Ceará ainda não atingiu potencial exportador de rochas ornamentais, defende sindicato

Segundo Carlos Rubens Alencar, presidente do Simagran, rochas cearenses são enviadas para o Espírito Santo por conta do pequeno parque industrial local

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Atualmente, mais de 60 empresas trabalham com rochas ornamentais no estado
Foto: Shutterstock

Um dos principais segmentos com potencial exportador do Ceará, o setor de mármores e granitos do estado, atualmente, exporta cerca de US$ 40 milhões para o exterior. Carlos Rubens Alencar, presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (Simagran), explica que uma das lacunas para um maior crescimento do setor é a falta de investimento do poder público. 

De acordo com Carlos Rubens, o Ceará é o terceiro estado exportador de rochas ornamentais no Brasil, com cerca de 3,4% de participação. Apesar da posição, a quantidade é muito inferior em relação ao primeiro lugar, o Espírito Santo, que conta com 80% do mercado, seguido por Minas Gerais, com 11%. 

“O que nós temos de muito importante é o seguinte: grande parte da exportação do Espírito Santo é derivado de rochas que saem daqui pra lá. Porque aqui nós temos um parque industrial muito pequeno, nós só temos três, quatro empresas que industrializam. Somos fornecedores de matéria-prima”, explica. 

Dessa forma, as rochas que se originam no Ceará são exportadas a partir do porto do estado sudestino, o que gera lucros que poderiam estar no Ceará, caso houvesse a infraestrutura necessária, defende o presidente. “Isso tornaria o setor da rocha ornamental o quarto ou quinto mais importante da economia cearense. Mas nós ainda somos meros supridores de matéria prima. Quer para o Espírito Santo, quer para a Itália, para a China.” 

Nos anos 1990, havia uma empresa estatal responsável pela mineração no Ceará, mas acabou sendo extinta. Carlos Rubens argumenta que, caso não tivesse ocorrido o fechamento, novos investimentos poderiam já ter sido feitos no estado, pois falta um órgão com objetivo de pensar a mineração. “Então, hoje, depende única e exclusivamente dos investimentos privados. Que têm sido importantes. Por quê? Porque aqui realmente tem evidenciado ter rochas muito importantes que ganharam o mundo. E, de certa forma, gerou atração de investidores.” 

Entre os dias 9 e 11 de novembro, será realizada a 6ª edição da Fortaleza Brazil Stone Fair. O evento é considerado um dos principais do setor de mineração. Segundo Carlos Rubens, na primeira edição do evento, em 2015, cerca de 14 empresas pesquisavam granito, mármore e quartzito no estado. Atualmente, já são mais de 68 empresas, o que demonstra o espaço para crescimento do setor. 

Setor de agregados defende planejamento em nível municipal

Legenda: Materiais como areia e brita são fundamentais para a construção civil
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No âmbito dos agregados da atividade mineradora - os materiais granulares como areia, brita e cascalho - um dos principais desafios está ligado de forma direta à definição do negócio. Como a mineração não pode mudar livremente de um local para outro, as empresas acabam tendo que permanecer na zona de depósito mineral. 

Conforme explica Abdias Veras, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração e Beneficiamento de Rochas para Britagem no Estado do Ceará (Sindibrita), as principais zonas de extração de brita no estado estão sempre próximas a grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Sobral e Cariri. Isso se dá pois, por serem substâncias de baixo custo, o valor do frete dos agregados não pode ser alto. 

Por conta disso, o presidente defende a criação de um Plano de Zoneamento Mineral, para que haja ordenamento territorial para a mineração. A falta de um planejamento, explica, está levando a esterilização das jazidas mineiras, o que acarreta no aumento do custo de vida para a população. 

“Partindo desse princípio, no planejamento do uso e ocupação do solo em regiões urbanas deve ser dada prioridade à mineração em áreas com recursos importantes de areia, cascalho ou rocha para brita, devendo estas áreas serem reservadas para mineração no ordenamento territorial municipal”, comenta.

Em relação a atuação do sindicato, Abdias Veras explica que as demandas para que seja garantido um planejamento territorial mineral como forma de política pública existem há décadas, mas ainda sem sucesso. 

“Na condução da modernização da indústria de britagem cearense, o Sindibrita sempre teve papel preponderante. O segmento de pedreiras do Ceará opera nas mesmas condições que os maiores centros consumidores do Brasil. A conquista desse padrão operacional somente foi possível graças à atuação do sindicato e suas lideranças. De forma consciente e planejada, a instituição soube diversificar suas competências e unir suas potencialidades.”

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