Petrobras deve adiar obras para evitar alta na conta de luz
Manutenção que a petroleira havia programado acionaria térmicas a óleo que têm geração mais cara
São Paulo. O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou que vai se reunir nesta sexta-feira (27) com o presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, para negociar o adiamento da manutenção de plataformas da petroleira que poderão implicar o acionamento de usinas térmicas a óleo, que são mais poluentes e caras ao País.
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Essas manutenções foram programadas para ocorrer entre esta semana e meados de setembro, período em que há falta de chuvas e queda no reservatório das hidrelétricas por todo o País - por essa razão, usinas térmicas são acionadas. Sem disponibilidade de gás, seria preciso acionar as usinas a óleo.
Os efeitos da parada nas usinas da estatal chegaram a acender um alerta na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O órgão questionou nesta semana o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) sobre a possibilidade de reprogramação ou reescalonamento, mesmo que em caráter parcial, nas atividades de manutenção. Isso porque o acionamento dessas usinas termelétricas resultará em custos adicionais para as distribuidoras de energia, que em algum momento chegarão às contas dos consumidores.
Segundo o documento da Aneel ao ONS, uma operação de manutenção na plataforma de Mexilhão até o início de setembro reduzirá a oferta de gás para o Sudeste e o Nordeste, e a Petrobras aproveitará para realizar reparos em térmicas.
"Ocorre que a referida manutenção foi programada para o período seco. Essa condição sugere que, sob a ótica do setor elétrico, o momento escolhido para a parada não tenha sido o mais adequado, visto que o sistema demanda a geração térmica para preservar água nos reservatórios", argumentou a agência.
As hidrelétricas são a principal fonte de energia do Brasil, mas, após o fim do período de chuvas, que vai até o mês de abril, é normal o acionamento de térmicas para complementar o atendimento à demanda, o que acontece em ordem crescente, das com menor custo até as mais caras, que são as unidades a óleo e diesel.
Esta não seria a primeira vez que o governo faria uma interferência nas decisões empresarias da Petrobras. Na greve dos caminhoneiros a empresa foi obrigada a reduzir e congelar o preço do diesel nas refinarias, o que provocou a saída do então presidente Pedro Parente.
Acionamento
Atualmente, estão acionadas usinas a gás e carvão, e apenas uma térmica a óleo, a UTE Bahia I, mas especialistas têm a avaliação de que mais unidades a óleo deverão ser acionadas no próximo mês, com o início da parada nos empreendimentos da Petrobras. Procurado, o ONS informou que as paradas para manutenção não trazem "nenhum risco para a operação do sistema elétrico" e que as usinas "serão substituídas por outras fontes de geração disponíveis".