de junho e 31 de julho de 2022, antes da coleta domiciliar. Em algumas situações, quando faces foram incluídas pelo recenseador durante a coleta domiciliar ou em áreas de Povos e Comunidades Tradicionais em contexto urbano, essas informações também foram registradas. Com isso, o período durou até 28 de maio de 2023.
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