Com 45%, volume dos açudes do Ceará já é maior que o de igual período do ano passado
Apesar disso, tecnicamente o cenário ainda é de alerta, porque apenas com 50% de volume é possível definir a situação como "confortável"
Os açudes do Ceará chegaram a 45,6% do volume acumulado após as chuvas de março, mês que alcançou a média histórica neste ano, como registra o balanço da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), nesta segunda-feira (1º). O cenário positivo acontece mesmo com previsão de uma quadra chuvosa abaixo da média para 2024.
Há exatamente um ano, o volume percentual dos açudes estava em 40,7%. Naquele período, 48 reservatórios sangravam e outros 11 tinham mais de 90% da capacidade preenchida d'água.
Já neste ano, o Ceará tem 35 açudes sangrando e 16 outros com o volume acima de 90%. Mesmo com menos reservatórios "transbordando", em relação ao ano passado, o Estado também está com uma quantidade menor de reservatórios com baixo volume.
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Enquanto em igual período do ano passado havia 46 açudes com volume inferior a 30%, no momento, são 36 reservatórios dentro desta mesma situação.
A Cogerh monitora 157 açudes distribuídos pelo Ceará e o volume atual está em 8,5 bilhões de metros cúbicos de água acumulados.
Tércio Tavares, diretor de operações da Cogerh, avalia que tecnicamente o cenário ainda é de alerta, porque apenas com 50% de volume é possível definir a situação como "confortável". "A quadra chuvosa ainda não terminou e, mesmo tendo bons aportes em fevereiro e março acima da média, precisamos concluir para verificar a média da quadra", pondera.
Em fevereiro, mês que dá início à quadra chuvosa no Estado, os açudes estavam com 37,2% da capacidade. Na ocasião, 49 reservatórios tinham volume inferior a 30%.
Apesar do cenário positivo, algumas regiões ainda estão com baixo volume de água acumulada. O Sertão de Crateús está com apenas 19,82% e o Médio Jaguaribe com apenas 28,34%.
"Não significa que os municípios não têm água e ainda é possível, pelo menos até o fim do ano, que sejam mantidos com os próprios reservatórios", contextualiza Tércio. Porém, Quiterianópolis, no Sertão dos Inhamuns, vai precisar do apoio de outros reservatórios para manter o abastecimento da cidade.
As chuvas tem volumes diferentes e uma ampla espacialidade. No Ceará, muitas vezes, temos uma grande quantidade de chuva caindo a 10 km de um lado e do outro não há nada de água
Como está o Castanhão
O Açude Castanhão, principal reservatório do Estado, localizado em Alto Santo, está com 27,96% – o equivalente a 1,8 bilhão de metros cúbicos de água. O quantitativo está acima do mesmo período do ano passado, quando o volume estava em 24,9% da capacidade.
"Esse percentual está numa situação crítica, porque está abaixo de 30%, e opera hoje com 5 metros cúbicos por segundo de liberação para abastecer os perímetros irrigados e 6,5 m³/s vindo para o Eixão da Região Metropolitana", explica Tércio.
Em fevereiro deste ano, o Comitês de Bacias Hidrográfica definiu as vazões do uso da água até junho para os três maiores açudes do Ceará: Banabuiú, Orós e Castanhão.
O Castanhão voltou a transferir água para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), depois de 5 anos sem a demanda, por meio do Eixão das Águas.
A Cogerh aprovou vazão de 14 m³/s, sendo 7,5m³/s para o Vale do Jaguaribe (perímetros irrigados e rio) e 6,5 m³/s para a RMF, que é o mesmo volume liberado da Transposição do Rio São Francisco.
Impactos da chuva
Em janeiro deste ano, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), divulgou o Prognóstico Climático Quadra Chuvosa de 2024 que indicou chance de o trimestre de fevereiro a abril ter cenário de pluviometria 45% abaixo da média histórica.
Isso por causa do fenômeno La Niña que aquece as águas oceânicas e prejudica a formação de nuvens de chuva no Nordeste brasileiro.
Apesar disso, março atingiu a média histórica para o mês, conforme o balanço parcial da Funceme. Historicamente, o Ceará acumula 206,5 milímetros em março, mas no dia 30 já havia caído 225,3 mm.