Aluno do IFCE ganha medalha de prata em Torneio Internacional de Jovens Físicos no Paquistão
Jovem de 19 anos participou de uma equipe com outros quatro alunos
José Eleutério, 19, foi o único cearense e nordestino de escola pública a ganhar medalha de prata no Torneio Internacional de Jovens Físicos (International Young Physicists' Tournament) em Murree, no Paquistão. O evento ocorreu na última segunda-feira (24) e, nesta quinta (27), enquanto aguardava o voo para casa, em Juazeiro do Norte, o jovem conversou com o Diário do Nordeste.
"Foi ótimo, muito gratificantes fazer parte desse time e representar as escolas públicas do Brasil", começou.
Em uma equipe com outros quatro alunos, José, que está no terceiro ano do ensino médio do Instituto Federal do Ceará, em Juazeiro do Norte, era o único de escola pública, enquanto os outros eram alunos de colégios particulares em São Paulo.
Os países Eslováquia, Polônia e Tailândia levaram a medalha de ouro. Já a prata foi dividida entre o Brasil, China, Ucrânia, Hungria e República Tcheca. Essa é a sexta vez que o Brasil é medalha de prata no torneio.
Para conseguir ir até Murree, no Paquistão, o jovem arrecadou R$ 12.250 em uma vaquinha online. A outra parte do dinheiro foi doada pelo Instituto Federal. Ele viajou com o professor do Instituto, Mauricio Almeida. "O professor Rodrigo Queiros também foi um grande líder, mas não pôde viajar, pois não conseguimos custear sua viagem", contou.
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Como funciona o torneio internacional
A organização propõe 17 problemas que envolvem fenômenos físicos. As equipes têm o objetivo de investigar esses fenômenos e desenvolver teses para explicá-los e experimentá-los por meio de pesquisas experimentais em laboratórios.
O time relata sua tese para um júri e defende de uma oposição que irá questionar e debater sobre seu documento. O juri é formado por estudantes, professores de física e engenharia do mundo inteiro. A equipe opositora é outro país participante.
Torneio nacional
Antes de participar da "Copa do Mundo" de física, os estudantes participaram de um torneio nacional (International Young Physicists' Tournament Brasil). José foi o capitão de sua equipe e eles tiraram terceiro lugar.
"Primeiro o torneiro nacional funciona entre escolas, com um relatório escrito. Eu fui o capitão de uma equipe que veio de Juazeiro do Norte e foi para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) participar do torneio nacional. Minha equipe ficou em terceiro lugar", contou.
Por ter afinidade com inglês que aprendeu sozinho, assistindo filmes, foi selecionado para participar da equipe que representaria o Brasil, com outros quatro melhores da competição nacional, no Torneio de Jovens Físicos.
Afinidade com física
O jovem sempre gostou de Física, desde quando era criança. "Eu via muito programa de televisão, como o Cosmos: A Spacetime Odyssey. Eu assistia ao programa dos anos 80, que foi apresentado pelo Carl Sagan", descreveu.
A paixão que iniciou quando criança deve se tornar uma carreira para o jovem em breve. Isso porque ele planeja aplicar para universidades nos Estados Unidos para estudar física ou engenharia da computação.
"Eu participo do programa Oportunidades Acadêmicas - EducationUSA, promovido pelo departamento de estado dos Estados Unidos e oferece preparo para aplicação de Universidades", explicou.
José irá realizar a prova do ACT (American College Testing) em setembro. O exame educacional é padronizado nos Estados Unidos e é aplicado a estudantes que desejem entrar em universidades americanas. Ele funciona como uma espécie de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que serve de critério para admissão nas universidades norte-americanas.
"Agora estou estudando e pesquisando quais universidades vou aplicar também. O programa cobrirá com os custos da minha prova. A que eu mais almejo é a Caltech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia. O problema é que ela é a universidade mais seletiva do mundo", contou.