Candomblecista relata ter sofrido intolerância religiosa em trajeto de ônibus ao Pecém; veja

O caso foi divulgado pela cearense Mallu Viturino em seu perfil no TikTok e chegou a três milhões de visualizações poucas horas após o desabafo

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(Atualizado às 17:38)
Jovem usou redes sociais para expor ofensas que ouviu em ônibus
Legenda: Jovem usou redes sociais para expor ofensas que ouviu em ônibus
Foto: Reprodução/Instagram

A cantora e candomblecista Mallu Viturino foi às redes sociais, na noite da última quinta-feira (29), expor o que enfrentou no transporte público ao ir para a casa dos pais. Segundo ela, durante um trajeto entre Fortaleza e o Pecém, em São Gonçalo do Amarante, um religioso entrou no ônibus e, em uma pregação, proferiu palavras contra as religiões de matrizes africanas.

Por fazer parte de uma das comunidades de candomblé, Mallu tentou explicar ao religioso o problema de "pregar" ofendendo outras religiões. "Ele falou que as religiões de matrizes africanas viciavam as pessoas em drogas, bebidas e levava as pessoas ao caminho errado", relatou a cantora.

Assista

A candomblecista disse que ainda chegou a explicar que a prática de intolerância religiosa é crime: "ele ficou pedindo comprovação de que isso era um crime", lembrou. No TikTok, o vídeo de Mallu chegou a mais de três milhões de visualizações na sexta-feira (30), poucas horas após o desabafo.

Mallu usou rede social para revelar crime

Como não chegou a um entendimento com o homem que a ofendeu, Mallu resolveu gravar a situação com seu celular. Foi quando o religioso amenizou as ofensas, de acordo com ela.

Quando comecei a rebater as falas do homem, as pessoas no ônibus começaram a falar que eu estava com o demônio no corpo. Quiseram me exorcizar no ônibus, começaram a cantar louvores no ônibus".
Mallu Viturino
Cantora e candomblecista

Apesar do conflito, ela disse que se manteve no coletivo até finalizar a viagem e chegar à casa dos pais. 

Investigação

Um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado pela vítima nessa quarta-feira (5). Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o crime foi registrado como "injúria" e as investigações estão a cargo da Delegacia Metropolitana de Caucaia.

Veja também

Injúria racial

Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou lei que equipara o crime de injúria racial ao crime de racismo e também protege a liberdade religiosa. Pelas novas regras, quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas deverá cumprir pena de dois a cinco anos.

A pena pode ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.

 

 

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