Com goteiras, Biblioteca da Uece perde cerca de 1.000 livros devido a falhas na infraestrutura

As obras são bibliografia básica e complementar da instituição que está com o acesso ao acervo barrado

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Sala de estudos da biblioteca está interditada
Foto: Thiago Gadelha

Há um ano, no dia 28 de fevereiro, a estrutura da biblioteca da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Campus de Fátima, não comportou a água da chuva forte – momento em começou a perda de cerca de 1.000 livros. São exemplares de 300 títulos da bibliografia básica e complementar da Instituição.

As consultas, empréstimos e uso da sala de estudos estão interrompidos devido a falta de infraestrutura. Grande parte dos livros está coberta por lonas para evitar novas perdas do acervo, que conta inclusive com um setor de obras raras.

Não há climatização completa do espaço, que precisa ficar com as janelas abertas para a circulação de ar. No ambiente onde há mesas e cadeiras de plástico para leitura, as goteiras, o cheiro de mofo e o piso quebrado são o cenário. Quem chega para o primeiro dia de aula, nesta segunda-feira (27), encontra uma placa de interdição na porta.

Alguns títulos perdidos:

  • Sobrados e mucambos - Gilberto Freyre;
  • As consequências da modernidade - Anthony Gildens;
  • Antropologia estrutural - Claude Lévi-Strauss;
  • Manuscritos econômicos filosóficos - Karl Marx;
  • Emílio, ou da Educação - Jean-Jacques Rosseau;
  • O Brasil pós-milagre - Celso Furtado;
  • Vida e educação - John Dewey.

A biblioteca precisou passar 5 meses fechada, no primeiro semestre de 2022, por causa dos prejuízos durante a quadra chuvosa e o problema volta a se repetir no início deste ano.

Impedidos de usar as informações bibliográficas, os estudantes enfrentam dificuldades para dar seguimento aos cursos, como é o caso do aluno de Filosofia Arthur Cardoso, de 24 anos.

"É muito ruim não ter um acervo pronto para estudar, estou no final do curso e o TCC (trabalho de conclusão de curso), além de artigos, demandam muita pesquisa, principalmente, para os cursos de humanas que precisam de muita leitura”, frisa.

Sem o acervo a gente fica totalmente prejudicado, atrapalha o desenvolvimento acadêmico e dificulta a conclusão do curso
Arthur Cardoso
Estudante Uece

Como estudar sem o acervo? "Quando a gente não pode acessar a biblioteca física, temos de nos virar na internet, mas tem obras que são realmente raras e a gente não consegue", compartilha a aluna Larissa Folco, de 22 anos.

E isso impacta até estudantes de outros campi da Uece. "É um prejuízo enorme, porque precisamos da pesquisa, e o Centro de Humanidades tem alunos no Itaperi, que precisam vir aqui também", completa Larissa.

Cenário na Uece

Além da biblioteca, os estudantes da Uece enfrentam salas sem climatização, auditório com cheiro de mofo, falta de espaço para fazer as refeições, dentre outros problemas estruturais. Num dos corredores, por exemplo, parte do forro caiu num espaço de transição de pessoas.

Legenda: Estrutura da instituição apresenta falhas e causa receio nos estudantes
Foto: Thiago Gadelha

O movimento estudantil se reuniu neste primeiro dia de aula do semestre para reivindicar melhorias para a instituição. O grupo foi até a reitoria, no Campus do Itaperi, onde cobrou por reformas.

Hidelbrando dos Santos Soares, reitor da Uece, informou sobre a tentativa de conseguir autorizações para as reformas nos campi de Fátima e do Itaperi em março.

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"Desde o ano passado, nós temos tratativas com o Governo do Estado do Ceará sobre as manutenções na Universidade Estadual. Negociamos de manutenção predial, algo em torno de R$ 10 milhões. É muito dinheiro? Não, não dá conta de tudo que a gente precisa", pondera o reitor.

Estamos demandando ao Governo a autorização da ordem de serviço, porque no Estado não basta ter contrato assinado e publicado no Diário Oficial. Isso é 90%, mas está faltando a autorização. Quem dá data é o Governo
Hidelbrando dos Santos Soares
Reitor Uece

A situação do Centro de Humanidades está entre as prioridades da Uece, conforme Hidelbrando. “Nós assinamos um contrato com uma empresa para fazer as obras emergenciais do Campus de Fátima orçadas em quase R$ 1,2 milhão”, completa.

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