Com frente poluída, escola de Fortaleza apela em cartazes para população parar de jogar lixo na área

Quem passa pela frente da unidade, na Av. Sargento Hermínio, vê a sujeira e a manifestação dos estudantes. Ponto de lixo já existe há 8 anos, segundo a escola.

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
Escola Monsenhor Dourado
Legenda: Em ação recente, estudantes da Escola Monsenhor Dourado, no Padre Andrade apelam à vizinhança para barrar o descarte irregular.
Foto: Thiago Gadelha

Resto de construção, pedaço de móveis, podas de plantas, lixo doméstico e até corpos de animais mortos. O cenário que já é inadequado em terrenos baldios, é exatamente o vivenciado por alunos e profissionais ao se aproximarem da Escola Estadual de Ensino Médio e Tempo Integral Monsenhor Dourado, no bairro Padre Andrade, em Fortaleza. 

Conforme a diretora, Soraide Paz, há ao menos 8 anos, a unidade sofre com pontos de lixo no entorno do prédio. Em ação recente, estudantes, em campanha, apelam à vizinhança para barrar o descarte irregular.   

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O amontoado de lixo se renova e, com o passar dos anos, explica a diretora, a solução do poder público foi mandar diariamente uma caçamba da coleta especial recolher os resíduos. Mas, em 2022, na primeira semana de maio, o serviço feito na frente da escola, segundo ela, parou e isso aumentou o problema que já é crônico.

O Diário do Nordeste esteve no local em duas ocasiões no decorrer da semana. Na sexta-feira (13), o lixo foi retirado, mas transeuntes reiteram que a situação é antiga e persistente.  

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Alunos estão matriculados na Escola Monsenhor Dourado que é de tempo integral

Nesse período, em um projeto da disciplina de Biologia, estudantes fixaram cartazes no gradil na frente da escola apelando à comunidade para que a poluição seja barrada. 

“Se você não joga lixo no chão da sua casa, por que vai jogar em frente a escola?”, “Não jogue lixo na nossa escola”, “Estamos cansados de nadar no seu lixo” e “Se liga, não jogue lixo aqui” são algumas frases que chamam atenção de quem passa pela frente da unidade, na Av. Sargento Hermínio. 

Escola Monsenhor Dourado, em Fortaleza
Legenda: Cartaz na frente da Escola Monsenhor Dourado, em Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula

Efeitos nocivos 

Apesar do apelo, o descarte irregular persiste. A diretora da escola, Soraide Paz, explica “estamos numa luta danada. Esse problema é bem antigo. Antes a comunidade colocava na calçada da rua lateral, na Banvarth Bezerra. Aí não conseguia passar com a calçada estreita e cheia de lixo e tinha que passar pela rua. Tentamos junto à Regional para colocar plantas. E só recentemente foi feito. Acabou o problema na lateral e aumentou na frente”. 

Soraide conta que trabalha na escola há quase 9 anos e quando chegou lá, o ponto de lixo já existia. Em imagens do Google Maps é possível ver resíduos descartados na área frontal da escola desde junho de 2014.

O lixo tanto se acumula bem próximo ao portão de entrada, como perto da esquina da Avenida Sargento Hermínio com a Rua Banvarth Bezerra. 

  “No contato com a Prefeitura, eles falam que tem um cadastro, que é um ponto de lixo, e todos os dias uma caçamba passa para recolher. Mas não é só recolher, é fazer alguma coisa para não deixar colocar mais”. 
Soraide Paz
Diretora da escola

Os prejuízos devido ao ponto de lixo vão de mau cheiro ao acúmulo de ratos, conta a diretora. Outra ação para tentar reduzir o descarte irregular, é o plantio de mudas de árvores na frente da escola. “A gente não sabia nem se podia plantar lá, mas plantamos quase como uma ação de desespero”.

escola monsenhor dourado
Legenda: Em uma ação de um projeto da disciplina de Biologia, estudantes fixaram cartazes no gradil na frente da escola.
Foto: Fabiane de Paula

A Secretaria Estadual da Educação foi questionada sobre o problema e o diálogo com a gestão municipal. Em nota, a pasta respondeu apenas que “a Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor) 1, responsável pelas escolas da região, e a unidade de ensino adotaram as providências cabíveis junto aos órgãos competentes”.

Em nota, a Prefeitura de Fortaleza informou ter feito o recolhimento do lixo na manhã da sexta-feira (13). "Na região, a coleta domiciliar é realizada sempre às segundas, quartas e sextas-feiras, no período da noite. A orientação é que os resíduos sejam ensacados e deixados na calçada, em frente a cada residência e somente nos dias de coleta", diz o texto.

A Prefeitura destaca ainda que solicitações de limpeza na região podem ser feitas pela população por meio da Central 156, por telefone e aplicativo, ou ainda na sede da Regional 3, localizada na Avenida Jovita Feitosa, 1264, no bairro Parquelândia.

"A Prefeitura alerta para a importância da parceria entre poder público e população, já que há locais específicos para o acondicionamento adequado do lixo e que a gestão municipal realiza a coleta domiciliar de maneira sistemática, três vezes por semana em todos os bairros da capital", ressalta a nota.

De janeiro a abril deste ano, a gestão municipal afirma que coletou cerca de 120 mil toneladas de lixo descartado de modo irregular na Capital.

Ecopontos recebem resíduos

Desde dezembro de 2015, Fortaleza passou a contar com a estruturação de Ecopontos que recolhem materiais recicláveis e também resíduos como entulhos, podas de árvores e móveis.

Conforme balanço divulgado pela Prefeitura em fevereiro de 2022, foram recolhidos nos 90 Ecopontos, em 2021, 155 mil toneladas de resíduos.

Os Ecopontos funcionam de segunda-feira a sábado, de 8h às 12h e de 14h às 17h, e garantem aos usuários cadastrados descontos na conta de energia e créditos para serem usados em alguns estabelecimentos comerciais cadastrados em cada região.

Confira a lista de Ecopontos em Fortaleza com os endereços.

 

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