Após deixar cargo de arcebispo, Dom José Antonio ficará em Fortaleza; ‘continuo na família’
Pela primeira vez na história da Arquidiocese da capital, ex-arcebispo dividirá residência com sucessor
No próximo dia 15 de dezembro, a Arquidiocese de Fortaleza terá um novo arcebispo: Dom Gregório Paixão. Na manhã desta quarta-feira (11), o antecessor dele, Dom José Antonio Aparecido Tosi, se despediu do cargo com mensagem de agradecimento aos fiéis, durante coletiva de imprensa na Residência Episcopal, na Praia de Iracema.
Entre hoje e a posse do novo líder, Dom José permanecerá como administrador apostólico, respondendo pelo comando da igreja. A partir de dezembro, porém, o ex-arcebispo estará “como um irmão, junto aos demais padres e bispos, sob a batuta daquele que assume”.
Apesar da “mudança de emprego”, Dom José Antonio continuará em Fortaleza, ocupando o mesmo quarto e dividindo residência com Dom Gregório. É um cenário inédito no comando da igreja da capital.
“Dom Gregório Paixão é alguém que realmente compreendeu aquilo que Jesus nos ensinou: que somos irmãos. No primeiro encontro que tivemos, ele me falou: ‘o senhor não sai do seu quarto, fica onde está. Não preciso de muita coisa’. Eu já estava empacotando minhas coisas”, brinca Dom José.
O atual administrador apostólico da Arquidiocese de Fortaleza reforçou, ainda, que “ninguém procura carreira” quando ocupa uma posição de liderança na Igreja Católica. “Queremos servir”, resume.
‘Não muda tudo’
Ao ser questionado sobre os conselhos que deu ao sucessor, Dom José destaca que um resumo das ações dos últimos 24 anos foi enviado a Dom Gregório. Apesar disso, ele frisa que, “diferente da política”, uma mudança de governo “não muda tudo”.
“Na mentalidade popular, pela realidade sociopolítica que vivemos, tem às vezes uma ideia de que muda governo, muda tudo. Não muda tudo. Muda quem assume o serviço da direção, e depois conselhos, assessores. Mas é gradativo. A vida da igreja tem 2 mil anos de continuidade”, reforça.
Veja também
O religioso destinou agradecimentos à comunidade católica e definiu os quase 25 anos de arcebispo como “uma oportunidade muito rica e feliz”. “Vim feliz, estou feliz e estarei feliz de poder ter realmente realizado a vontade de Deus. Me sinto livre”, disse.
“Não sinto que estou perdendo amigos e fiéis. Se estamos unidos como irmãos, podemos mudar de trabalho, é como uma família: se eu mudo de emprego, continuo na família.”
QUEM É O NOVO ARCEBISPO DE FORTALEZA
Dom Gregório Ben Lâmed Paixão nasceu em Aracaju (SE) em 3 de novembro de 1964. Em 1983, ingressou no Mosteiro de São Bento da Bahia onde exerceu quase todos os ofícios monásticos. Nesse período de formação, cursou Piano e Órgão de Tubos no Instituto de Música da Universidade Católica do Salvador e artes plásticas no ateliê do pintor Waldo Robatto.
Em 1987 foi enviado para o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, onde cursou Filosofia e Teologia na Escola Teológica da Congregação Beneditina do Brasil, vinculada ao Pontifícium Athenaeum Anselmianum, de Roma, obtendo grau de bacharel em Teologia.
Em 18 de julho de 1992, foi ordenado diácono por Dom Ricardo Weberberger, OSB, e em 21 de março de 1993 foi ordenado presbítero pelo cardeal Dom Lucas Moreira Neves.
Dom Gregório foi diretor do Colégio São Bento da Bahia e da Faculdade São Bento da Bahia, assim como da Revista Análise e Síntese. Ensinou Língua Grega, Antropologia Cultural e Homilética. É doutor em Antropologia Cultural pela Universidade Aberta de Amsterdã, nos Países Baixos, acolhido como aluno externo.
Em 29 de julho de 2006, foi eleito bispo de Fico, na Mauritânia, atuando como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia (2006-2012).
No dia 10 de outubro de 2012, o Papa Bento XVI o elegeu bispo da Diocese de Petrópolis. A posse foi no dia 16 de dezembro de 2012.
Dom Gregório é Grão-Chanceler da Universidade Católica de Petrópolis desde 2012. Em 22 de novembro de 2012 recebeu o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e, em 15 de março de 2013, de Cidadão Honorário de Petrópolis.
Desde 2014 é Associado Titular do Instituto Histórico de Petrópolis e, desde 2019, da Academia Petropolitana de Letras.