Criança cearense realiza transplante de medula e é aplaudida em voo em retorno ao Ceará; vídeo

Durante internação, Ana Lis enfrentou três viroses, encefalite, uma bactéria na garganta e, por último, o diagnóstico de Covid-19

Escrito por João Lima Neto , joao.lima@svm.com.br
Criança recebeu médula de irmã em transplante
Legenda: Criança recebeu médula de irmã em transplante
Foto: Arquivo Pessoal

Após um ano de luta contra uma leucemia linfoide aguda, a pequena cearense Ana Lis Tavares, 8, retornou para Juazeiro do Norte (CE). A criança estava em São Paulo para tratamento e foi liberada para voltar para casa após realizar em março um transplante de médula óssea. No voo, a menina foi aplaudida

Em vídeos registrado pela família, o piloto — com voz embargada — anunciou o sucesso no transplante de médula óssea da garota. Os passageiros chegaram a aplaudir a garota que se emocionou no voo. Na chegada ao aeroporto de Juazeiro do Norte, a pequena ganhou comemoração com faixas e balões de amigos e familiares. 

Veja comemoração em aeroporto da família garota

A descoberta da doença foi demorada. Brena Tavares, 40, médica e mãe da criança, contou que em julho de 2021, a garota deu entrada em um hospital privado de Crato — direto para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A jovem apresentava um grave quadro de febre. 

Após 15 dias de tratamento no hospital, ela chegou a receber alta e retornou para casa, em Juazeiro do Norte. Poucas semanas depois, o quadro de febre retornou. A mãe desconfiava que a doença da filha era algo mais grave. Nesse período, Brena sugeriu que a equipe médica realizasse o mielograma, exame capaz de diagnosticar cânceres como linfoma, mieloma e leucemia.

Com a negativa da médica local em fazer o procedimento, a mãe resolveu levar a filha para um hospital particular em Fortaleza. No início de agosto do ano passado, após dois dias de medicação para estabilizar Ana Lis, a família se deslocou para capital cearense.

A leucemia linfoblástica aguda é o câncer mais comum na infância. Ocorre quando uma célula de medula óssea desenvolve erros no seu DNA. Os sintomas podem incluir aumento dos gânglios linfáticos, hematomas, febre, dor óssea, sangramento da gengiva e infecções frequentes.

Eles receberam acompanhamento de dois médicos, um oncologista e um infectologista, para realizar um mielograma, exame de diagnóstico de cânceres como linfoma, mieloma e leucemia. Com o resultado, Brena Tavares iniciou uma luta para conseguir tratamento em São Paulo pelo plano de saúde. 

Em setembro, Ana Lis iniciou o tratamento de quimioterapia. "Com três meses de tratamento, a doença é para ir embora. Só que a dela não aconteceu isso. Ela entrou em uma situação de alto rico. Quando a quimioterapia não resolve é que vai para transplante, o que aconteceu com ela".  

Transplante realizado em janeiro

Ana durante tratamento
Legenda: Ana durante tratamento
Foto: Arquivo Pessoal

Em janeiro deste ano, mãe e filha saíram de Juazeiro do Norte, onde moram no Ceará, para o tratamento de Ana Lis no Hospital Samaritano, na capital paulista. Na unidade, a criança iniciou mais uma etapa: a busca de uma medula óssea compatível.

Com a demora em encontrar um doador para a menina, a equipe médica do hospital decidiu procurar na família. "Foram testadas a compatibilidade de doação de médulo por parte do pai, da mãe e da meia-irmã de Ana", explicou Brena Tavares.

Tanto a mãe quanto a meia-irmã de Ana Lis, foram compatíveis para doação. Por ser mais nova, aos 18 anos, a equipe médica optou pelo transplante com Ana Clara Vasconcelos — com 50% de compatibilidade. 

"Ana Clara viajou em março para São Paulo, no dia 7, e ficou internada dois dias", lembrou a mãe de Ana Lis. No dia 25 do mesmo mês, a "médula pegou". 

A ‘pega’ da médula acontece quando a taxa de plaquetas alcança 20.000/mm³, sem necessidade de transfusão por dois dias seguidos e quanto os leucócitos ficam acima de 500/mm³, por dois dias também.

Durante a internação, Ana Lis ainda enfrentou três viroses, encefalite, uma bactéria na garganta e, por último, o diagnóstico de Covid-19.

Retorno ao Ceará comemorado

No dia 1º de julho, Ana Lis foi deixou o hospital e retornou ao Ceará em voo São Paulo/Juazeiro do Norte. Por doze meses, ela vai precisar fazer um mielograma para realizar o acompanhamento do estado de saúde. Ao todo, ele já realizou quatro exames. 

Em setembro, Ana Lis vai começar o esquema vacinal, pois com o transplante de médula, o corpo precisa receber todas as imunizações.

"Ela não vai voltar para escola agora, não vai pegar sol por um ano, comida crua não pode, comida mal passada, frutas de casca fina não pode. Apesar de tudo, a gente tá feliz com esse renascimento", relatou a mãe da garota.

 

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